Museu do Índio pretende resgatar a pré-história de Novo Hamburgo

por admin última modificação 16/10/2020 19h57
Dia do Índio foi registrado pela Câmara Municipal
0 19 de abril, Dia do Índio, transformou-se numa aula pública sobre a história e a cultura indígena no Rio Grande do Sul e, especialmente, em Novo Hamburgo.

A iniciativa partiu do vereador Ralfe Cardoso (PSOL), que reservou parte do expediente da sessão desta terça-feira, 22, para o debate sobre a questão indígena. Para Ralfe, a melhor homenagem é a ampliação do debate.

Alunos da sétima e oitava série do Colégio Santa Catarina acompanharam a homenagem. Também participaram os índios da tribo Kaigangue Alécio de Oliveira, o cacique Darci Rodrigues Fortes; o professor Jairo Rogge, representando o Instituto Anchietano da Unisinos e o jornalista Agnaldo Charoy, autor do livro "A Pré-História de Novo Hamburgo - A História dos Vencidos".

HISTÓRIA
O jornalista e escritor Agnaldo Charoy defendeu a criação do Museu Arqueológico de Novo Hamburgo. Charoy destacou que grande parte da história dos povos indígenas que viviam em Novo Hamburgo e em municípios próximos antes da chegada dos colonizadores foi perdida ou esquecida. Segundo ele, no entanto, o trabalho de pesquisadores permitiu que muito fosse resgatado. O jornalista acredita que implantação do museu não será um projeto oneroso para o município.

A idéia é que o museu se localize no sítio Abrigo Vila Diehl I e II, junto à Escola Municipal Eugênio Nelson Ritzel, no bairro Kephas. O Museu Arqueológico deverá se chamar Pedro Augusto Mentz Ribeiro. A área consta no Plano Diretor do município como Área de Preservação Ambiental e também é considerada patrimônio histórico nacional. Conforme Charoy, o prédio da escola poderá ser aproveitado para a exposição dos artefatos indígenas. "Não é um projeto caro", reafirmou.

O jornalista explicou que a presença da escola permitirá abrigar não só vestígios arqueológicos encontrados naquele sítio, mas também em outros lugares, como o Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul, em Taquara; o Instituto Anchietano da Unisinos; e o Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS, em Porto Alegre. Para que o projeto se concretize, deverá ser solicitada uma autorização ao Instituto do Patrimônio Histórico (IPHAN). Além disso, a proposta teria de passar pelo plenário da Câmara de Vereadores.

ARTESANATO
O vereador Paulo Kopschina (PMDB), durante o Expediente Oral, antecipou que irá encaminhar uma Indicação ao Executivo para que seja providenciado um local adequado para que os índios possam expor e vender os trabalhos artesanais que atualmente são comercializados na esquina da Avenida Frederico Linck com a Avenida Nações Unidas. O parlamentar afirmou que pedirá o apoio dos demais vereadores: "Farei a indicação e vou pegar as assinaturas de vocês". Kopschina teme pela segurança dos índios, que transitam entre os carros para vender os cestos artesanais. Ele sugeriu que o trabalho das comunidades indígenas seja exposto nas feiras existentes na cidade.

GRUTA
Agnaldo Charoy e Jairo Rogge exibiram imagens com a localização das principais culturas no Estado e com o material coletado em Novo Hamburgo e na região, como cerâmicas, pontas de flechas, panelas e outros, confeccionados há cerca de oito mil anos.

A principal descoberta é uma gruta com uma janela natural na Vila Diehl, próxima à Escola Eugênio Nelson Ritzel.
Há vestígios indígenas em Lomba Grande, na Vila Diehl e em Hamburgo Velho, áreas onde se encontraram sítios arqueológicos encontrados no final dos anos 60. Segundo o professor Jairo Rogge, Novo Hamburgo está pedindo novas pesquisas.

O cacique Darci Rodrigues Fortes afirmou que os índios preservam a natureza e que se estão nas cidades é porque não tem mais aonde viver. Não existe mais mato e somos obrigados a vender nosso artesanato na cidade porque não temos aonde plantar ou pescar.

Apesar da história sofrida dos índios, como reforçou o cacique, a intenção é preservar a linguagem, os hábitos e a cultura própria.