23/03/2011 - Será criada comissão para debater impactos do trem
Uma comissão, formada por representantes do Legislativo, Executivo, integrantes da Trensurb, entidades e pela comunidade, debaterá os futuros ajustes e aprimoramentos ao projeto da obra do trem em Novo Hamburgo, assim como seus impactos. A sugestão da criação do grupo, feita pelo presidente da Câmara de Vereadores, Leonardo Hoff, foi aprovada durante audiência pública realizada nesta quarta-feira, dia 23, na sede do parlamento municipal. O vereador também foi o autor da iniciativa do debate público desta noite. Durante o encontro, discutiu-se alterações na infraestrutura da cidade em decorrência da implantação do trensurb, especialmente, na área de mobilidade urbana. A atividade reuniu no Plenário um número expressivo de entidades e integrantes da comunidade.
A implantação do grupo tem por objetivo dar continuidade ao debate e possibilitar a participação de vários representantes da comunidade, assegurando uma ampla discussão sobre o tema. A seleção dos componentes ocorrerá através de inscrição, realizada durante a audiência. Para amparar tecnicamente a comissão, deverá ser repassado ao Legislativo, conforme comprometimento de Lino Sérgio Fantuzzi, Coordenador-Geral de Obras da Trensurb, o Estudo de Impacto de Vizinhança, elaborado em 2009. Esse material já foi entregue à prefeitura municipal após a sua conclusão.
Durante a audiência, compuseram a mesa: o presidente do Legislativo, Leonardo Hoff (PP); o Superintendente de Expansão, Humberto Kasper, representando Marco Arildo Prates da Cunha, Diretor-Presidente da Trensurb; Danilo Oliveira da Silva, Secretário de Segurança e Mobilidade Urbana; e Lino Sérgio Fantuzzi, Coordenador-Geral de Obras. Também esteve presente Mpisés Medeiros, Secretário de Desenvolvimento Urbano. Compareceram os vereadores Alex Rönnau (PT), Gilberto Koch (PT), Carmen Ries (PT), Ito Luciano (PMDB), Antonio Lucas (PDT), Ricardo Ritter – Ica (PDT), Jesus Maciel (PTB), Raul Cassel (PMDB), Sergio Hanich (PMDB), Volnei Campagnoni (PcdoB). Os parlamentares Luiz Carlos Schenlrte (PMDB) e Matias Martins (PT) não puderam estar presentes porque estão participando do IV Encontro Nacional de Vereadores, em Curitiba, Paraná, que se encerra no dia 24 de março.
Todos os participantes foram unânimes em relação à importância do trem para Novo Hamburgo. Entretanto, diversas pessoas mostraram-se preocupadas quanto às desapropriações e a maneira que será feita a integração entre os terminais de ônibus e as estações do trensurb, sendo sugerida a descentralização do procedimento. Cerca de 20 pessoas se manifestaram em nome de entidades, associações e empresas (em breve confira matéria). Por sua vez, os vereadores ressaltaram a importância de se aprofundar o debate sobre a mobilidade urbana.
Ajustes no projeto
Em sua exposição, Fantuzzi enumerou as diversas etapas da obra e explicou as quatro demandas que surgiram após o acórdão do Tribunal de Contas da União, ocorrido no final de 2007, que deu prosseguimento à licitação após seis anos de paralisação. Conforme o representante da Trensurb, por causa do tempo entre a proposta inicial e a execução dos trabalhos, cerca de 10 anos, surgiu a necessidade de aprimoramento do projeto. Entre as modificações estão: conclusão da estação Industrial, enquanto a obra está em andamento; execução de serviços para aperfeiçoamento hidrodinâmico do Arroio Luiz Rau; melhorias na estação Fenac, com a integração com o terminal de ônibus e o parque de eventos; e na estação Novo Hamburgo, com a criação de áreas comerciais, implantação de um boulevard e vitalização da praça Punta del Leste.
Essas solicitações foram remetidas pelo Executivo à Trensurb em ofício, de 2010. Conforme Fantuzzi, o documento continha as assinaturas de representantes da ACI, Sindilojas, Abrameq, CDL, Legislativo, Abicalçados e Fenac. Ele explicou que as modificações na obra são proibidas pelo acórdão do TCU, sendo preciso análise e correspondente consentimento do órgão.
O Superintendente de Expansão da Trensurb, Humberto Kasper, reiterou que as alterações para melhorar o projeto terão ainda que ser contratadas. "Nós não decidimos quanto empresa pública isoladamente, precisamos da autorização do TCU e da liberação de recursos", afirmou. Ele esclareceu que os projetos de melhorias não estão finalizados.
Mudanças no trânsito
Danilo Oliveira da Silva, Secretário de Segurança e Mobilidade Urbana, afirmou que, em virtude de o trem ter sido construído em elevada, não haverá interrupção das vias da cidade. Segundo ele, por conta da integração com o trensurb, ainda não há decisão definitiva quanto ao Paradão. Acrescentou que várias medidas junto a Nações Unidas e Primeiro de Março darão fluidez ao trânsito, como construção e alargamento de pontes – na rua 3 de outubro, junto à rodoviária, na rua Tapes, e na Frederico Link. "Vemos como solução, e não como um problema, essas mudanças", concluiu.
Fantuzzi ressaltou que o sistema de metrô e trem atende a uma demanda principal (chamado de sistema troncal), exigindo conexão com outros transportes. Ele declarou também que o terminal de passageiros da Fenac será fundamental para a cidade, pois ali vão se concentrar todas as integrações intermunicipais e parte das integrações urbanas.
Moisés Medeiros de Souza, Secretário de Desenvolvimento Urbano, afirmou que uma obra dessas suscita muitas inquietações. "A ideia é que obra cause o menor impacto possível", acrescentou.
Audiência de 2000
Esta não é a primeira vez que um debate público teve papel importante no andamento da obra. Em audiência, ocorrida há mais de 10 anos, decidiu-se pela mudança do traçado da linha. As estações de trem a princípio seriam construídas na Avenida Primeiro de Março, sendo a obra transferida para as Nações Unidas por decisão da comunidade. Desta forma, garantiu-se uma condição adequada para futuros prolongamentos do trajeto do trem.