Câmara entrega Prêmio Vladimir Herzog

por admin última modificação 16/10/2020 19h56
Oito personalidades do município foram homenageadas
Por se destacaram na promoção e na defesa dos direitos humanos, oito personalidades, divididas em oito categorias, foram honradas com o Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos. A premiação foi instituída pela Câmara em 2005, através do Decreto-Legislativo nº 10/14L/2005 e esta é a sua primeira edição.

Os premiados foram eleitos pela Comissão de Direitos Humanos, na qual integram os vereadores Ralfe Cardoso (PSOL, Cleonir Bassani (PSDB) e Soli Silva (PDT), mediante proposição dos demais parlamentares, das Comissões Permanentes da Câmara Municipal, de pessoas físicas e jurídicas, de organizações não-governamentais, de entidades públicas e privadas.

OS AGRACIADOS

Categoria Destaque Pessoa Física
MAURO JOSÉ DA SILVA
Coordenador do Comitê Pró-Ações Afirmativas - COPAA

Categoria Destaque Pessoa Física
ANAMARIA CACHAPUZ CYPRIANO, como Colunista do Jornal NH

Categoria Destaque Pessoa Jurídica
CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE/ASPEUR, pela iniciativa do Jornal Comunitário Folha Martin Pilger, Coordenado pela Professora Doutora SARAÍ SCHMIDT) - Representado pelo Magnífico Reitor RAMON FERNANDO DA CUNHA.

Categoria Destaque Pessoa Jurídica
Associação do Bem-Estar da Criança e do Adolescente - ASBEM - Representada pelo Presidente da entidade, ANTOALCI FRANCISCO PEDRO e pela Diretora da mesma entidade, NOELI ROTT DA SILVEIRA.

Categoria Destaque Órgão Público
Ministério Público Estadual, representado pela Promotora SILVIA REGINA BECKER PINTO.

Categoria Destaque Órgão Público
Corpo de Bombeiros, representado pelo Comandante do 2º SGCI - Subgrupamento de Combate à Incêndio, MAJOR CLEBER VALINODO PEREIRA.

Categoria Destaque Organização Não-Governamental ou Associação da Sociedade Civil sem Fins Lucrativos
Associação Beneficente Floresta Imperial - ABEFI - Representada por CARLOS EDUARDO MÜLLER BOCK.

Categoria Destaque Organização Não-Governamental ou Associação da Sociedade Civil sem Fins Lucrativos
COMUNIDADE TERAPÊUTICA FAZENDA RENASCER, representada por IVANDER E ISOLDE DA SILVEIRA.

Direitos Humanos
O professor Dani Rudnicki, o primeiro a manifestar-se durante a entrega do Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, deu uma aula sobre direitos humanos. Rudnicki é Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos/RS, advogado, professor da UNIRITTER, mestre em direito (UNISINOS) e doutor em sociologia (UFRGS). A ausência de direitos humanos, explicou, resulta numa inversão de valores, numa inversão dos direitos do cidadão, que deixa de tê-los.

Traçando uma linha história para que o público entendesse a exata definição do termo, exemplificou com os reis que tinham plenos poderes e a quem todos obedeciam. Com a queda da monarquia, as pessoas deixaram de ser súditos de sua majestade e tornaram-se cidadãos. Esses valores, continuou Rudnick, foram construídos ao longo da história da humanidade e conquistados, incorporando-se ao dia a dia da vida das populações. Os senhores feudais da Idade Média, continuou, eram donos daqueles que habitavam suas terras, dos homens, das mulheres e daquilo que produziam. Essas lhe deviam obediência.

A conquista dos direitos humanos representa também uma tomada de consciência. Sabemos que existem injustiças e precisamos combatê-las, pois queremos uma vida digna para todos. Por isso, disse Rudnick, estamos frente a oito homenageados em áreas tão distintas porque todos, nas suas áreas de atuação, lutam pelos direitos humanos. Os seus defensores criticam a ordem existente e propõe uma utopia, um mundo melhor onde todos sejam livres, iguais e fraternos. Essa idéia antiga nos foi legada pela Revolução Francesa e, infelizmente, ainda não conquistamos todas essas coisas.

O inspirador deste prêmio, o jornalista Vladimir Herzog, foi morto porque pensava diferente e isso é grave. Não podemos admitir isso. Desde que não se agrida os outros, cada um tem o direito de pensar diferente.

O professor Rudnick também abordou a má interpretação do conceito direitos humanos, que muitos criticam que só vale para bandidos e marginais. A Constituição Federal, como esclareceu, assegura direitos iguais para todos. Hoje não se pode, por exemplo, como acontecia no período didatorial, prender uma pessoa pura e simplesmente. É preciso que a pessoa tenha cometido um crime para ser presa. A polícia tem limites e é feita para garantir a segurança da população e não apenas para prender.

Ao encerrar sua manifestação, o professor Dani Rudnick recomendou aos jovens presentes à sessão que se mantenham informados e que acompanhem o trabalho de cada vereador. Ressaltou a importância da contribuição do Legislativo na concessão do Prêmio e do trabalho da Comissão de Direitos Humanos.

Vereadores
O vereador Ralfe Cardoso, presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Defesa do Consumidor, agradeceu a contribuição do professor Dani Rudnicki e de todos os colaboradores que permitiram a realização da Jornada "Didatura Nunca Mais", que expõe documentos e fotos sobre o regime militar.

Na avaliação de Ralfe Cardoso, a concessão do Prêmio é uma consagração dos direitos humanos e de todas as pessoas que os defendem em suas áreas de atuação. É um marco histórico em Novo Hamburgo e no Vale do Sinos, afirmou Ralfe. Creio, completou, que estabelecemos um profundo debate sobre os direitos humanos e sua defesa. Parabenizou a todos e finalizou, afirmando que sentia imenso orgulho por vivenciar esse momento na Câmara Municipal.

Ao ocupar a tribuna, o vereador Renan Schaurich (PTB) elogiou o desempenho da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Defesa do Consumidor. O parlamentar citou a Jornada Ditadura Nunca Mais, evento que vem sendo promovido no Legislativo desde a segunda-feira, 29, e que culmina na entrega do Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos.

- Essa repercussão só engrandece a Casa - disse Renan.

O parlamentar parabenizou o trabalho realizado pelas pessoas e entidades agraciadas com a premiação. Lembrou ainda a importância da dedicação dos voluntários que prestam serviço às associações e grupos premiados.

- Se não houvesse entidades como essas que estão sendo homenageadas imagina como seria o nosso Estado, o nosso país? Parabéns a todos - encerrou o vereador.

O vereador Cleonir Bassani, que integra a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Defesa do Consumidor como secretário, falou da alegria em poder participar da organização da premiação que, como frisou, foi feita sem cunho político. Acima de tudo, disse, observamos os exemplos e as ações empreendidas pelos agraciados que honram a nossa cidade com o seu trabalho.

O correto, continuou, seria que o direito fosse exercido de forma natural, mas enquanto estamos distante desse ambiente temos que valorizar todos aqueles que se empenham no dia a dia pelo direito à cidadania.

Citou outras personalidades presentes à sessão, como Lídia Goetz, ressaltando que Novo Hamburgo é pródiga em exemplos construtivos e que, por isso mesmo, não foi fácil indicar o nome dos que seriam premiados.

"Se vivessemos com mais intensidade a fraternidade, com certeza teríamos uma cidade, um mundo melhor.." Ao finalizar, propôs a todos que reflitam nas atitudes que são tomadas diariamente, para que as relações sejam permeadas de maior espírito de fraternidade.