17/09/2010 - Audiência Pública aponta problemas no transporte
Na noite da última quinta-feira, 16, ocorreu uma
audiência pública sobre o transporte coletivo na Câmara Municipal. O
requerimento foi feito por Volnei Campagnoni (PCdoB). Diversos assuntos
foram abordados, como a qualidade dos veículos, o número de linhas e a
formação do Conselho Municipal de Transportes.
Na abertura, o
presidente da Casa, Jesus Maciel (PTB), destacou que o tema é de grande
importância. "O Centro está passando por uma transformação. É preciso
pensar nas vias. E também no transporte até o Centro Administrativo. É
difícil chegar lá a partir de alguns bairros. Poderíamos deixar uma
caixa de sugestões na Casa, ou em outro lugar, para que cidadão deixe
algumas propostas", disse.
Mobilidade
Volnei apontou
que foi a proximidade da nova licitação do transporte público que o
levou a chamar a audiência. "É uma hora oportuna para discurtimos que
tipo de transporte queremos." Segundo ele, havia a expectativa de, em
janeiro, já se ter a passagem integrada. "Isso não ocorreu. A
comunidade segue esperando. Essa situação influencia diretamento o
salário dos trabalhadores."
Para o vereador, também é preciso
fazer mudanças no Conselho de Transportes. "Não tem representantes dos
usuários, o que é inadmissível." Volnei ainda comparou o transporte de
Novo Hamburgo com o de outras cidades da Região. "Muitas têm onibus com
qualidade melhor." E salientou que as linhas devem ser revistas. "Hoje
é complicado ir até o Centro Judiciário, por exemplo. Muitos cidadãos
precisam pegar dois ônibus, o que é caro e mais difícil."
Volnei
lembrou que é preciso debater o trensurb. "Não podemos esperar que
comece a funcionar para depois discutir que tipo de integração deve ser
feita." Ele frisou que a rodoviária é deslocada. Ele ponderou que os
ônibus sem cobradores prejudicam os usuários. "Esses profissionais têm
uma participação muito importante, dão informações ao passageiro, entre
outras coisas."
Por fim, o vereador salientou que a questão do
transporte público está ligada à mobilidade urbana. "Não podemos mais
pensar em Novo Hamburgo como uma cidade do interior."
Crianças
O
vice presidente Sergio Hanich (PMDB) pediu que os outros vereadores
considerem sua proposta de criar o cartão inteligente para crianças.
"Elas têm que passar pela humilhação de se rastejar por baixo da
roleta. É inaceitável. Tomei uma iniciativa para mudar essa situação,
mas o projeto foi vetado. Peço que seja derrubado."
Serjão
também disse que está difícil passar pelas roletas. "Alguns veículos
têm só dois bancos na frente para pessoas de mais idade, obesos,
grávidas... Eles ficam concorrendo com o motorista, com pessoas que
querem sair. As roletas têm que voltar para onde estavam antes. Assim,
o passageiro não vai mais sofrer e a atenção do motorista vai aumentar.
Além disso, o problema do paradão será reduzido."
Copa do Mundo
De
acordo com Ricardo Ritter – Ica (PDT), a qualidade do transporte
público e da mobilidade urbana será um dos fatores determinantes na
escolha das subsedes da Copa do Mundo de 2014. "É um tema polêmico, e
recebemos muitas reclamações. Novo Hamburgo poderá hospedar uma
seleção. Mas na África, esse ponto foi um transtorno. Precisamos
oferecer qualidade, tanto para os visitantes como para os cidadãos, de
maneira que eles pensem em optar pelo transporte público."
Cobradores
Carmen
Ries (PT) também defendeu a volta dos cobradores e a troca do lugar da
roleta. "O cobrador dá informações, ajuda na segurança, ajuda os idosos
a subir. Não se pode falar com os motoristas", destacou. "E precisamos
de mais opções de linhas, para as pessoas não ficarem espremidas. Os
ônibus não estão tão ruins, mas precisamos fazer ajustes. Os usuários
também devem cuidar. Nisso os cobradores ajudam."
Preocupações de passageira
Danusa
Silva, da União Brasileira de Mulheres, disse também se preocupar com o
tratamento dispensado às crianças. "Tenho três filhos e ando de ônibus.
Sei que muitos jovens deixam de estudar porque não têm dinheiro para
passagem. E a população precisa participar do Conselho. É preciso
colocar mais horários e fazer e melhorias no paradão. Como usuária, me
preocupo com o motorista, se ele está bem. Por isso, acho que o
cobrador faz falta. Temos que discutir transporte público não como um
problema, mas como uma solução para outros problemas da mobilidade
urbana", disse.
Estudantes
Tiago Morbach,
presidente da União dos Estudantes de Novo Hamburgo, concordou que
faltam representantes dos usuários no Conselho de Transportes. "Moro e
estudo em Novo Hamburgo, mas tenho que pegar quatro ônibus por dia. É
caro e não tem qualidade. Faltam segurança e conforto. Se fosse melhor,
menos pessoas iriam à aula de carro, pagando caro pelo estacionamento."
Responsabilidade
Outro
cidadão presente, Anildo Matsdorf, da União das Associações
Comunitárias (UAC), afirmou que o transporte público em Novo Hamburgo é
muito ruim. "Se outros lugares têm ar condicionado e cobram a mesma
coisa, como São Leopoldo e Porto Alegre, por que aqui é diferente?",
questiona. "É preciso que os os órgão competentes assumam a
responsabilidade."
Audiências nos bairros
Jorge Velho,
presidente da UAC, contou que chegou a fazer um abaixo-assinado pedindo
o não aumento da passagem. "Foram mais de 3 mil assinaturas. A gente
atua muito nos bairros, escuta a comunidade, sabemos que o usuário tem
sofrido. A roleta é uma queixa. É difícil passar com criança, com
sacola." Ele sugeriu audiências públicas nos bairros, pois o
deslocamento é difícil.
Lombra Grande
André Mello
frisou que Novo Hamburgo merece um tratamento melhor, principalmente
Lomba Grande. "Acredito que as empresas de transporte não vão investir
mais no local enquanto as estradas continuarem ruins."
Mariza
Scherer também pediu mais atenção para a zona rural do município. "Meus
filhos utilizam o transporte escolar, e estou muito preocupada. Já
busque solução e não tive resposta." Ela afirmou que a lei que garante
transporte escolar para educação infantil não está sendo cumprida.
Diagnóstico dos problemas
O
secretário interino de Segurança e Mobilidade Urbano, Álvaro Silva,
salientou que o problema do transporte público da cidade não começou
ontem. "Não foi a atual administração que fez o paradão. Se olharmos
tecnicamente, houve erro de engenharia. Não foi avaliada a demanda
futura. Hoje, o tráfego é muito intenso na Marcílio Dias com a Primeiro
de Março. "Temos que resolver."
Ele explicou que não houve lei
definindo a alteração do local da roleta. "Só foi dada a autorização."
O titular da pasta frisou que a passagem integrada ainda não foi posta
em prática porque o primeiro ano de mandato serve para diagnóstico dos
problemas. "A cidade está passando por um processo de modernização do
transporte. Ainda vamos apresentar propostas para a comunidade."
Menos arrecadação
Segundo
o secretário de Desenvolvimento Urbano, Moisés Medeiros, Novo Hamburgo
vive um momento diferenciado. Ele lembrou que, em 20 anos, a cidade
perdeu grande parte de sua arrecadação. "E hoje há 6 mil residências
sendo construídas. Isso é significativo. É preciso de plano de
mobilidade, para então fazermos modificações no transporte."
17/09/2010