17/09/2010 - Audiência Pública aponta problemas no transporte

por mairakiefer — última modificação 16/10/2020 19h56
Evento, iniciativa de Volnei Campagnoni, ocorreu na quinta-feira, 16

Na noite da última quinta-feira, 16, ocorreu uma audiência pública sobre o transporte coletivo na Câmara Municipal. O requerimento foi feito por Volnei Campagnoni (PCdoB). Diversos assuntos foram abordados, como a qualidade dos veículos, o número de linhas e a formação do Conselho Municipal de Transportes.

Na abertura, o presidente da Casa, Jesus Maciel (PTB), destacou que o tema é de grande importância. "O Centro está passando por uma transformação. É preciso pensar nas vias. E também no transporte até o Centro Administrativo. É difícil chegar lá a partir de alguns bairros. Poderíamos deixar uma caixa de sugestões na Casa, ou em outro lugar, para que cidadão deixe algumas propostas", disse.

Mobilidade
Volnei apontou que foi a proximidade da nova licitação do transporte público que o levou a chamar a audiência. "É uma hora oportuna para discurtimos que tipo de transporte queremos." Segundo ele, havia a expectativa de, em janeiro, já se ter a passagem integrada. "Isso não ocorreu. A comunidade segue esperando. Essa situação influencia diretamento o salário dos trabalhadores."

Para o vereador, também é preciso fazer mudanças no Conselho de Transportes. "Não tem representantes dos usuários, o que é inadmissível." Volnei ainda comparou o transporte de Novo Hamburgo com o de outras cidades da Região. "Muitas têm onibus com qualidade melhor." E salientou que as linhas devem ser revistas. "Hoje é complicado ir até o Centro Judiciário, por exemplo. Muitos cidadãos precisam pegar dois ônibus, o que é caro e mais difícil."

Volnei lembrou que é preciso debater o trensurb. "Não podemos esperar que comece a funcionar para depois discutir que tipo de integração deve ser feita." Ele frisou que a rodoviária é deslocada. Ele ponderou que os ônibus sem cobradores prejudicam os usuários. "Esses profissionais têm uma participação muito importante, dão informações ao passageiro, entre outras coisas."

Por fim, o vereador salientou que a questão do transporte público está ligada à mobilidade urbana. "Não podemos mais pensar em Novo Hamburgo como uma cidade do interior."

Crianças
O vice presidente Sergio Hanich (PMDB) pediu que os outros vereadores considerem sua proposta de criar o cartão inteligente para crianças. "Elas têm que passar pela humilhação de se rastejar por baixo da roleta. É inaceitável. Tomei uma iniciativa para mudar essa situação, mas o projeto foi vetado. Peço que seja derrubado."

Serjão também disse que está difícil passar pelas roletas. "Alguns veículos têm só dois bancos na frente para pessoas de mais idade, obesos, grávidas... Eles ficam concorrendo com o motorista, com pessoas que querem sair. As roletas têm que voltar para onde estavam antes. Assim, o passageiro não vai mais sofrer e a atenção do motorista vai aumentar. Além disso, o problema do paradão será reduzido."

Copa do Mundo
De acordo com Ricardo Ritter – Ica (PDT), a qualidade do transporte público e da mobilidade urbana será um dos fatores determinantes na escolha das subsedes da Copa do Mundo de 2014. "É um tema polêmico, e recebemos muitas reclamações. Novo Hamburgo poderá hospedar uma seleção. Mas na África, esse ponto foi um transtorno. Precisamos oferecer qualidade, tanto para os visitantes como para os cidadãos, de maneira que eles pensem em optar pelo transporte público."

Cobradores
Carmen Ries (PT) também defendeu a volta dos cobradores e a troca do lugar da roleta. "O cobrador dá informações, ajuda na segurança, ajuda os idosos a subir. Não se pode falar com os motoristas", destacou. "E precisamos de mais opções de linhas, para as pessoas não ficarem espremidas. Os ônibus não estão tão ruins, mas precisamos fazer ajustes. Os usuários também devem cuidar. Nisso os cobradores ajudam."

Preocupações de passageira
Danusa Silva, da União Brasileira de Mulheres, disse também se preocupar com o tratamento dispensado às crianças. "Tenho três filhos e ando de ônibus. Sei que muitos jovens deixam de estudar porque não têm dinheiro para passagem. E a população precisa participar do Conselho. É preciso colocar mais horários e fazer e melhorias no paradão. Como usuária, me preocupo com o motorista, se ele está bem. Por isso, acho que o cobrador faz falta. Temos que discutir transporte público não como um problema, mas como uma solução para outros problemas da mobilidade urbana", disse.

Estudantes
Tiago Morbach, presidente da União dos Estudantes de Novo Hamburgo, concordou que faltam representantes dos usuários no Conselho de Transportes. "Moro e estudo em Novo Hamburgo, mas tenho que pegar quatro ônibus por dia. É caro e não tem qualidade. Faltam segurança e conforto. Se fosse melhor, menos pessoas iriam à aula de carro, pagando caro pelo estacionamento."

Responsabilidade
Outro cidadão presente, Anildo Matsdorf, da União das Associações Comunitárias (UAC), afirmou que o transporte público em Novo Hamburgo é muito ruim. "Se outros lugares têm ar condicionado e cobram a mesma coisa, como São Leopoldo e Porto Alegre, por que aqui é diferente?", questiona. "É preciso que os os órgão competentes assumam a responsabilidade."

Audiências nos bairros
Jorge Velho, presidente da UAC, contou que chegou a fazer um abaixo-assinado pedindo o não aumento da passagem. "Foram mais de 3 mil assinaturas. A gente atua muito nos bairros, escuta a comunidade, sabemos que o usuário tem sofrido. A roleta é uma queixa. É difícil passar com criança, com sacola." Ele sugeriu audiências públicas nos bairros, pois o deslocamento é difícil.

Lombra Grande
André Mello frisou que Novo Hamburgo merece um tratamento melhor, principalmente Lomba Grande. "Acredito que as empresas de transporte não vão investir mais no local enquanto as estradas continuarem ruins."

Mariza Scherer também pediu mais atenção para a zona rural do município. "Meus filhos utilizam o transporte escolar, e estou muito preocupada. Já busque solução e não tive resposta." Ela afirmou que a lei que garante transporte escolar para educação infantil não está sendo cumprida.

Diagnóstico dos problemas
O secretário interino de Segurança e Mobilidade Urbano, Álvaro Silva, salientou que o problema do transporte público da cidade não começou ontem. "Não foi a atual administração que fez o paradão. Se olharmos tecnicamente, houve erro de engenharia. Não foi avaliada a demanda futura. Hoje, o tráfego é muito intenso na Marcílio Dias com a Primeiro de Março. "Temos que resolver."

Ele explicou que não houve lei definindo a alteração do local da roleta. "Só foi dada a autorização." O titular da pasta frisou que a passagem integrada ainda não foi posta em prática porque o primeiro ano de mandato serve para diagnóstico dos problemas. "A cidade está passando por um processo de modernização do transporte. Ainda vamos apresentar propostas para a comunidade."

Menos arrecadação
Segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano, Moisés Medeiros, Novo Hamburgo vive um momento diferenciado. Ele lembrou que, em 20 anos, a cidade perdeu grande parte de sua arrecadação. "E hoje há 6 mil residências sendo construídas. Isso é significativo. É preciso de plano de mobilidade, para então fazermos modificações no transporte."

17/09/2010