14/09/2011 - Vereadores ouvem Canudos em comunitária

por danielesouza — última modificação 16/10/2020 19h55
Sessão comunitária ocorreu na quarta-feira, na escola Antônio Conselheiro

A pedido da Comissão Democrática-Social Identidade Comunitária, formada por moradores, comerciantes e instituições de Canudos, foi realizada na noite desta quarta-feira, 14, uma sessão comunitária na escola Antônio Conselheiro. Saúde foi o tema de maior destaque. O objetivo dessas reuniões, que podem ser convocadas por cidadãos através de entidades como associações de bairro, é aproximar ainda mais os parlamentares da população.

Estavam presentes o presidente da Casa, Leonardo Hoff (PP), os vereadores Gilberto Koch (PT), Alex Rönnau (PT), Matias Martins (PT), Carmen Ries (PT), Jesus Maciel (PTB), Antonio Lucas (PDT) e Sergio Hanich (PMDB) e a suplente Patrícia Beck (PSDB). A ouvidora e a diretora do legislativo municipal, Gledir Bernardo e Cléa Caberlon, também participaram. Hoff falou brevemente sobre o funcionamento e a estrutura da Câmara aos cerca de 100 presentes, e explicou como todos podem entrar em contato com vereadores, assessores e servidores. O diretor da escola, Sandro Luís da Silva, ressaltou a importância de se levar as reivindicações aos parlamentares.

Reivindicações
O líder comunitário e vereador suplente Pedrinho de Oliveira lembrou que já ocorreram diversas sessões no bairro, resultando em várias melhorias. Contudo, ele destacou que ainda há muito o que se conquistar, como quebra-molas, asfaltamento e médicos nos postos de saúde. Um condomínio vertical e uma quadra coberta na escola Antônio Conselheiro também foram citados.

Vanderlei Cardoso solicitou melhorias na rua Francisco Xavier. Lindomar Getúlio da Veiga pediu que os vereadores não se esqueçam de que vieram da comunidade. Luís Alberto Pereira destacou a importância da participação política. Maria Denir Soares chamou a atenção para a ponte da rua Danilo de Oliveira, que está em péssimo estado de conservação. Osório Chaves solicitou melhorias nas ruas da Vila Kipling e denunciou venda de britas.

João Camargo frisou que faltam médicos das unidades básicas. Ele contou que, recentemente, uma senhora procurou um posto devido a um caroço no seio, mas só conseguiu marcar consulta para o mês de dezembro. Além disso, Camargo disse que ruas em frente a uma escola da Vila Marisol alagam em dias de chuva. "E os moradores precisam de uma farmácia comunitária, pois muitas vezes não temos dinheiro para comprar os remédios receitados."

Mauro Silva, representante da escola Tancredo Neves, busca opções de lazer para a população, especialmente para as crianças. "Não temos nenhuma praça", afirmou. Izidoro Batista disse ficar chocado sempre que alguém vai ao posto de saúde e não consegue atendimento. "Até quando compramos uma caixa de fósforo pagamos impostos, os serviços públicos não são de graça."

Neiva Fucolo, presidente da União das Associações Comunitárias de Novo Hamburgo, salientou que as vilas do bairro – um dos maiores do Rio Grande do Sul – enfrentam muitos problemas. "O asfalto está um buraco só." Márcia da Rosa, do Movimento Nacional da Luta pela Moradia, apontou que muitas famílias não têm casas dignas para morar.

Segundo Silvana Mesck, os alagamentos ainda causam danos a quem vive em algumas áreas. "Nem pregos ficam na minha parede, pois ela está podre. Queria que nos dissessem se vamos ficar ou sair." Ela ainda ponderou que a saúde está precária. "Meu filho tem um exame para fazer, está com um problema no sangue. Mas ainda não conseguiu, estão nos cobrando e não temos dinheiro para pagar." Florivaldo da Silva pediu a retomada do grupo voltado a idosos com diabetes.

Andrea da Silva foi outra cidadã a chamar a atenção para a falta de médicos. "Passei a tarde esperando uma consulta e não consegui." Ela ainda destacou a inexistência de espaços de lazer. José Pereira também contou que passou horas esperando por um atendimento, sem sucesso.

Colocações finais
Após as falas dos cidadãos, os vereadores fizeram algumas colocações. Matias afirmou que estão sendo feitos vários investimentos na cidade e lamentou a falta de médicos. "Isso não nos tira a responsabilidade. Não estou me eximido, mas estou explicando. Precisamos que as universidades federais que estão vindo ofereçam cursos de medicina, para que os filhos dos cidadãos mais humildes possam se formam."

Alex disse que tem conversado com secretários municipais para que programas voltados a crianças não fiquem desamparados. "Sobre os problemas de saúde e moradia, as pessoas já não aguentam mais. Há projetos sendo elaborados. Mas as coisas não se resolvem de um dia para o outro." Ele destacou, por fim, que Canudos receberá quatro praças em breve.

Serjão afirmou estar triste com a situação atual. "Quero ver uma administração que comece nos bairros. Não temos praças nem ciclovias. Além dos vereadores, secretários e diretores da Prefeitura deveriam participar dessas reuniões." Jesus destacou que recursos da Câmara, devolvidos à administração municipal, foram usados para compra de ambulâncias e outros equipamentos. Ele reclamou o alto investimento em publicidade por parte da Prefeitura, argumentando que o dinheiro poderia ser usado na saúde.

Carmen pediu que todos denunciem problemas encontrados. "Na Câmara temos as comissões", disse. Ela criticou a situação da saúde em todo o Brasil. "Concurso tem, mas não estão aparecendo médicos." Betinho falou sobre a importância da atividade dos vereadores, que participaram de conquistas como a vinda do trem a Novo Hamburgo. Sobre a saúde, frisou que os profissionais da áreas não querem atuar nos postos. "É uma categoria que faz um juramento e não cumpre."

Hoff também deu a palavra a Patrícia, que agradeceu a aprovação do projeto de lei de sua autoria que cria o programa de prevenção à gravidez na adolescência. "A política não é feita apenas por quem se filia a um partido, mas por vocês." Para finalizar, ela pediu mais mobilização por segurança.

O presidente da Casa ressaltou que a pluralidade de ideias vista no encontro é a mesma representada no parlamento. E lembrou a morte de brigadianos nesta tarde. "Por um salário pequeno eles arriscam a vida, e ainda precisam fazer bicos. Temos que cobrar dos governantes uma melhor situação na polícia." Por fim, Hoff afirmou que todos os vereadores trabalham pela comunidade e que a ação de cada cidadão é importante.

O líder comunitário Pedrinho também voltou a usar a palavra no final da sessão e reforçou os pedidos por melhorias na saúde. "Peço que reduzam o pagamento dos cargos em comissão e paguem mais aos médicos."


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