11/07/2011 - Semana de Prevenção às Drogas lota plenário

por tatianelopes — última modificação 16/10/2020 19h55
Palestrantes abordaram temas como dificuldades enfrentadas na saúde pública e relação entre entorpecentes e violência

A abertura da Semana Municipal de Prevenção às Drogas lotou o plenário da Câmara na noite desta segunda-feira, 11. O evento é uma iniciativa do Conselho Municipal de Entorpecentes – Comen e conta com o apoio do legislativo hamburguense.

Solenidade
A presidente do Comen, Neli Silva dos Santos, destacou que a questão das drogas afeta a todos. "Toda a sociedade está doente. Como vamos reconstruí-la? É preciso unir forças, trabalhar a educação." Ela aproveitou a presença da vice-prefeita, Lorena Mayer, e pediu que o tema seja abordado nas escolas municipais.

O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira, apontou que o Rio Grande do Sul tem quase 100 conselhos municipais que atuam nessa área, e destacou também a importância das comunidades terapêuticas. Ele apontou que a sua pasta conta, agora, com um departamento voltado à prevenção. Pereira comemorou a possibilidade da União repassar bens apreendidos com narcotraficantes ao Estado. O objetivo é facilitar o repasse de carros e valores, entre outros, às policias ou às entidades que trabalham contra as drogas. "É uma lei inovadora."

O presidente do legislativo hamburguense, Leonardo Hoff, afirmou que amanhã, às 13 horas, os vereadores visitarão uma iniciativa de combate às drogas no bairro Kephas, através do programa Câmara Atuante. "Esta Casa precisa se unir com as comunidades para sair do discurso. Ação é estar presente, garantir recursos."

"Sou parceira na busca de recursos", afirmou a vice-prefeita Lorena Mayer. "Sabemos que a droga é uma doença, não apenas do usuário, mas de toda a sociedade."

O presidente da Federação das Comunidades Terapêuticas Evangélicas do Rio Grande do Sul, Roque Serpa, frisou a necessidade de se dar assistência também aos cuidadores. "Precisamos de uma sede e um banco de alimentação." Ele entregou a Lorena um abaixo-assinado pedindo uma área para a construção desse espaço. Em seguida, um coral formado por membros de comunidades terapêuticas cantou o hino de louvor "Diga não às drogas", sob a coordenação de Marli Serpa.

Palestras
O secretário do Comen, Fernando Garcia de Souza, falou sobre as atribuições dos Comens e a captação de recursos. Ele destacou que os conselhos têm o dever de organizar as instituições para pensar alternativas. "As verbas existem", disse, e questionou porque é destinado um valor tão grande a eventos como o carnaval. "Esses eventos recebem verbas porque estão bem organizados. As comunidades precisam sair do anonimato, precisam de coragem para vir às tribunas, para falar com os prefeitos."

Anderson Matos, representando o presidente da Federação de Comunidades Terapêuticas Evangélicas do Brasil, Wellington Vieira, destacou as dificuldades que existem para o tratamento de dependentes químicos. "O Estado foi omisso. Percebo que o usuário de álcool e drogas é um pária da saúde pública, não tem um lugar. As comunidades terapêuticas surgem da mobilização social diante desse vácuo." Contudo, essas comunidades logo foram vistas como ilegítimas. "Apesar de todo o trabalho, não havia um reconhecimento público." Por isso, o Governo Federal estabeleceu parâmetros para o funcionamento dessas entidades – mas parte dessas recomendações pareciam impossíveis de executar. Matos apontou que o Poder Público ainda não oferece os serviços necessários para tratar desse problema. "Mobilizem-se, esse é o momento."

O médico Paulo Tigre, que trabalha no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu, abordou a consequência das dependências químicas e o atendimento nos hospitais. "Nos Estados Unidos, o abuso de álcool e drogas atinge 13% da população adulta", afirmou. No Brasil, a situação não é muito diferente – são gastos R$ 105 bilhões ao ano com problemas gerados pela dependência química. No RS, uma pesquisa mostrou que 37% dos estudantes já haviam experimentado maconha no ano anterior. Aqui, 13% dos atendimentos hospitalares envolvem o uso de entorpecentes, e em 60% das agressões, ao menos um dos envolvidos havia consumido essas substâncias. Ele deixou claro que ainda não se conhece muito bem a relação entre drogas e violência – mas que é clara a presença de álcool e drogas em muitos eventos violentos. "É um tema complexo." Tigre frisou também que é preciso repensar a relação com o dependente, tratato muitas vezes como marginal sem o ser.

Inclusão social foi o foco da palestra do deputado federal Ronaldo Nogueira, que integra a Frente Parlamentar de Apoio às Comunidades Terapêuticas. "Poderíamos definir como um processo emancipatório do cidadão através do conhecimento." Segundo ele, a ignorância, a falta de oportunidades e o preconceito formam as massas de excluídos. "Há atores importantes para promover a inclusão", disse. Um deles é o Estado, que pode colaborar através da promoção de políticas públicas, da capacitação das polícias e da oportunização, ao terceiro setor vocacionado, a realização do trabalho de acolhimento. Os outros atores, apontou, são o terceiro setor e o cidadão.

CONVÊNIO PODERÁ REPASSAR APREENSÕES PARA ENTIDADES
Ubirajara Falcão, Diretor do Departamento de Políticas Públicas sobre Drogas, afirmou que existem 197 comunidade terapêuticas no Rio Grande do Sul. Segundo ele, a intenção do Estado é repassar, assim que forem feitas apreensões, os bens para as entidades que tratam dos dependentes químicos. Falcão acrescentou que está sendo estudado um convênio entre a Secretaria da Justiça, Polícia, Judiciário e Ministério Público que possibilite que o material recolhido nas operações policiais – tais como carros, móveis e, inclusive, dinheiro – sejam destinados a um fundo estadual, o qual será distribuído entre as secretarias, que, por sua vez, destinarão às comunidades terapêuticas. "Atualmente nós só podemos repassar por lei para órgãos do governo. Não é isso que nos interessa. Nós temos que vencer esses empecilhos. Faremos nos próximos 10 dias uma reunião com os dirigentes de todas as entidades envolvidas", esclareceu.

Programação
Dia 12 de julho, das 9h às 17h
Teatro, coral e exposição de trabalhos
Local: Praça do Imigrante
Tema: O trabalho desenvolvido nas comunidades terapêuticas, Caps e Fundação de Saúde Pública

Dia 13 de julho, às 19h30min
Palestra e teatro
Local: Câmara Municipal de Novo Hamburgo
Tema: Afetividade e limites nas relações familiares e escola

Dia 14 de julho, às 10h30, 16h e 20h
Palestra e teatro
Local: Escola Ayrton Senna (bairro Santo Afonso)
Tema: Prevenção ao uso indevido de drogas

Dia 15 de julho, às 19h30
Seminário
Local: Sindicato dos Sapateiros de Novo Hamburgo
Tema: Prevenção ao uso indevido de drogas

Dia 16 de julho, das 8h30 às 15h
Seminário
Local: Sindicato dos Sapateiros de Novo Hamburgo
Tema: Prevenção ao uso indevido de drogas

11/07/2011

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