11/05/2011 - Desafios da educação em debate
Na noite desta quarta-feira, 11, os hamburguenses tiveram mais uma oportunidade de debater o futuro da educação na cidade. Foi realizada uma audiência pública sobre alterações do sistema de aprovação dos alunos das escolas municipais, por iniciativa da Comissão de Educação – integrada por Volnei Campagnoni (presidente), Carmen Ries (secretária) e Luiz Carlos Schenlrte (relator). Professores e representantes da Prefeitura estavam presentes.
A diferença entre as leis municipal e federal
A diretora da Secretaria Municipal de Educação Rosângela Thiesen Horn prestou esclarecimentos sobre o Pacto pela Aprendizagem, uma política do Município, e o Parecer nº 11/2010, do Governo Federal. Segundo ela, o objetivo do pacto hamburguense é potencializar a aprendizagem dos alunos através do trabalho integrado de diversas secretarias. "Isso foi confundido com o Parecer nº 11/2010 e com a Resolução nº 7/2010, que tratam da progressão continuada, com um bloco de aprendizagem do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental." Antes de acabar com a reprovação, apontou Rosângela, o pacto está promovendo o sucesso dos alunos.
Avaliação x reprovação
Segundo Rosângela, a avaliação sempre existiu e seguirá existindo – mas não é sinônimo de reprovação. Ela explica que um bloco de três anos considera que algumas crianças precisam de mais de um ano para aprender a ler e a escrever. "Se tivermos uma retenção nesse primeiro ano de alfabetização, a criança já terá estigma de fracassada. Temos que lembrar que ela ingressa no Ensino Fundamental com seis anos. Isso não significa que vamos nivelar por baixo." A diretora frisou que, no pacto da cidade, a diminuição da reprovação será uma consequência.
Novos tempos
O presidente do Sindicato do Ensino Privado – Sinepe/RS, Osvino Toillier, começou sua fala dizendo que "a escola não está aí para dar bomba em seus alunos". Ele frisou que é preciso fazer o máximo para que os estudantes não fracassem, e reconhece que mudanças no sistema de educação geram muita insegurança. O professor, contudo, disse que a ênfase deve ser dada aos objetivos da educação, como a solução de problemas, e que os novos tempos exigem cada vez mais essa competência. "Mas o que temos que fazer, aprovar de graça? Não, não estou dizendo isso."
Planejamentos
Alex Rönnau (PT), falando também em nome de seu colega de bancada Gilberto Koch, disse acreditar que o professor terá ainda mais trabalho com essa nova modalidade. "Sei que o professor faz um planejamento. Mas será necessário um ou mais planejamentos especiais para os alunos que não conseguem acompanhar a turma." Ele apontou que ainda não está claro, para ele, a questão da não reprovação. "Estou aqui para entender mais. E gostaria de saber se o professor vai dispor de um tempo a mais para fazer essa preparação."
Rosângela disse que já foi aprovada a lei de hora-atividade, que deve representar 1/3 de sua carga horária. "Mas faz muito tempo que não existe mais classe homogênea." Sobre a reprovação, a diretora explicou que não existiria no final do 1º nem do 2º ano, mas que pode ocorrer ao final do 3º, caso o aluno ainda não tenha sido alfabetizado. "Para as outras séries, do 3º ao 9º ano do Ensino Fundamental, existe a retenção. O Pacto pela Aprendizagem propõe uma ação para reduzir essa reprovação." Toillier ponderou que essa questão não diz respeito apenas aos professores, mas também à família. "Hoje em dia temos uma inibição do exercício da autoridade."
Direitos e deveres
Luiz Carlos Schenlrte (PMDB) lamentou que, atualmente, os professores sentem-se acuados, com medo. "Os pais não dão valor à escola. Os alunos parecem só ter direitos, e não deveres. A gente vê na TV casos de aluos que batem nos professores. Onde está o respeito?", questionou. Ele disse seguir preocupado com a questão da progressão continuada. "Será que uma criança não pode chegar ao 4º ano sem condições?"
O papel da escola
Carmen Ries (PT), que também é diretora de escola, contou que anda muito preocupada com a educação. "Não precisamos reinventar a escola. Estamos é fazendo algo que não nos compete. Não somos pais, psicólogos, policiais nem depósito de criança. Temos que poder cumprir nosso papel, o de educar. Temos que voltar ao modelo que funcionava. Se quisermos recuperar o aluno, temos que fazer nosso trabalho: passar conhecimento." Ela acredita que os alunos que não atingiram os objetivos no final do ano devem ter mais horas de aula o final do ano. "Aí poderemos dar uma atenção especial." Carmen também tocou no tema do respeito ao professor. "Os pais também devem fazer a sua parte."
Questionamentos e observações
Em seguida, foi aberto o espaço para a manifestação do público. Professores e pais falaram sobre suas preocupações relacionadas à realidade atual e às mudanças propostas. A falta de apoio aos educadores e de debates sobre as mudanças propostas, os índices preocupantes que o Brasil apresenta, a falta de professores e os desafios da alfabetização foram alguns dos tópicos abordados.