09/11/2010 - Diretoria da Fundação de Saúde presta contas na Câmara
A diretora de administração da Fundação de Saúde
Pública de Novo Hamburgo, Simone Zucolotto, participou da sessão desta
terça-feira, 9. Ela apresentou diversos dados sobre a instituição, e
também respondeu a perguntas feitas pelos parlamentares.
No
dia 19 de maio de 2009, foi sancionado o projeto de Lei (1980/2009),
que transformou a autarquia municipal denominada Hospital Municipal de
Novo Hamburgo (HMNH) em fundação estatal de direito privado. Com a
denominação de Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), a
entidade foi criada com o objetivo de responder às dificuldades
enfrentadas pelo município na área da saúde pública.
A Fundação
assumiu a gestão do Hospital Municipal, de cinco Caps, de oito unidades
de saúde, do Samu e de outros programas. Simone abordou diversos
assuntos em sua fala, como a transição da equipe, a redefinição dos
salários, a contratualização e a contratação e o treinamento dos
agentes comunitários da saúde.
Transição da equipe
A
diretora salientou que o volume de profissionais é significativo. "A
transição é complexa, este é um momento delicado." Atualmente,
salientou, são 645 funcionários concursados e 123 funcionários cedidos.
Já foram desligados 403 funcionários – e, em fase de desligamento,
estão 232. "Ou seja, 60% da transição já ocorreu. A meta é completar
até o dia 15 de dezembro, conforme determina processo judicial."
Simone
frisou que os novos funcionários estão sendo avaliados constantemente.
"Hoje, além da integração, de conhecer a estrutura organizacional e as
políticas do Município, eles recebem um treinamento in loco." O
profissional, disse, é acolhido, tem seu perfil identificado, e passa a
conhecer os procedimentos do setor em que irá atuar. "Ele começa
trabalho acompanhado de supervisor", apontou, lembrando que o modelo de
"padrinho", ou seja, do acompanhamento dos novos por colegas mais
experientes, também é adotado na Santa Casa.
Remuneração variável
Simone
disse que, após reuniões com o sindicato e com médicos de diferentes
especialidades, será feita uma revisão do processo de remuneração.
"Temos dificuldade de encontrar médicos no mercado de trabalho. A
concorrência pelo profissional é muito grande. É preciso oferecer um
atrativo. Um deles é o critério de remuneração variável. É um estímulo
da remuneração pela produção. O processo está em andamento, e envolve
várias etapas. Mas é necessário para termos uma equipe qualificada."
Acompanhamento da contratualização
A
diretora lembrou que o Município assinou contratualização com o Estado
em maio. "Já recebemos novos valores mensais, maiores do que antes.
Hoje, são R$ 27 milhões/ano. Antes, eram R$ 15 milhões/ano. É um
montante significativo, e dá margem para investir também na rede
básica."
Transparência e orçamento
Na lei de criação
da fundação estão previstas ferramentas de transparência, como a
divulgação de documentos no site da internet (www.fsnh.net.br). "Alguns
já estão disponíveis", salientou Simone. Além disso, a nova equipe já
está trabalhando no Orçamento para 2011. "Nos próximos dias, será
encaminhado para aprovação do Conselho Municipal de Saúde."
Estruturação interna
A
diretora disse que estão sendo feitas mudanças na organização interna
do hospital, como a reorganização da unidade cardiológica. "O hospital
é referência nessa área para toda região. Haverá uma unidade exclusiva
para pacientes cardiológicos. E uma equipe será treinada e preparada
para acompanhamento específico dessas pessoas." Também deve haver
leitos específicos para dependentes químicos, e um melhor acolhimento
no setor de emergência.
Ampliação do programa SUS em Casa
De
acordo com Simone, o objetivo é ampliar em 50% a capacidade de
internação domiciliar, que hoje é de 25 pacientes/mês. "O serviço tem
aceitação muito boa na comunidade, e aumenta vagas no hospital."
Saúde da Família
O
programa Saúde da Família está sendo ampliado, afirmou a diretora.
"Estamos em fase de contratação e treinamento. Já são 50 agentes
comunitários da saúde contratados. Há equipes que já atuam em alguns
bairros. A meta, até o final do ano, é ter 10 equipes. Até 2012, devem
ser 25 equipes."
Simone concluiu com uma frase de São Francisco
de Assis: "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível,
e, de repente, você estará fazendo o impossível".
Perguntas
Ica
disse que a apresentação foi além do esperado. "Fiquei satisfeito com
os números, mostra que estamos progredindo." O pedetista salientou que
o objetivo era conhecer os novos administradores do hospital. "Nós
frequentemente somos questionados sobre a situação de familiares
internados, pois muitas pessoas não conseguem informações."
Ito
Luciano (PMDB) questionou a burocracia para se conseguir sessões de
fisioterapia. "É preciso passar no posto de saúde, mesmo quando se tem
requerimento do médico do hospital."
Matias Martins (PT) pediu
mais atenção para Lombra Grande na hora de se definir equipes de saúde
da família. "Há moradores que ficam muito longe do hospital. Gostaria
que fosse estudada a necessidade do bairro."
Carmen Ries (PT)
lembrou que não é só em Novo Hamburgo que há crise na área da saúde. "É
no País todo." A vereadora destacou que sabe como é difícil chefiar
equipes de trabalho. "Por isso os parabenizo pelo trabalho. Sempre foi
muito bem atendida no hospital."
Raul Cassel (PMDB) ponderou que
a situação de encaminhamentos para o hospital é muito burocrática.
Médico da rede pública, o vereador sugeriu que alguém seja responsável
por essa distribuição. Também pediu redução na burocracia para
concessão de sessões de fisioterapia e atestado. "Por que o paciente
sai do hospital e precisa ir ao posto?", questionou. Cassel ainda
perguntou sobre as obras de ampliação do hospital e sobre o acerto com
os funcionários que estão saindo.
O vice presidente da Câmara,
Sergio Hanich (PMDB), argumentou que, quando um vereador interfere,
está cumprindo seu papel de porta-voz da comunidade. E quis saber mais
sobre o fechamento de três quartos da unidade A, que foram
transformados em quartos para médicos.
Antonio Lucas (PDT)
pediu ajuda para a a conclusão das obras, que significarão mais 60
leitos para a comunidade. "Vamos ver se conseguimos fazer esse acordo.
A gente que vai ao hospital e sai, muitas vezes, com a cabeça baixa.
Não pelo atendimento, que é muito bom, mas pela quantidade de gente nas
macas, nos corredores." Ele também perguntou sobre as pessoas com
problemas mentais em crise. "De quem é a responsabilidade do
transporte?"
A dúvida de Gilberto Koch (PT) era sobre a
quantidade de pessoas de fora da cidade que procuram o hospital. A de
Leonardo Hoff (PP), sobre a possibilidade de equiparação salarial, pois
muitos funcionários cedidos estão recebendo um salário inferior.
Luiz
Carlos Schenlrte (PMDB) perguntou sobre as cirurgias eletivas. "Muitas
pessoas com problemas como pedras nos rins e hérnia acabam sendo
encaminhadas a outros hospitais." Volnei Campagnoni (PCdoB), sobre a
possível ampliação do número de viaturas do Samu.
Presidente
da Casa, Jesus Maciel (PTB) repassou uma reivindicação da comunidade:
toldos na frente de unidades de saúde e do hospital, para as pessoas
que aguardam atendimento ou esperam algum familiar.
Respostas
Simone
comprometeu-se a enviar respostas detalhadas aos vereadores. Mas faz
algumas considerações. "Em relação à saúde da família em Lomba Grande,
posso dizer que o bairro será contemplado. Sobre os atestados, vamos
reavaliar a situação com a equipe. E sobre a obra de ampliação, o
edital para licitação está sendo elaborado." Ela ainda garantiu que os
funcionários que estão deixando a instituição tendo seus direitos
contemplados. "Estamos contratando mais médicos,
realizamos processo seletivo. Acredito que será possível suprir grande parte da necessidade nas unidades de saúde."
A
diretora ainda destacou que o Samu tem foco no preparo dos
profissionais – e que é do Samu a responsabilidade de fazer o
transporte de pessoas com problemas mentais, desde que estejam
cadastradas. Em relação ao número de veículos, disse que sempre tem
viatura em conserto, e que em outra ocasião poderá responder sobre a
ampliação da estrutura. Já a equiparação salarial, apontou, está em
análise na PGM. "E sobre os quartos: na medida em que a equipe médica é
ampliada, aumenta a demanda por estruturação. É um direito dos
trabalhadores. Reformas e adequações ainda estão em andamento, para
para não haver impacto no número de leitos." Por fim, lembrou que o
hospital de Novo Hamburgo é referência regional, e por isso recebe
constantemente pacientes de outros municípios.
09/11/2010