Medicamentos vencidos causam debate na Câmara
Depois da veiculação no Jornal NH da última quarta-feira, 16, de matéria denunciando a existência de uma tonelada de remédios com prazo de validade vencida na Unidade Básica de Saúde do bairro Primavera, o assunto acabou também em debate na sessão da Câmara da última quinta-feira, 17.<br />Segundo a matéria publicada no Jornal NH, os medicamentos foram descobertos por uma equipe do Conselho Municipal de Saúde. Em função disso, ainda no início da sessão, o vereador Gilberto Koch (PT) solicitou que fosse convidado o presidente do Conselho para falar sobre o assunto no próximo dia 29.<br />CABIDES DE EMPREGO<br />O tema começou a ser debatido antes mesmo do expediente. Durante a discussão do projeto que cria o "Programa Emergencial de Auxílio Desemprego", a vereadora Lorena Mayer (PFL) ao cobrar medidas do Executivo para melhorar a saúde, questionou: "e essa tonelada de remédio jogada fora? E esses cabides de emprego nos postos de saúde?".<br />SINDICÂNCIA<br />Invocando o artigo 5º do Regimento Interno, o líder do governo Paulo Kopschina (PMDB) pediu a palavra durante a ordem do dia, com a justificativa de que era uma comunicação urgente.<br />Segundo ele, para esclarecimento dos vereadores que estavam falando sobre a questão dos medicamentos, não se tratava de uma tonelada, mas de 1,3 mil quilos de medicamentos. "Constatado o fato foi aberta sindicância por parte da prefeitura e tenho em mãos relatório final. E não é só desta gestão. Esses medicamentos vem sendo guardados há bastante tempo nesse posto. A prefeitura tinha que ter dado conhecimento público na época em que foi aberta sindicância e isso foi uma falha. Isso também deveria ter sido encaminhado para local adequado desde o fim da sindicância", conta, explicando que a Secretaria da Saúde encaminhou o assunto para a Secretaria do Meio Ambiente, que ainda não decidiu para onde levar. O mais lamentável, segundo ele, é que esta comissão sindicante "pediu arquivamento do assunto por não ter a quem culpar".<br />MANIFESTAÇÕES<br />Depois da divulgação da existência da sindicância, o assunto foi tema do discurso de grande parte dos vereadores que se pronunciaram na tribuna. Volnei Campagnoni (PMDB) pediu que o vice-prefeito Raul Cassel ocupasse a Secretaria da Saúde para profissionalizá-la. "Está na hora do Cassel assumir, impor linha dura e fazer o que a comunidade espera". <br />"É inadmissível que medicamentos vençam em caixas lacradas. Pior é saber que eles têm prazo de vencimento de cinco anos", disse a vereadora Anita Lucas de Oliveira (PT)<br />O vereador Gerson Peteffi disse que este é um problema que não é atual. "Se arrasta há muito tempo". Gilberto Koch parabenizou a atuação do Conselho Municipal de Saúde. "E o Executivo tenta tirar poder do Conselho".<br />Para Ralfe Cardoso (PSOL) o fato é uma "falta de compromisso que beira o descaso. Quem tem responsabilidade deve ter punição exemplar". Soli Silva (PDT) disse: "não entendo como falta remédio e como tanto remédio se estraga. Que houve erro, isso houve. Não há medida, não há controle?" <br />IRRESPONSABILIDADE<br />Segundo Teo Reichert, os responsáveis são funcionários públicos concursados ou não. "São irresponsáveis porque o dinheiro não é deles. É irresponsabilidade e por isso essa sindicância não tem valor nenhum".<br />Segundo Cleonir Bassani a situação é mais grave do que os remédios que perderam a validade. "Essa quantidade toda de medicamento vencido nos causa indignação, mas não é só esse o problema na saúde".<br />