07/04/2010 - Comunidade e autoridades propõem sugestões
Dione Moraes, do SOS Rio dos Sinos, também usou a
tribuna para relatar experiências e sugerir soluções para problema do
lixo em Novo Hamburgo na sessão especial desta quarta-feira, 7. Ela
relatou que a entidade tem uma historia relacionada com o lixo desde
2005. "A Câmara de Vereadores é um palco onde trazemos para o debate,
ao menos duas vezes por ano, essa questão". Ela disse que o Município
não tem nenhum arroio preservado. "Todos são um depósito de lixo." Para
Dione, a comunidade está ansiosa para que o problema seja resolvido,
mas destacou que há outras pessoas, porém, que não estão preocupadas
com o problema. "Só avançaremos quando juntarmos as mãos e preservarmos
não apenas o ambiente, mas os recursos hídricos também."
Separação por cores
Glauco
Genovi Engel, membro da Câmara Junior e do Grupo Pensando Novo
Hamburgo, contou que desde 2002 desenvolve pesquisa sobre o assunto.
Ele acredita que a base de qualquer projeto deve estar baseado na
instrução do Conama, que estabelece código de cores para os diferentes
tipos de resíduos. "O ideal seria que o catador tivesse o lixo todo
pré-separado e não precisasse abrir sacola por sacola. Os catadores
também deveriam sair das ruas e ir para os pavilhões, em cooperativas
organizadas, com receitas dignas para as pessoas que trabalham nela, e
com assistência previdenciária", explicou. De acordo com ele, o
processo deve ser todo modernizado. "Novo Hamburgo limpeza, Novo
Hamburgo beleza, eu faço a minha parte", disse Lauro, criando um slogan
para o assunto.
Tratamentos diferentes
O engenheiro
agrônomo e especialista em planejamento ambiental Arno André Poisl
falou que a central de lixo de Novo Hamburgo já foi concebida de forma
errada, bem como a sua localização. "A questão do lixo tem de ser
pensada a longo prazo, deve ser planejada", argumentou. Ele explicou
que os resíduos são diferentes (seco e orgânico) e precisam receber
tratamentos diferenciados. "Proponho desenvolvermos pequenos fóruns
abordando cada tipo de lixo". Para ele, cada bairro também deve ser
tratado de forma diferente, já que cada um tem características
próprias. "Vamos fazer um projeto piloto e começar por aí", sugeriu.
Problema social
A
questão do lixo e do papel reciclado devem ser tratadas como problema
social. É essa a ideia que defende a assistente social Vera Beatriz
Rambo. Ela relatou que o gerenciamento integrado pensa o lixo e a
realidade do catador, conjuntamente. "Devemos construir espaços no qual
o catador possa guardar seu material e triar os resíduos. O ideal, por
precaução à saúde, é que essa triagem não seja realizada em suas
residências", argumentou, acrescentando que é necessário também um
local no qual ele possa comercializar o seu material de forma mais
independente. "Temos cadastrados cerca de 300 catadores em nosso
Município, mas falamos, na verdade, em mais de 3 mil. Temos de
capacitá-los, precisamos pensar em uma organização formal". De acordo
com Vera, atualmente a central de lixo municipal beira ao trabalho
escravo, com pessoas trabalhando em condições sub-humanas. "Precisamos
de um projeto piloto, de um galpão de triagem no centro da cidade.
Precisamos de força para que os projetos saiam do papel" .
Escola e famílias
Maria
Menes do Amaral, representante da comunidade, ressaltou a importância
da conscientização ambiental. Segundo ela, essa consciência deve ser
estimulada na escola, pelos professores, e em casa, pelos pais. "O
assunto é mais sério do que podemos imaginar. Devemos atuar como
agentes de conhecimento do assunto onde estivermos. Eu já faço isso na
minha comunidade e fico muito feliz em ver que crianças da educação
infantil, na escola onde trabalho, por exemplo, são os alunos que mais
reciclam", relatou.
Pet
O Secretario de Obras e
Serviços Urbanos, Lino de Negri, destacou a importância da reciclagem
do material Pet e explicou como ele pode ser empregado, dando exemplos
da prefeitura de São Leopoldo e de outras empresas. "Na classificação
de materiais reciclado, só perde para o alumínio", explicou, pedindo um
melhor aproveitamento dos produtos reciclados.
Reciclar atitudes
O
vereador Gilberto Koch (PT), membro da Comissão de Meio Ambiente,
relatou o caso da Inglaterra, que mandou clandestinamente lixo para o
Brasil - e lembrou que o caso só foi descoberto por causa de denúncias.
Ele falou da quantidade de lixo produzido no Brasil e da falta de
conscientização de alguns empresários. "Precisamos de consciência
coletiva", afirmou o petista. Betinho disse que participa da Comissão
de Meio Ambiente pelo 5º ano. "Temos de começar a reciclar nossas
atitudes e pensar mais em lixo seletivo. Lixo é dinheiro", afirmou. O
vereador relatou também que 4 mil toneladas de lixo por mês de Novo
Hamburgo são levadas para o aterro sanitário de Minas do Leão. Esse
lugar tem vida de 17 anos. São 150 cidades que largam resíduos lá."
Lixo eletrônico
Luiz
Carlos Schenlrte (PMDB), também da Comissão de Meio Ambiente da Casa,
disse que é imprescindível a conscientização dos catadores. Além disso,
questionou: "Gostaríamos de saber o que a prefeitura está pensando em
relação ao lixo, especialmente ao eletrônico, que será um dos problemas
do século. Se a prefeitura não fizer nada, embora saibamos do que seja
necessário, ficamos de mãos amarradas".
Hora de coleta
Luiz
Henrique Nascimento, diretor de Limpeza Urbana do Município, falou que
é necessário começar pelas medidas mais simples, como observar o
horário da coleta dos resíduos. "Se a população não sabe, liga para
nós, informe-se. Colocar o lixo na rua nos dias e horários adequados já
é um grande passo." Ele afirmou que os tele-entulhos são outro grande
problema, e que estão buscando formas de amenizá-lo. "Temos de discutir
o assunto bairro por bairro para descobrirmos o que pode ser feito para
melhorar. A comunidade precisa decidir o que ela realmente quer.
Estamos aí para discutir e apresentar propostas para que possam ser
implementadas".