07/04/2010 - Comunidade e autoridades propõem sugestões

por mairakiefer — última modificação 16/10/2020 19h54
Questão do lixo mobiliza hamburguenses

Dione Moraes, do SOS Rio dos Sinos, também usou a tribuna para relatar experiências e sugerir soluções para problema do lixo em Novo Hamburgo na sessão especial desta quarta-feira, 7. Ela relatou que a entidade tem uma historia relacionada com o lixo desde 2005. "A Câmara de Vereadores é um palco onde trazemos para o debate, ao menos duas vezes por ano, essa questão". Ela disse que o Município não tem nenhum arroio preservado. "Todos são um depósito de lixo." Para Dione, a comunidade está ansiosa para que o problema seja resolvido, mas destacou que há outras pessoas, porém, que não estão preocupadas com o problema. "Só avançaremos quando juntarmos as mãos e preservarmos não apenas o ambiente, mas os recursos hídricos também."

Separação por cores
Glauco Genovi Engel, membro da Câmara Junior e do Grupo Pensando Novo Hamburgo, contou que desde 2002 desenvolve pesquisa sobre o assunto. Ele acredita que a base de qualquer projeto deve estar baseado na instrução do Conama, que estabelece código de cores para os diferentes tipos de resíduos. "O ideal seria que o catador tivesse o lixo todo pré-separado e não precisasse abrir sacola por sacola. Os catadores também deveriam sair das ruas e ir para os pavilhões, em cooperativas organizadas, com receitas dignas para as pessoas que trabalham nela, e com assistência previdenciária", explicou. De acordo com ele, o processo deve ser todo modernizado. "Novo Hamburgo limpeza, Novo Hamburgo beleza, eu faço a minha parte", disse Lauro, criando um slogan para o assunto.

Tratamentos diferentes
O engenheiro agrônomo e especialista em planejamento ambiental Arno André Poisl falou que a central de lixo de Novo Hamburgo já foi concebida de forma errada, bem como a sua localização. "A questão do lixo tem de ser pensada a longo prazo, deve ser planejada", argumentou. Ele explicou que os resíduos são diferentes (seco e orgânico) e precisam receber tratamentos diferenciados. "Proponho desenvolvermos pequenos fóruns abordando cada tipo de lixo". Para ele, cada bairro também deve ser tratado de forma diferente, já que cada um tem características próprias. "Vamos fazer um projeto piloto e começar por aí", sugeriu.

Problema social
A questão do lixo e do papel reciclado devem ser tratadas como problema social. É essa a ideia que defende a assistente social Vera Beatriz Rambo. Ela relatou que o gerenciamento integrado pensa o lixo e a realidade do catador, conjuntamente. "Devemos construir espaços no qual o catador possa guardar seu material e triar os resíduos. O ideal, por precaução à saúde, é que essa triagem não seja realizada em suas residências", argumentou, acrescentando que é necessário também um local no qual ele possa comercializar o seu material de forma mais independente. "Temos cadastrados cerca de 300 catadores em nosso Município, mas falamos, na verdade, em mais de 3 mil. Temos de capacitá-los, precisamos pensar em uma organização formal". De acordo com Vera, atualmente a central de lixo municipal beira ao trabalho escravo, com pessoas trabalhando em condições sub-humanas. "Precisamos de um projeto piloto, de um galpão de triagem no centro da cidade. Precisamos de força para que os projetos saiam do papel" .

Escola e famílias
Maria Menes do Amaral, representante da comunidade, ressaltou a importância da conscientização ambiental. Segundo ela, essa consciência deve ser estimulada na escola, pelos professores, e em casa, pelos pais. "O assunto é mais sério do que podemos imaginar. Devemos atuar como agentes de conhecimento do assunto onde estivermos. Eu já faço isso na minha comunidade e fico muito feliz em ver que crianças da educação infantil, na escola onde trabalho, por exemplo, são os alunos que mais reciclam", relatou.

Pet
O Secretario de Obras e Serviços Urbanos, Lino de Negri, destacou a importância da reciclagem do material Pet e explicou como ele pode ser empregado, dando exemplos da prefeitura de São Leopoldo e de outras empresas. "Na classificação de materiais reciclado, só perde para o alumínio", explicou, pedindo um melhor aproveitamento dos produtos reciclados.

Reciclar atitudes
O vereador Gilberto Koch (PT), membro da Comissão de Meio Ambiente, relatou o caso da Inglaterra, que mandou clandestinamente lixo para o Brasil - e lembrou que o caso só foi descoberto por causa de denúncias. Ele falou da quantidade de lixo produzido no Brasil e da falta de conscientização de alguns empresários. "Precisamos de consciência coletiva", afirmou o petista. Betinho disse que participa da Comissão de Meio Ambiente pelo 5º ano. "Temos de começar a reciclar nossas atitudes e pensar mais em lixo seletivo. Lixo é dinheiro", afirmou. O vereador relatou também que 4 mil toneladas de lixo por mês de Novo Hamburgo são levadas para o aterro sanitário de Minas do Leão. Esse lugar tem vida de 17 anos. São 150 cidades que largam resíduos lá."

Lixo eletrônico
Luiz Carlos Schenlrte (PMDB), também da Comissão de Meio Ambiente da Casa, disse que é imprescindível a conscientização dos catadores. Além disso, questionou: "Gostaríamos de saber o que a prefeitura está pensando em relação ao lixo, especialmente ao eletrônico, que será um dos problemas do século. Se a prefeitura não fizer nada, embora saibamos do que seja necessário, ficamos de mãos amarradas".

Hora de coleta
Luiz Henrique Nascimento, diretor de Limpeza Urbana do Município, falou que é necessário começar pelas medidas mais simples, como observar o horário da coleta dos resíduos. "Se a população não sabe, liga para nós, informe-se. Colocar o lixo na rua nos dias e horários adequados já é um grande passo." Ele afirmou que os tele-entulhos são outro grande problema, e que estão buscando formas de amenizá-lo. "Temos de discutir o assunto bairro por bairro para descobrirmos o que pode ser feito para melhorar. A comunidade precisa decidir o que ela realmente quer. Estamos aí para discutir e apresentar propostas para que possam ser implementadas".