Seminário propõe união do poder público, instituições de ensino e empresas
"Oportunidade tem, dinheiro tem, faltam projetos". Com esta frase, encerrou-se o seminário proposto pela Câmara Municipal de Novo Hamburgo que discutiu "Tecnologia e Competitividade como Ferramentas de Desenvolvimento". O seminário, que teve início com redes de fomento, como Banco do Brasil e Sicredi, culminou na palestra do coordenador do Finep (Financiamento de Estudos e Projetos), Vanderlan Vasconcelos. Além das oportunidades para micro, pequenas e médias empresas, o evento, realizado na segunda-feira, 28, teve como foco as incubadoras. Para falar sobre elas, trouxe não só as instituições de ensino, que viabilizaram as empresas através deste sistema, mas também cases das próprias empresas que tiveram ou ainda estão tendo este benefício para poder se estruturar. <br />FINANCIAMENTO<br />O superintendente regional do Banco do Brasil, Luis Felipe Maldaner e o assessor regional do Banco Sicredi, Solon Stapassola Stahl abriram o seminário na parte da tarde. Eles trouxeram explanações sobre as linhas de crédito que estas instituições oferecem aos empresários, tanto na estruturação, quanto na ampliação das empresas. Maldaner destacou a importância da diversificação da cadeia produtiva do Vale do Sinos. "Temos uma matriz econômica muito vinculada a uma só área. É urgente e necessária uma atitude para buscar inovação tecnológica e diversificação da matriz", avalia. Já Sthal focou em sua explanação não só as linhas de crédito para pequenas e médias empresas, mas também apresentou um histórico do Banco Sicredi. Destacou também a condição de associado, e não de cliente, das pessoas que trabalham com o banco.<br />PESQUISA<br />O módulo de pesquisa teve a explanação de quatro instituições de ensino e do Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins (CTCCA). As instituições de ensino mostraram os trabalhos que vêm desenvolvendo em incubadoras e nos cursos de desenvolvimento tecnológico. "Temos como objetivo articular práticas de ensino com pesquisas", explicou o diretor de Pesquisa e Produção Industrial da Fundação Liberato, Ramon Fernando Hans. Seu colega, gerente da Incubadora da Fundação Liberato, Luis Carlos Torres Araújo destacou a necessidade de articular também novas vocações. "Nosso desafio, é criar uma relação entre a necessidade da indústria e a criatividade dos projetos, para adequar um ao outro", avalia.<br />VALOR AGREGADO<br />Já o diretor de Inovação Tecnológica e responsável pela área de Biomecânica do Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins (CTCCA), Aloísio Otávio Vargas Ávila falou sobre a valorização do produto do Vale. "Trabalhamos numa concepção globalizada. Se o que desvaloriza nosso produto é a competitividade por preço, temos que trabalhar uma concepção de valor agregado, através da qualidade", explica.<br />INCUBADORAS<br />Representando a Feevale, o consultor Roberto Spolidoro explicou os critérios de funcionamento da Valetec, parque tecnológico da Feevale. Destacou a necessidade de discussões sobre os caminhos possíveis para o desenvolvimento regional. "É fundamental criar empresas a partir da nossa capacidade, e importante contribuir para uma identificação de vocações, estimulando a criação local de empresas, negócios e produtos inovadores adequados à economia global", revela. <br />A PONTE ENTRE OS SETORES<br />"O grande agente que pode fazer a ponte entre a universidade e o setor produtivo é o setor público", disse o diretor do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Alexandre Moretto Ribeiro. Ele destacou ainda a universidade comunitária como agente fundamental no desenvolvimento regional, reduzindo a dificuldade que as empresas de pequeno e médio porte tinham quanto ao acesso à tecnologia. Já o diretor regional do Campus I da UERGS, João Alifantes apresentou a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul como responsável em promover o desenvolvimento regional. "Não é função da UERGS competir, mas complementar e identificar nichos de mercado", afirma. Ele destacou também que no Brasil há a cultura da desconfiança, o que impede a aproximação da academia, setor produtivo e setor público.<br />VISÃO EMPRESARIAL<br />A visão empresarial exposta no seminário teve início com a explanação do vice-presidente de Tecnologia da ACI/NH e presidente da Fenac, Julio César Camerini. "Há um ponto de distanciamento entre empresas e universidades que precisamos solucionar. O conhecimento deve ser drenado da universidade para a empresa para ser convertido em produtos", diz, destacando que o poder público é um agente importante sem o qual nada acontece. Camerini ainda advertiu que há um risco no processo produtivo do Vale do Sinos. "Se a indústria calçadista e sua cadeia produtiva se desestimular, há o risco da perda da vocação e quando se perde a vocação, a tecnologia desenvolvida até então desaparece. Esta é uma realidade que precisamos enfrentar e isso passa pelos governos, porque o setor produtivo não pode agir sozinho", completa.<br />APOIO À INOVAÇÃO<br />Este foi o tema da explanação da técnica de execução regional do Sebrae, Renata Ferreira, e do supervisor do Sebrae de São Leopoldo, Marcelo Adriano. Eles apresentaram os instrumentos do Sebrae para esta inovação. "Nossas consultorias tecnológicas trabalham em necessidades cotidianas das empresas", disse Adriano. Já Renata explicou o funcionamento do Projeto Empreender. "É um programa de estímulo de cooperação e associativismo entre empresários de um mesmo setor. A idéia é o compartilhamento dos problemas comuns em reuniões", explica.<br />UM OUTRO PONTO DE VISTA<br />Três empresários contaram sua história no seminário. Dois incubados e um graduado (empresa que passou por incubação e hoje caminha com "suas próprias pernas"). Uma delas foi a Astech Soluções Tecnológicas. Um dos sócios, Anderson da Silva, contou a trajetória da empresa até o momento. Ainda incubada, a empresa já desenvolve dois projetos. A Astech está incubada na Valetec, e é fruto dos projetos de dois ex-alunos da Fundação Liberato. <br />Uma idéia, uma oportunidade e uma empresa que nascia. Assim foi a trajetória da Tecnodrill. Hoje é uma empresa respeitada em sua área. Gustavo Freitas, ex-aluno da Fundação Liberato, e seus sócios, desenvolveram seu produto e tiveram apoio dos professores da Liberato. Na época, ainda não havia a incubadora na instituição. Os alunos ganharam um espaço que estava desocupado. "Abrimos a porta, varremos a sujeira para fora e começamos a trabalhar. Fomos cobaia em incubação na Liberato, e somos muito gratos a ela por isso", conta.<br />Francisco Freitas, sócio da empresa 4TI, da incubadora Raiar, da PUC-RS, contou que até bem pouco tempo, a universidade treinava seus alunos para ser funcionários, receber ordens. "Aí, quando temos que delegar ordens, fica complicado", revela. Hoje, segundo ele, a PUC está reformulada, aplicando o empreendedorismo como foco. Freitas explicou também o produto de sua empresa, focada nas cooperativas. "Usamos nosso conhecimento em tecnologia com a criação de um software para gerenciamento de cooperativas de crédito", revela.<br />DINHEIRO TEM, FALTAM PROJETOS<br />Coordenador estadual do Finep, Vanderlan Vasconcelos encerrou o seminário. Ele explicou o que a Finep oferece, e as dificuldades em se conseguir projetos que podem ser beneficiados com recursos de financiamento ou a fundo perdido. "A Finep dá ou empresta dinheiro para aplicação em pesquisa, desenvolvimento e inovação de produtos ou processos", explica. Para ele, é preciso unir a comunidade científica com a empreendedora, para oportunizar uma mudança de comportamento e de cultura. Ele encerrou sua fala destacando a falta de projetos para os recursos disponíveis pela Finep. "Oportunidade tem, dinheiro tem, faltam projetos". Ainda antes do encerramento, o diretor da Rádio ABC 900 AM, Luis Fernando Gusmão, manifestou-se dizendo que o evento "valeu até a última palavra", e completou: "É isso que precisamos. Todos os trabalhos apresentados são dignos de parabéns".<br />IMPORTÂNCIA DO SEMINÁRIO<br />Para o presidente da Câmara, Cleonir Bassani, o seminário foi de extrema importância. "Quem esteve presente pôde ter uma noção de novas fórmulas de desenvolvimento que estão muito próximas, ou seja, existem caminhos, só precisam ser utilizados. As universidades desenvolvem tecnologias, as instituições de fomento financiam, os empresários deram seu testemunho. É um mundo que precisa ser conhecido por mais empreendedores", disse.<br />EXPOSIÇÃO<br />Ainda na parte da manhã, foram montadas exposições de tecnologias das incubadoras da PUC e Fundação Liberato. UERGS e PIO XII também participaram da exposição, a UERGS apresentando seus cursos e PIO XII com trabalhos de robótica. Um dos robôs participou da First Robotics Competition, nos Estados Unidos, onde conquistou o segundo prêmio mais importante da competição.<br /> <br /> <br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />