Vereadores manifestam repúdio às atitudes da Brigada Militar

por admin última modificação 16/10/2020 19h54
10/10/2005 - Moção será encaminhada à Secretaria de Justiça e Segurança do Estado

Foi aprovada na sessão desta quinta-feira, 6, a Moção de repúdio à Secretaria de Justiça e Segurança do Estado, pelas atitudes da Brigada Militar, envolvendo a morte do sindicalista Jair Antônio da Costa e pelo incidente no Estádio Beira Rio. A autoria do documento é dos vereadores petistas Gilberto Koch e Anita Lucas de Oliveira. Assinam também Teo Reichert (PDT) e Ralfe Cardoso (P-SOL). Segundo os vereadores, no final da manifestação pacífica contra o desemprego do setor calçadista, ocorrida no último dia 30, em Sapiranga, o sindicalista Jair Antônio da Costa foi covardemente assassinado, de forma violenta, por soldados da Brigada Militar.

 

O laudo do IML - Instituto Médico Legal comprovou que a morte foi por asfixia mecânica. Vereadores lembraram que durante o ato, o sindicalista segurava uma faixa que dizia "Justiça de Democracia". Os vereadores ainda lembraram que após 24 horas do enterro do sindicalista, a mesma Brigada Militar envolveu-se em conflitos com torcedores no Estádio Beira Rio, deixando várias pessoas feridas.

 

Diante dos fatos ocorridos, Betinho, Anita, Teo e Ralfe manifestam repúdio e condenam estes acontecimentos, que demonstram, segundo eles, o comportamento violento e o despreparo dos órgãos de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul. Cópia da Moção foi também encaminhada ao governador do Estado, Germano Rigotto, ao comando-Geral da Brigada Militar do RS, Coronel Airton Carlos Costa e ao comando Regional da Brigada Militar do Vale do Sinos. O documento ainda deve chegar às mãos do comando da Brigada Militar em Sapiranga.

 

INDIGNAÇÃO

 

Em manifestação na tribuna, Betinho criticou o depoimento do subcomandante do 32º Batalhão de Polícia Militar, major Eduardo Pithan ao Jornal NH desta quarta-feira, onde ele teria classificado Jair como delinqüente. Betinho lamentou ainda o depoimento do vice-governador Antônio Holhfeldt, à rádio Gaúcha, onde, ao comentar o incidente no Beira Rio, teria dito que campo de futebol não é lugar de mulher e criança.

 

Anita também se manifestou. "Já se começou a mudar os fatos. O Jair, de sindicalista, passou a delinqüente. E de alguma forma se está acobertando o fato", adverte. Segundo Ralfe Cardoso, a Brigada agiu com violência em manifestações similares em Novo Hamburgo, em Ivoti e em Sapiranga, quando culminou na morte do sindicalista. Para ele, isso é sinônimo de falta de voz de comando. "É fundamental a substituição secretário de Justiça e Segurança por incompetência e falta de preparo", finaliza afirmando que existe permissão de abuso em manifestações públicas sociais.

 

FATOS ISOLADOS

 

O vereador Renan Schaurich lamentou o episódio da morte do sindicalista, mas disse que o momento é de ampliação da discussão. "Não podemos concordar com atitudes de agressão por parte de quem tem que proteger, mas as lideranças partidárias, sindicais, e de torcidas organizadas devem pensar em manifestar-se com responsabilidade", avalia. Renan considerou o caso um fato isolado e lembrou que quando a Brigada intervém é porque foi pressionada para agir. "Não podemos, por causa deste caso desmoralizar toda a corporação", completa.

 

Único voto contrário à moção, o vereador Jorge Luz, justificou voto contrário, antecipando que é inconcebível que um policial militar pratique tal ato. "Acredito, porém, que a moção deveria ser dirigida, e não abrangente. A moção deveria ser dirigida ao comandante e aos que agrediram o Jair, que era um trabalhador, não delinqüente", justifica. Para o vereador Ito Luciano, a organização da manifestação também deveria ser responsabilizada.