Deputado curitibano apóia moção em NH

por admin última modificação 16/10/2020 19h54
02/09/2005 - Projeto que dispõe sobre o ato médico é repudiado

Com os votos contrários dos vereadores Gerson Peteffi (PSDB) e João Marcos (PTB) a Câmara Municipal aprovou a Moção de Repúdio ao projeto 25/02, que dispõe sobre o ato médico. O projeto, de autoria do senador Geraldo Althoff, tramita no Senado. A Moção leva a assinatura dos vereadores Gilberto Koch e Ralfe Cardoso. Na avaliação destes não é só a doença que deve ser tratada, mas o doente em si, com a sua história de vida e com a sua família. O tratamento de saúde não é sinônimo apenas de tratamento médico, pois vários profissionais atuam em equipes interdisciplinares. "Somos a favor do trabalho interdisciplinar na saúde. O ato de saúde exige muitos profissionais trabalhando por meio de relações interdisciplinares. Somos a favor dos princípios básicos do Sistema Único de Saúde."

DR. ROSINHA

A Moção de Repúdio contou com o apoio do Dr. Rosinha, deputado estadual do PT em Curitiba, onde também foi vereador. Ele é médico pediatra, sanitarista e tem se dedicado a fazer palestras sobre o ato médico, posicionando-se contra o projeto do Senador Althoff.

Pela primeira vez em NH, Dr. Rosinha utilizou-se da Tribuna Popular da Câmara Municipal e destacou a complexidade do tema, pois outras categorias têm definido o que é o ato profissional, enquanto que o ato médico carece de definição em função da abrangência do mesmo e do envolvimento de vários profissionais. O debate deve ser distinto, definindo quais os atos na área de saúde que são necessários hoje para o atendimento do paciente. O projeto do Senador Althoff não dá conta do que é o ato médico, explicou. Discordou do art. 3º que reserva aos médicos o direito exclusivo de exercerem chefias nas áreas de saúde. Como está, concluiu, o projeto não pode ser aprovado porque estabelece o poder de uma categoria sobre as demais e o médico não trabalha sozinho, mas integrado com outras pessoas.

APELIDO

De forma descontraída, esclareceu que o seu nome é Florisvaldo, que é pior que o nome de Dr. Rosinha, segundo ele. O apelido, que acabou se consagrando, lhe foi dado pelos colegas, durante o curso de medicina, porque só usava uma camisa rosa.

DESPREENDIMENTO

Ralfe Cardoso elogiou o despreendimento social do médico, que tem defendido o seu entendimento em palestras por todo o Brasil. Destacou a importância do debate com os estudantes realizado pelo médico na Feevale, onde mais de cinco mil estudantes aguardam que esse projeto não seja aprovado. Gilberto Koch agradeceu a presença de Rosinha e destacou a importância dessa discussão para a sociedade.

Anita Lucas de Oliveira afirmou que ainda não tinha tido a oportunidade de participar de uma discussão sobre o ato médico. Comentando o art. 1º, disse que o tratamento das doenças é só do médico, mas a reabilitação do enfermo precisa de outros profissionais. Também questionou a disposição de reservar os cargos de chefia somente aos médicos. Apontou a ilegalidade dos que não têm formação técnica e receitam ou indicam condutas às pessoas, mas lembrou que o médico também pode errar.

PETEFFI RECOMENDA CUIDADO

Gerson Peteffi afirmou que não se arvora em repudiar "absolutamente nada" do que está escrito. "Dificilmente na nossa profissão nós repudiamos algo. Repudio sim a CPMF, cujo retorno é zero. Os médicos enfrentam dificuldades para conseguir medicamentos e cirurgias pois os repasses do governo federal estão atrasados e lamento que o governo Lula registrE os piores índices na saúde desde 1995".

Sobre o projeto, disse que o ato médico em si pode ser revisado, mas que não pode concordar quando se vem à tribuna e se joga o médico contra outras categorias. "Tem que se ter cuidado". E explicou: "Existem pedreiros e mestre-de-obras que podem construir um edifício, mas eles não têm formação para isso. Quem vai garantir que a obra não caia é o engenheiro e o arquiteto. O pedreiro não pode assinar a planta. No posto onde eu atendo há 23 anos, trabalhando ao lado de uma excelente equipe, a técnica em enfermagem que faz um curativo não pode receitar ou decidir o que fazer num caso. É justamente essa hierarquia que faz o sucesso do atendimento médico. Aqui em NH essa relação funciona muito bem, não há conflitos. Sei que pelo Brasil afora há uma verdadeira bagunça, com profissionais de várias áreas prescrevendo dietas e balconista receitando óculos, por exemplo"

CORPORATIVISMO

Renan Schaurich lembrou que vários segmentos sociais se expressam na representação das casas legislativas e que todos lutam por seu espaço. "Algumas categorias ocupam mais espaços do que outras. É uma luta corporativista dos profissionais médicos paralelo a outros segmentos da saúde que buscam também o seu espaço". "Talvez, explicou, a expressão repúdio seja muito forte. A classe médica não tem condições e todos precisamos de todo mundo. Concordo em parte com a moção e concordo em parte com o projeto", concluiu.