04/08/2010 - Saúde é principal tema debatido em sessão

por mairakiefer — última modificação 16/10/2020 19h54
Vereadores buscam soluções para o impasse do Hospital Municipal

A saúde foi o tema principal das falas dos vereadores na sessão de terça-feira, 3. Ito Luciano (PMDB) disse que ficou chocado em sua última visita ao Hospital Municipal. "Não é possível que tenhamos um hospital como aquele. Quem chega lá se apavora", afirmou. Ele ainda apontou que duas ambulâncias do Município estão na oficina há mais de dois meses. "Temos que tomar uma providência." Segundo Ito, postos de saúde também apresentam problemas, pois alguns não têm cobertura para as pessoas se abrigarem da chuva e do sol.

Gerson Peteffi (PSDB) contou que soube de um cidadão internado que não conseguiu fazer uma cirurgia por falta de salas disponíveis. "Terminando agora as obras no hospital, vai se gastar menos do que se houver nova licitação", ponderou. O líder do governo, Gilberto Koch (PT), disse que o chefe do Executivo está em busca de soluções. "Vou falar em primeira mão: o prefeito também quer mexer no projeto do hospital. No térreo, em vez da cozinha, ele acha que deve ser feita a sala de emergência, para proporcionar à comunidade melhor acesso."

Elogios ao atendimento
Luiz Carlos Schenlrte (PMDB) ouviu o relato de um cidadão que ficou internado. "Ele elogiou bastante. Acho que o hospital cumpre com a obrigação, mas não está como a gente gostaria. Talvez o problema seja entrar no hospital. Depois, porém, o atendimento é muito bom. Sei de uma senhora que é atendida em casa." Ele se preocupa, entretanto, com a falta de médicos, inclusive nos postos de saúde. "Faltam profissionais na área da saúde. Estão sendo feitos vários postos, mas muitas pessoas fazem concurso, passam e não querem trabalhar."

Ito salientou que não reclama do atendimento. "O pavoroso é ver os familiares com o doente nos corredores, em macas. Concordo que os profissionais estão fazendo o possível e o impossível."

Questionamentos
Matias Martins (PT) disse que o prefeito não pode ficar refém de um preciosismo de um técnico da prefeitura. "Há laudos dizendo que não há superfaturamento." Ele destacou que foi no Pronto-Atendimento levar uma pessoa doente e ficou impressionado com o atendimento. "A médica era muito dedicada. Os funcionários talvez não façam mais por falta de estrutura."

"Uma coisa me intriga: por que se gastou na contratação de um perito para o hospital, se agora vão se basear no laudo de um engenheiro da prefeitura?", questionou o vice-presidente da Casa, Sergio Hanich (PMDB). O presidente Jesus Maciel (PTB) relatou estar em contato com o departamento jurídico para analisar a possibilidade de os vereadores e a prefeitura chegarem a um acordo com o juiz responsável pelo caso. "Acredito que iremos ajudar muito."

Crianças
De acordo com Jesus, representantes do Conselho Tutelar pediram para que fosse criada uma ala dedicada apenas a crianças de zero a 12 anos. "Solicitei que meu gabinete estude o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para ver se existe alguma coisa que possa embasar esse pedido."

Peteffi lembrou que não há, em Novo Hamburgo, atendimento pediátrico cirúrgico. "Todos os procedimentos são feitos em Porto Alegre. São coisas simples. Se para os adultos está difícil, para as crianças é pior."

Serjão sugeriu que os vereadores entrem em acordo para que toda a verba que sobra seja usada somente para saúde e para as crianças. Jesus Maciel concordou com a proposta.

Cirurgias eletivas
Peteffi disse ainda que não são feitas cirurgias eletivas no município. "Sapucaia também opera pacientes hamburguenses, assim como Portão e Campo Bom. Ou seja, exportamos as eletivas, com as quais poderiam ganhar. São cirurgias de hérnia, pedra na vesícula, ouvido furado, adenóide, hemorróida, fimose, entre outras. Isso tudo geraria bons dividendos para o Município. Mas o que vem para cá? Facada, acidente, tiro", disse. "Por isso, temos que regionalizar o hospital. A administração deve tentar aumentar a quota do hospital, não em número de pessoas, mas patamares, para poder fazer procedimentos mais complexos."

Betinho completou que Novo Hamburgo tem 260 mil habitantes, mas o atendimento hospitalar abrange mais de 400 mil, pois recebe pessoas de outras cidades da região.

ENTENDA O CASO
As obras de ampliação do Hospital Municipal estão paradas desde fevereiro de 2009. Para verificar essa situação, os vereadores visitaram o local no início de maio. Foram acompanhados pelo prefeito Tarcísio e pela direção da Fundação de Saúde Pública. A iniciativa da visita às obras de ampliação do Hospital partiu da Comissão de Saúde da Câmara, presidida pelo vereador Raul Cassel e integrada pelos vereadores Ito Luciano e Gerson Peteffi.

Há dúvidas quanto ao valor total da obra, que é de R$ 4 milhões e 300 mil. A Prefeitura questiona se os pagamentos efetuados correspondem exatamente ao que foi realizado. Tarcísio Zimmermann explicou que, em maio de 2008, o controle interno da prefeitura apontou diferenças significativas entre o que foi orçado pela empreiteira Fagundes e o preço de mercado. De posse desse documento, o então presidente do Diretório Municipal do PT, José Luiz Lauermann, fez uma representação junto ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público. Em março de 2009 venceu o prazo do contrato com a empreiteira, que não foi renovado. A empresa ajuizou ação contra a Prefeitura, para receber valores contestados. O Executivo recorreu porque a obra está inacabada. O Ministério Público arquivou o processo de suspeita de superfaturamento, pois as investigações constataram que não procede.

04/08/2010