04/08/2010 - Saúde é principal tema debatido em sessão
A saúde foi o tema principal das falas dos
vereadores na sessão de terça-feira, 3. Ito Luciano (PMDB) disse que
ficou chocado em sua última visita ao Hospital Municipal. "Não é
possível que tenhamos um hospital como aquele. Quem chega lá se
apavora", afirmou. Ele ainda apontou que duas ambulâncias do Município
estão na oficina há mais de dois meses. "Temos que tomar uma
providência." Segundo Ito, postos de saúde também apresentam problemas,
pois alguns não têm cobertura para as pessoas se abrigarem da chuva e
do sol.
Gerson Peteffi (PSDB) contou que soube de um cidadão
internado que não conseguiu fazer uma cirurgia por falta de salas
disponíveis. "Terminando agora as obras no hospital, vai se gastar
menos do que se houver nova licitação", ponderou. O líder do governo,
Gilberto Koch (PT), disse que o chefe do Executivo está em busca de
soluções. "Vou falar em primeira mão: o prefeito também quer mexer no
projeto do hospital. No térreo, em vez da cozinha, ele acha que deve
ser feita a sala de emergência, para proporcionar à comunidade melhor
acesso."
Elogios ao atendimento
Luiz Carlos Schenlrte
(PMDB) ouviu o relato de um cidadão que ficou internado. "Ele elogiou
bastante. Acho que o hospital cumpre com a obrigação, mas não está como
a gente gostaria. Talvez o problema seja entrar no hospital. Depois,
porém, o atendimento é muito bom. Sei de uma senhora que é atendida em
casa." Ele se preocupa, entretanto, com a falta de médicos, inclusive
nos postos de saúde. "Faltam profissionais na área da saúde. Estão
sendo feitos vários postos, mas muitas pessoas fazem concurso, passam e
não querem trabalhar."
Ito salientou que não reclama do
atendimento. "O pavoroso é ver os familiares com o doente nos
corredores, em macas. Concordo que os profissionais estão fazendo o
possível e o impossível."
Questionamentos
Matias
Martins (PT) disse que o prefeito não pode ficar refém de um
preciosismo de um técnico da prefeitura. "Há laudos dizendo que não há
superfaturamento." Ele destacou que foi no Pronto-Atendimento levar uma
pessoa doente e ficou impressionado com o atendimento. "A médica era
muito dedicada. Os funcionários talvez não façam mais por falta de
estrutura."
"Uma coisa me intriga: por que se gastou na
contratação de um perito para o hospital, se agora vão se basear no
laudo de um engenheiro da prefeitura?", questionou o vice-presidente da
Casa, Sergio Hanich (PMDB). O presidente Jesus Maciel (PTB) relatou
estar em contato com o departamento jurídico para analisar a
possibilidade de os vereadores e a prefeitura chegarem a um acordo com
o juiz responsável pelo caso. "Acredito que iremos ajudar muito."
Crianças
De
acordo com Jesus, representantes do Conselho Tutelar pediram para que
fosse criada uma ala dedicada apenas a crianças de zero a 12 anos.
"Solicitei que meu gabinete estude o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) para ver se existe alguma coisa que possa embasar
esse pedido."
Peteffi lembrou que não há, em Novo Hamburgo,
atendimento pediátrico cirúrgico. "Todos os procedimentos são feitos em
Porto Alegre. São coisas simples. Se para os adultos está difícil, para
as crianças é pior."
Serjão sugeriu que os vereadores entrem em
acordo para que toda a verba que sobra seja usada somente para saúde e
para as crianças. Jesus Maciel concordou com a proposta.
Cirurgias eletivas
Peteffi
disse ainda que não são feitas cirurgias eletivas no município.
"Sapucaia também opera pacientes hamburguenses, assim como Portão e
Campo Bom. Ou seja, exportamos as eletivas, com as quais poderiam
ganhar. São cirurgias de hérnia, pedra na vesícula, ouvido furado,
adenóide, hemorróida, fimose, entre outras. Isso tudo geraria bons
dividendos para o Município. Mas o que vem para cá? Facada, acidente,
tiro", disse. "Por isso, temos que regionalizar o hospital. A
administração deve tentar aumentar a quota do hospital, não em número
de pessoas, mas patamares, para poder fazer procedimentos mais
complexos."
Betinho completou que Novo Hamburgo tem 260 mil
habitantes, mas o atendimento hospitalar abrange mais de 400 mil, pois
recebe pessoas de outras cidades da região.
ENTENDA O CASO
As
obras de ampliação do Hospital Municipal estão paradas desde fevereiro
de 2009. Para verificar essa situação, os vereadores visitaram o local
no início de maio. Foram acompanhados pelo prefeito Tarcísio e pela
direção da Fundação de Saúde Pública. A iniciativa da visita às obras
de ampliação do Hospital partiu da Comissão de Saúde da Câmara,
presidida pelo vereador Raul Cassel e integrada pelos vereadores Ito
Luciano e Gerson Peteffi.
Há dúvidas quanto ao valor total da
obra, que é de R$ 4 milhões e 300 mil. A Prefeitura questiona se os
pagamentos efetuados correspondem exatamente ao que foi realizado.
Tarcísio Zimmermann explicou que, em maio de 2008, o controle interno
da prefeitura apontou diferenças significativas entre o que foi orçado
pela empreiteira Fagundes e o preço de mercado. De posse desse
documento, o então presidente do Diretório Municipal do PT, José Luiz
Lauermann, fez uma representação junto ao Tribunal de Contas e ao
Ministério Público. Em março de 2009 venceu o prazo do contrato com a
empreiteira, que não foi renovado. A empresa ajuizou ação contra a
Prefeitura, para receber valores contestados. O Executivo recorreu
porque a obra está inacabada. O Ministério Público arquivou o processo
de suspeita de superfaturamento, pois as investigações constataram que
não procede.
04/08/2010