Mobilização popular surge como alternativa para barrar o Polão
Somente com um forte movimento da população e de seus representantes é que haverá possibilidade de impedir-se a construção do Pólo Rodoviário Metropolitano, o chamado Polão. Esta foi a principal conclusão do debate realizado na última segunda-feira, na Câmara Municipal, em defesa do Anel Rodoviário, que culminou com uma convocação de mobilização. A iniciativa da Comissão Especial Pró-Anel Rodoviário, integrada pelos vereadores Gilberto Koch, Volnei Campagnoni, Teo Reichert e Gerson Peteffi reuniu deputados, prefeitos, vereadores e dezenas de representantes de associações, sindicatos e instituições da região. O vice-prefeito Raul Cassel propôs que a população organize um ato público junto à BR-116, no futuro posto de pedágio.
PROPOSTA DO POLÃO É UM ENGODO
O presidente do Grupo Editorial Sinos, Mário Gusmão, apresentou extenso relatório sobre o processo de licitações que envolvem a construção do Polão, bem como as armadilhas que o projeto esconde, classificadas por ele como "mentiras e absurdos". Em dezembro de 98 o DAER revogou a licitação da obra, devido à irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas desde 97. Em contrapartida, as partes interessadas afirmam que existe a aprovação do TC e que a verba disponível para o início das obras é de 500 mil dólares, o que é mentira, segundo Gusmão. O que as empreiteiras querem, explicou, é assinar o contrato e começar as obras em seis meses para cobrar o pedágio a partir do sexto mês. O sonho das empreiteiras é o Polão, completou, pois ele significará uma receita de dois bilhões e 500 milhões de dólares ao longo de 25 anos. Automóveis e utilitários que circularem, por exemplo, entre o Bairro Scharlau e o município de Sapucaia do Sul pagarão R$11,60, ida e volta, e caminhões de dois eixos R$20,40.
As modificações propostas pelo Polão não vão ajudar a desafogar o trânsito na BR-116. São alternativas que não trazem uma solução. As alterações a serem feitas demorarão mais do que está sendo anunciado. Muitas dependem de desapropriações, como é o caso da RS-118. Na ligação da Tabaí-Canoas com Porto Alegre, até a RS-290, as obras só poderão começar no 10º ano, após a assinatura do contrato. Na Rodovia do Parque a obra inicia no 13º ano após a assinatura do contrato e termina no 15º ano.
O jornalista Mário Gusmão também denunciou que as empreiteiras interessadas convenceram deputados, senadores e alguns prefeitos da Grande Porto Alegre para apoiar a proposta do Polão.
PRESSÃO DAS EMPREITEIRAS
O deputado estadual Ronaldo Zulke, presidente da Comissão Externa da Assembléia em Defesa do Anel Rodoviário, parabenizou a Câmara Municipal pela iniciativa do debate. Informou que a Comissão busca, entre outras coisas, formas de financiamento para a construção do Anel. Na sua avaliação, somente após a manifestação desta Comissão é que as empresas interessadas no Polão começaram a fazer pressão para que esta alternativa se concretize.Os quatro municípios apoiadores - Cachoeirinha, Gravataí, Canoas e Esteio - não pagarão pedágio. A região envolve 12 municípios e a solução deve beneficiar a todos, o que não acontecerá com o Polão, afirmou. O Anel, tecnicamente, é o que mais se adapta aos 110 mil veículos/dia e aos três milhões de pessoas que serão diretamente beneficiadas, sem incluir a serra.
ARGUMENTOS FALSOS
O deputado estadual Kanan Buz declarou que "sob o argumento de desafogar a BR-116, se aplica uma obra em que Gravataí não pagará pedágio". A alternativa do Polão, explicou, são os desvios que não têm trafegabilidade para veículos e caminhões. Criticou os apoiadores do Polão e disse que não é possível que o interesse dos empreiteiros prejudique milhares de contribuintes.
PREJUÍZO GENERALIZADO
O reitor da Feevale, professor Ramon Fernando da Cunha, definiu o Polão como a alternativa mais cara de todas e lembrou que todos serão penalizados, citando os setores industrial, comercial, de turismo, além de todos os municípios que se utilizam da BR-116 e dos dois mil alunos da Feevale que por ela transitam.
PEDÁGIO É AUMENTO DE TRIBUTO
Edgar Fedrizzi, vice-presidente da ACI - Associação Comercial e Industrial, disse que a grande bandeira da ACI e da sociedade é a redução de impostos e que o pedágio é aumento de tributo que onera a população, os estudantes e os produtos que circulam pelas estradas, aumentando custos. Até o serviço do moto-boy vai aumentar, concluiu. Anunciou que a ACI lidera um "Movimento de Resistência ao Polão". Nesta quarta-feira, em frente à Câmara Municipal de São Leopoldo, haverá manifestação de estudantes.
Também se manifestaram representantes do Rio Grande do Sul e do Paraná, do Fórum contra o Pedágio, divulgando o site www.forumpopular.zip.net , além de vereadores e líderes comunitários.