Vereadores aprovam criação de prêmio para profissionais da cultura
Conforme o Projeto de Decreto Legislativo nº 7/2022, cada vereador poderá indicar um agraciado. Os requerimentos deverão ser formalizados até o dia 8 de setembro, contendo o nome e a justificativa para a premiação. O PDL resgata uma honraria criada pelo Legislativo em 2006, mas que nunca foi colocada em prática. Além de atualizar as regras, Raizer Ferreira também atribui ao troféu o nome do artista plástico Ernesto Frederico Scheffel.
“O presente projeto objetiva agraciar personalidades que tenham revelado criatividade, seriedade e comprometimento com a preservação dos valores culturais do nosso município, a exemplo de Scheffel, um artista de muitos talentos, capaz de reproduzir o presente e revolucionar o futuro”, explica o parlamentar tucano. Apesar de obter o apoio de todos os vereadores, a matéria ainda passará por duas novas votações na próxima semana antes de ser publicada como decreto no Diário Oficial da Câmara.
Autor da iniciativa, Raizer Ferreira (PSDB), usou a tribuna para trazer mais informações sobre o projeto de decreto. “Sabemos que a cultura é um elemento essencial na construção de uma sociedade justa e democrática. Nos entender e valorizar a diversidade de expressões, ideias e tradições que compõem nossa cidade, estado e país. A cultura é um importante motor econômico e social capaz de gerar emprego, renda e promover o desenvolvimento. O prêmio é um incentivo para que as pessoas envolvidas no setor cultural hamburguense continuem a produzir e divulgar suas obras e atividades, além de estimular novos talentos. Estamos demonstrando que a cultura é um bem precioso e fundamental para o crescimento da nossa cidade e aqueles que trabalham para difundir e promover a nossa identidade cultural merece todo nosso respeito e gratidão”, afirmou.
Felipe Kuhn Braun (PP) frisou o quão justa é a homenagem que reconhecerá 14 pessoas anualmente e que, em sua área de atuação, pela cultura de Novo Hamburgo, promovem a cidade. Segundo ele, se hoje há uma galeria de arte Ernesto Frederico Scheffel é porque houve um esforço dele e de outras pessoas, que se uniram para que isso acontecesse, incluindo a sua irmã Lia Scheffel Kirsch e o curador Angelo Reinheimer. “Scheffel é um grande artista e uma questão que gosto de ressaltar é que ele poderia ter ficado na Itália e na Europa, mas ele acreditou no nosso país, estado e cidade e fez a diferença aqui. O mais lindo é quando a gente ainda pode ter milhares crianças que crescem conhecendo e reconhecendo a importância do trabalho e da arte dele para a história de Novo Hamburgo. Por meio desta premiação, homenagearemos as pessoas com o nome dele, mais uma forma de reafirmar a sua memória”, salientou.
O curador da Fundação Ernesto Frederico Scheffel, Angelo Reinheimer, usou a tribuna e destacou que uma das principais homenagens recebidas pelo artista passou pela Câmara em 1974 e foi a criação da entidade. Ele lembrou que Scheffel amou e serviu Novo Hamburgo da sua melhor maneira. “Agora, como cidadão desta cidade, eu também preciso relembrar de algumas coisas que me trazem orgulho e que também passaram aqui pela Casa, como as homenagens realizadas a professora Dalilla Sperb, a Emília Sauer e a Nair Lara, a vó Nair, e a criação do Dia do Patrimônio Histórico de Novo Hamburgo, comemorado em 8 de outubro, aniversário do Scheffel. É um espaço dado para a Cultura, tão importante quanto a outras áreas”, enfatizou.
Angelo Reinheimer destacou, ainda, que a proposição do vereador Raizer deixa todos gratos. “Temos uma grande diversidade cultural, temos de homenagear mais que uma pessoa, seria injusto escolhermos uma só. São inúmeros os profissionais que fazem da cultura o seu ganha pão e ferramenta de desenvolvimento humano”, disse. Segundo ele, nada melhor que os representantes do povo escolham, nas suas comunidades e entre as diversas expressões de arte e cultura, os seus homenageados, porque são conhecedores de quem realmente trabalha na área.
Cristiano Coller (PTB) agradeceu o reconhecimento do curador às ações promovidas pela Câmara e destacou importantes premiações realizadas pela Casa, como o mérito esportivo, mérito de segurança pública e o mérito Farroupilha.
Ricardo Ritter – Ica (PSDB) ressaltou a importância do decreto e, especialmente, a homenagem realizada ao artista Scheffel.
Ernesto Frederico Scheffel
Nascido em 8 de outubro de 1927 no atual município de Campo Bom, Scheffel mudou-se com sua família para Hamburgo Velho aos 8 anos de idade. Foi em Novo Hamburgo que o artista recebeu as primeiras noções de pintura a óleo sobre madeira. O anseio pela evolução nos estudos o conduziu a Porto Alegre em 1941, quando ingressou na Escola Técnica Parobé e no Instituto de Belas Artes. Em 1950, viajou a estudo para o Rio de Janeiro, onde permaneceria por nove anos. Foi na então capital federal que o artista conquistou uma premiação que o levou à Europa. Lá, conheceu Florença, em cujas cercanias fixaria seu ateliê por décadas. Ainda assim, mesclou temporadas no Brasil, cultivando suas raízes em Novo Hamburgo.
Em 1974, durante as comemorações do sesquicentenário da imigração alemã no Rio Grande do Sul, o então prefeito Miguel Schmitz ofereceu a Scheffel um espaço à sua escolha para a instalação de um museu de arte. O prédio escolhido, construído em 1890 pelo agrimensor Adão Adolfo Schmitt, era um antigo encanto do artista plástico desde sua infância em Hamburgo Velho. Recuperada pelo arquiteto Nelson Souza, a Fundação Ernesto Frederico Scheffel foi inaugurada em 5 de novembro de 1978. Hoje, o espaço, localizado na avenida General Daltro Filho, 911, abriga um acervo de 385 obras do artista, entre pinturas, desenhos e esculturas.
Seu empenho, sua dedicação e a representatividade de sua obra levaram a Câmara a lhe agraciar com o título de Cidadão de Novo Hamburgo em 2004. Após lutar contra um câncer no final de sua vida, Scheffel faleceu em julho de 2015, aos 87 anos.
A aprovação em primeiro turno
Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. O resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.