Vacinação contra coronavírus se inicia em Novo Hamburgo
Desde março, os cuidados da coordenadora da UTI e de sua equipe atenuaram os sofrimentos daqueles que tiveram suas vidas em risco por conta das consequências da doença, que só em Novo Hamburgo vitimou 338 pessoas.
“Me sinto aqui representando toda a classe dos profissionais da saúde. É uma honra, é um orgulho representar essas pessoas que fazem um trabalho incansável, que têm se dedicado e feito abdicações para se chegar nessa etapa. Eu me sinto, Bárbara, com vários colegas juntos, e o meu braço é o braço de vários”, expressou a médica, formada em Medicina em 2012 pela Universidade de Passo Fundo.
Bárbara reforçou o quão intenso tem sido o dia a dia das equipes da saúde no último ano. Segundo ela, até o mês de agosto tinha de levar consigo para casa o celular da UTI. Como coordenadora da unidade, falou sobre o desafio de gerir neste momento esse espaço especializado no atendimento aos casos mais graves de Covid. “Vivemos diante de um inimigo que não conhecíamos”, lembrando o temor existente no princípio de ocorrer falta de leitos. “Felizmente, isso não ocorreu. Tudo isso foi com o trabalho e esforço de muitos", declarou.
Sobre o crescimento nos casos após as comemorações de final de ano, a médica relatou que há uma situação de alerta, com número grande de pacientes nas UTIs e internação também. “Mas certamente estamos preparados e estruturados conforme o nível de aumento, com plano já definido caso precise”, avaliou. A prefeita Fátima Daudt acrescentou que há disponibilidade de leitos de UTI e clínicos. “Não é por isso que as pessoas podem deixar de fazer a precaução necessária. Com certeza, durante o ano de 2021 teremos muitos óbitos e casos graves de internação. É importante que todos se cuidem e que as vacinas cheguem logo aos municípios”, finalizou a prefeita.
Os imunizantes ficarão acondicionados nas câmeras de refrigeração da Gerência da Vigilância em Saúde. Conforme Fátima, após a contagem e verificação das unidades as doses serão encaminhadas para os grupos prioritários, definidos pela vigilância sanitária seguindo o modelo preconizado pelo Ministério da Saúde.
O coordenador do Setor de Imunização de Novo Hamburgo, Edson Silva, antecipou que serão priorizados os Centros Covid, Hospitais Municipal, Regina e Unimed. “Estabeleceremos uma agenda com esses serviços para que a gente possa contemplar os nossos colegas trabalhadores e as equipes do Samu, além de reavaliar a questão das Instituições de Longa Permanência para Idosos em relação ao quantitativo de abrigados”, disse. Em Novo Hamburgo, existem mais de 30 ILPIs, de acordo com a Gerente da Vigilância em Saúde, Lisa Gaspar Ávila. “Se utilizarmos os números da nossa campanha de 2020 da gripe seriam 1.450 pessoas entre os idosos residentes e as equipes de cuidadores, técnicos em enfermagem e enfermeiros que atuam nessas instituições. É um número bem expressivo diante das doses que temos”, avaliou a profissional.
Entre integrantes das equipes da saúde, estima-se que haja um pouco mais de 300 servidores envolvidos diretamente, lotados entre o Centro Covid de triagem e a UTI Covid, divididos em quatro turnos de trabalho, somados aos cerca de 400 profissionais que atuam na área nos hospitais Regina e Unimed. Edson explicou que as vacinas recebidas nesta terça compõem a primeira dose, sendo que o restante que será utilizado em um segundo momento de imunização do grupo prioritário segue armazenado pelo governo estadual. A indicação da segunda dose é entre 14 e 28 dias após a primeira aplicação.
Além da prefeita Fátima Daudt, participaram do ato histórico o vice-prefeito, Márcio Lüders, o secretário municipal de Saúde, Naasom Luciano, que foi durante a manhã ao centro de distribuição em Porto Alegre, e a responsável pela Fundação de Saúde de Novo Hamburgo (FSNH), Tânia Silva.
O presidente do Legislativo, Raizer Ferreira (PSDB), também esteve no local para acompanhar e inteirar-se sobre como será realizada a distribuição para os grupos prioritários. Secretário municipal na gestão passada, o chefe do Legislativo relembrou os desafios enfrentados desde o começo da disseminação da doença. “Para quem viveu a pandemia desde o início, nós não tínhamos a dimensão de como seria essa luta. Mas tínhamos todos os cuidados quanto à maneira que seria tratada essa situação." Em relação ao posicionamento da Câmara para auxiliar o Executivo nesse novo momento, Raizer afirmou que irá esperar a determinação de quais serão os protocolos sobre os pontos de vacinação, entregas, logística. "Tudo que a gente puder fazer como Legislativo, estamos aqui para auxiliar, para que possa acontecer”, finalizou.