TV Câmara - Tragédia ambiental e importância da atuação do Comitesinos na prevenção de enchentes no estado

por Daniele Silva última modificação 10/06/2025 12h56
10/06/2025 – Um ano após as enchentes que atingiram 95% do território do Rio Grande do Sul, o programa Espaço Livre promoveu um debate sobre os efeitos da crise climática no estado. Participaram da conversa a presidente do Comitesinos, Viviane Feijó Machado, e a vice-presidente, Luana Rosa. O encontro abordou a vulnerabilidade ambiental da região, a importância da gestão dos recursos hídricos e o papel dos comitês de bacia na prevenção de desastres. Também foram discutidas as desigualdades sociais agravadas pelas enchentes, com destaque para o conceito de racismo ambiental.
TV Câmara - Tragédia ambiental e importância da atuação do Comitesinos na prevenção de enchentes no estado

Foto: Tatiane Lopes/CMNH

Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou duas grandes enchentes em um intervalo de apenas dez dias. Viviane Machado destaca que eventos climáticos extremos estão cada vez mais frequentes e, justamente por isso, as soluções precisam ser imediatas. “Já se passou um ano e praticamente nada foi feito”, lamenta.

Segundo Viviane, a região é geograficamente vulnerável e sofre com uma combinação de fatores ambientais, sociais e políticos. “O Comitesinos foi o primeiro comitê de bacia do estado. Foi a partir dele que surgiu a Lei Gaúcha das Águas, que depois serviu de base para a política nacional de recursos hídricos.” Ela reforça que essa tradição de protagonismo ambiental precisa ser resgatada para enfrentar os desafios atuais.

A presidente considera o trabalho desses colegiados essencial na prevenção de desastres como as enchentes. Ela relembra com pesar o papel de destaque que o Rio Grande do Sul já ocupou. “Nos anos 1980, os ambientalistas daqui tinham visibilidade nacional. Influenciamos políticas públicas, mas ficamos estagnados. Costumo dizer que fomos protagonistas no passado e, hoje, infelizmente, somos apenas figurantes.”

Mesmo com uma trajetória de atuação firme, ela aponta que esses espaços de participação perderam relevância e influência. Para ela, essa perda de protagonismo enfraquece a gestão ambiental. “Esses fóruns são um braço do Estado. Eles existem para garantir a participação democrática da sociedade na gestão das águas.”

Luana compartilhou a pesquisa de seu doutorado, que tem como foco a justiça socioambiental. Ela questiona onde estão as pessoas mais afetadas pelos efeitos climáticos extremos. “As enchentes de 2024 atingiram praticamente todo o estado, e os mais impactados foram justamente aqueles em situação vulnerável. O racismo não é apenas institucionalizado. É importante acrescentar esse fator ambiental ao termo 'racismo', porque isso delimita o local onde estão as pessoas mais atingidas — aquelas que moram em áreas de rios e encostas e que, consequentemente, são as que menos contribuíram para esses efeitos.”

 *Texto de Rebeca Prestes, estagiária de jornalismo na Gerência de Comunicação da Câmara.

Assista ao programa na íntegra: