TV Câmara - Pesquisadoras negras debatem como a sabedoria ancestral se conecta com a ciência, corpo e tecnologia
As pesquisadoras ressaltaram de que modo os saberes ancestrais, destacando a dança, a música e os rituais religiosos, desenvolvidos pelos povos negros podem ser transformados em conhecimentos legítimos. Caroline também pontuou a relevância dos orixás e da pedagogia das encruzilhadas como elementos que conectam corpo, espiritualidade e aprendizado.
Denise Azeredo compartilhou sua experiência como coreógrafa, utilizando a dança como meio de expressar a ancestralidade e combater o preconceito contra religiões de matriz africana. Ela enfatizou que, por meio da arte, é possível educar e sensibilizar o público sobre a riqueza das culturas afro-brasileiras e a importância de respeitar a diversidade religiosa. “Se tu vê uma mãe de santo muitos atravessam a rua porque ali as pessoas vêm como se fosse o mal, o que na religião Yorubá, não existe.” Ao se apresentar ela explica que toda a sua indumentária foi de alguém que passou por sua vida e deixou uma lembrança.
O bate-papo também destacou como a educação antirracista promove a diversidade em ambientes de aprendizagem. As pesquisadoras discutem como o reconhecimento da identidade negra é fundamental para a autoestima e o empoderamento dos estudantes, além de ser uma ferramenta crucial na luta contra o racismo estrutural presente nas instituições educacionais.
Caroline relembra que a educação antirracista tem um papel fundamental e pode ser eficaz quando aplicada da maneira devida. “São 20 anos desde a lei n°10.645 de 2003, e ainda se bate na tecla de que só vão ser debatidos questões de temática negra e indígena em uma data especial. É obrigatoriedade de ter história e cultura no currículo escolar, ou seja, tem que estar presente nas disciplinas e no cotidiano dos jovens. Já existem escolas que trazem uma perspectiva decolonial e intercultural, e algumas que trabalham de forma eficaz”, finalizou.
Pint of Science 2025
Organizado em Novo Hamburgo pela Universidade Feevale, por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão, o último dia do evento foi realizado em parceria com o projeto social Aruanda e com a escola de samba Sociedade Cruzeiro do Sul. Neste ano, o evento aconteceu em 27 países, e o Brasil foi o país com o maior número de cidades participando da iniciativa, com 169 inscritas.
Sementes do Conhecimento: a contribuição das cientistas negras para a sabedoria ancestral foi o tema da atividade, que teve como palestrantes Monique Machado, psicóloga, educadora social e coordenadora do Coletivo Corre Preto, e Caroline Pires, pós-doutoranda em Diversidade e Inclusão Social pela Feevale e doutora e mestra em Estudos das Linguagens. A mediação ficou por conta de Denise Azeredo e Tatiane da Silva, acadêmica de Psicologia na Feevale, ambas integram o projeto social Aruanda: a morada da resistência da cultura e história afro-brasileira.
*Texto de Rebeca Prestes, estagiária de jornalismo na Gerência de Comunicação da Câmara.
Assista ao programa na íntegra: