Solenidade celebra os 45 anos da Fundação Scheffel
Em seu discurso, o proponente da homenagem, Raizer Ferreira, revisitou as raízes de Hamburgo Velho. “Neste lugar onde os primeiros imigrantes alemães se estabeleceram, não apenas se formou uma comunidade agrícola e comercial vital para a região, tornou-se um abrigo para artesãos que contribuíram para o fortalecimento da economia e da cultura local.” Para o vereador, o tombamento de Hamburgo Velho, com seus quase 70 prédios históricos, é motivo de orgulho para todos nós. “O reconhecimento oficial pelo Iphan posiciona nossa cidade entre os grandes centros históricos do país. No coração desse patrimônio cultural está a Fundação Ernesto Frederico Scheffel com mais de 400 obras. A trajetória de Ernesto Frederico Scheffel é por si só uma inspiração. Um homem que ousou sonhar alto e perseguiu sua paixão pela arte mundo afora.”
Raizer também lembrou o engajamento de Scheffel pela preservação do patrimônio cultural de Hamburgo Velho. “Esse espaço é um testemunho dos seus sonhos concretizados. Que este museu continue a inspirar as futuras gerações, conectando-nos com nossa rica herança cultural e incentivando o florescer de novos talentos em nossa amada cidade.” Ao final de sua fala, foi apresentado um vídeo contando a história de Frederico Scheffel.
Ao subir à tribuna, a vice-presidente do Comitê de Educação e Cultura da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Novo Hamburgo, Estância Velha, Campo Bom e Dois Irmãos, Cristine Schneider da Rocha, mencionou obra exposta no plenário, da artista Ariadne Decker, que retrata parte de Hamburgo Velho, incluindo o museu. Segundo a gestora, o espaço é uma casa que acolhe, que abraça. “Quando estamos assistindo a alguma manifestação artística, nós quase que saímos daquele ambiente para um patamar muito mais elevado. Esse é o Museu Scheffel, que precisa sim ser muito comemorado.” Cristiane Schneider ressaltou o papel da fundação na promoção da cultura e da educação e lembrou o quão rico é o acervo. “A cidade vibra com esses 45 anos e os muito mais que virão.”
Ex-prefeito de Novo Hamburgo, entre os anos de 1973 e 1977, Miguel Schmitz relembrou seu primeiro contato com o Scheffel logo no início do seu mandato. O motivo foi convidar o artista, que estava fora do país, para as comemorações do sesquicentenário da imigração alemã, em 1974. “Para surpresa nossa ao chegar em Novo Hamburgo ele já trazia em sua bagagem um acervo maravilhoso, que foi exposto no evento.”
Schmitz lembrou o processo de instalação da galeria, por meio da Lei Municipal nº 64/1974. Conforme ele, no mesmo ano foi assinado um contrato com o artista, no qual ele destinava o seu acervo a ingressar na galeria sem ônus para o município. “Um patrimônio histórico-cultural que vai permanecer ‘in perpetuum’ engrandecendo a riqueza, a beleza e a cultura da nossa querida cidade de Novo Hamburgo.”
O secretário de Cultura, Ralfe Cardoso, falou sobre o desafio de democratizar o espaço para que mais cidadãos possam acessá-lo. “A nossa geração, que tem mais ou menos esses 45 anos, tem uma responsabilidade gigantesca não só admirar, preservar e ensinar os que vêm a importância do patrimônio histórico, mas também a de tornar esse lugar ainda mais conhecido e mais popular. O que a gente precisa é que cada vez mais adultos, da população como um todo, frequentem a fundação”, enfatizou o secretário. Também lembrou que, além das obras, um dos grandes legados de Scheffel foi a preservação de Hamburgo Velho como um todo. O secretário citou ainda a iniciativa de diversas pessoas que trouxeram para a cidade o artista, que se tornou posteriormente um cidadão hamburguense.
A vereadora Tita (PSDB) falou sobre o aprendizado e o acolhimento recebidos no museu. Reforçou ainda o papel do poder público e da população na preservação daquele espaço.
Após receber um quadro das mãos de Raizer Ferreira, Reinheimer usou a tribuna para agradecer a homenagem e aos diversos apoiadores e colaboradores da instituição, os quais se empenham no desafio de gerir, além das obras do museu, o acervo da Casa Schmitt-Presser e um enorme arquivo documental. Angelo recordou as mudanças ocorridas no mundo nas últimas décadas e como a tecnologia e a mídias sociais moldaram novos comportamentos. “Os museus e os espaços culturais precisam acompanhar essas transformações sem deixar de lado a sua principal vocação que é justamente de conectar as presentes e futuras gerações ao passado. Os museus existem para transmitir conhecimento. São um espaço de educação no mais amplo sentido que a expressão pode ter.”
O gestor acredita que todo o investimento feito pelo município a partir da década de 1970, que segue até hoje com subvenções da Secretaria Municipal de Cultura, foi revalidado com o tombamento do museu de arte e todo o seu acervo pelo Iphan. Em 2022, a Fundação recebeu quase 30 mil visitantes. “Todas as visitas no museu são guiadas, sempre com qualidade, respeito e dedicação, que permanecem como marca registrada do nosso trabalho. Nossa matéria-prima não é só a arte exposta nas paredes e corredores, mas as pessoas que percorrem os cômodos do antigo salão Adão Adolfo Schmitt e da Casa Schmitt-Presser”, finalizou Reinheimer agradecendo o apoio e as homenagens recebidos pela Câmara.
Ao final da cerimônia, a irmã de Scheffel, Lia Kirsch, recebeu um buquê de flores das mãos do ex-prefeito Miguel Schmitz.
Sobre o artista
Nascido em 8 de outubro de 1927 no atual município de Campo Bom, Ernesto Frederico Scheffel mudou-se para Hamburgo Velho com sua família aos 8 anos de idade. Após estudar em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, conquistou um prêmio que o levou à Europa. Lá, conheceu Florença, em cujas cercanias fixaria seu ateliê por décadas. Ainda assim, mesclou temporadas no Brasil, cultivando suas raízes em Novo Hamburgo.
Em 1974, durante as comemorações do sesquicentenário da imigração alemã no Rio Grande do Sul, o então prefeito Miguel Schmitz ofereceu a Scheffel um espaço à sua escolha para a instalação de um museu de arte. O prédio indicado, construído em 1890 pelo agrimensor Adão Adolfo Schmitt, era um antigo encanto do artista plástico desde sua infância em Hamburgo Velho.
Recuperado pelo arquiteto Nelson Souza, o casarão de características neoclássicas, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), abriga hoje a Fundação Ernesto Frederico Scheffel. Inaugurado em 5 de novembro de 1978, o museu localizado na avenida General Daltro Filho, 911, reúne um acervo de mais de 350 obras do artista, entre pinturas, desenhos e esculturas. Scheffel faleceu em julho de 2015, aos 87 anos.
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