Segundo encontro do projeto Cidade (In)visível mostra uma Novo Hamburgo que vai do turismo às telas de cinema
Idealizada pela Escola do Legislativo em parceria com a Associação dos Procuradores do Município (APMNH) e a OAB Subseção Novo Hamburgo, a iniciativa tem por objetivo debater a produção cultural, herança arquitetônica e curiosidades da formação do município. A servidora da Câmara Maria Carolina Hagen comemorou a repercussão positiva do projeto, criado para ampliar os debates e ações que buscam, já vislumbrando o centenário, uma cidade melhor para todos os hamburguenses. “A Escola busca envolver a comunidade nas ações de seleção, promoção e proteção do patrimônio cultural, assegurando que os cidadãos sejam protagonistas na interpretação dos bens culturais, participando e interagindo nas atividades educativas que estão sendo propostas”, afirmou.
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Ao iniciar sua fala, Ralfe lembrou que o próprio projeto traz um produto audiovisual e o quão esse meio está ainda mais presente no cotidiano das pessoas por conta da pandemia. O secretário rememorou empresas e entidades que há muito atuam no setor: a TV Câmara como ferramenta de democratização da política; a Fish TV como uma das maiores produtoras do país; o canal comunitário (Vale TV); além da Universidade Feevale, com cursos de games, animação e produção audiovisual. “Quando assumimos, em 2017, a prefeita nos lançou o desafio de buscarmos novas matrizes econômicas que pudessem também fortalecer a identidade e autoestima local. Abraçamos esse desafio, buscando investimentos em uma das cadeias mais pujantes da cultura, que é a do audiovisual. É o que estamos fazendo, articulando agentes e gerando oportunidades para o setor.”
Para o gestor, Novo Hamburgo sempre foi protagonista das principais mudanças econômicas e de costumes. “Fomos a única cidade do Estado e infelizmente integramos um dos últimos editais publicados, em função dessa política equivocada para o segmento que vem sendo realizada nos últimos anos.” O chamamento público irá propiciar a realização de três longas-metragens, cinco curtas, dez pilotos de séries e um festival. “Falamos aqui não só de incentivar os nossos profissionais do audiovisual, mas em fomentar toda uma cadeia produtiva que não necessariamente tem vínculo com o setor, como hospedagem, serviços e tantos outros trabalhadores que serão impactados com a movimentação.” Ele ressaltou ainda como um filme pode inserir uma localidade no mapa turístico do Estado e do país.
Diretor de Movimentos – 90 anos de Novo Hamburgo, Leonardo Peixoto falou sobre os desafios de sintetizar tantas histórias em um filme e também sobre a oportunidade de pensar a cidade e de influenciar pessoas por meio de uma obra audiovisual. Também enalteceu o potencial do lugar enquanto espaço de gravação. “Temos uma trajetória que nos permite ofertar locações para diferentes filmes. Acredito que todo o desenvolvimento econômico permitiu a construção de uma cidade cosmopolita, mas que preserva aspectos de cidade pequena também. Nos últimos tempos, conseguimos trazer diárias de produtoras de Porto Alegre, pois aqui é possível atender necessidades que são difíceis de contemplar na Capital”, explicou. O cineasta lembrou ainda que o chamamento público em parceria com a Ancine foi um dos assuntos mais comentados no meio gaúcho recentemente. “Esse edital tem a capacidade de nos colocar de vez no mapa das produções cinematográficas no país, especialmente neste momento tão difícil para o setor.”
A dimensão cultural está entre os 13 aspectos monitorados pelo Índice de Competitividade do Turismo Nacional. Dados apresentados pelo diretor Deivid Schu durante a live apontam a importância do patrimônio histórico e cultural, da estrutura municipal de apoio à cultura e da produção cultural associada ao turismo. Conforme Schu, o Brasil está entre os dez primeiros colocados mundialmente no quesito de atrativos naturais e culturais. “Todo turista busca no mundo uma experiência de natureza, de cultura ou ambos. Entre as 65 cidades indutoras de turismo, temos o RS acima da média nacional de destinos consolidados fora das capitais, e Novo Hamburgo acima da média estadual.”
Sobre Lomba Grande, o dirigente apontou que o destino rural se consolida no novo panorama turístico. “Grande parte do público que costumava sair do estado e do país tem buscado, por conta das restrições sanitárias, viagens regionais e que possibilitem contato com a natureza. Esse potencial, aliado à capacitação desenvolvida nos últimos anos, tem feito de Lomba Grande um lugar muito procurado.”
O dirigente falou sobre a potência da indústria criativa no RS. Na dimensão do desenvolvimento econômico, ressaltou que em 2019 a Cultura empregou mais do que os setores calçadista e automobilístico no Rio Grande do Sul. Por fim, celebrou a importância da transversalidade das áreas ao mencionar a execução de dois projetos audiovisuais, contemplados pela Lei Aldir Blanc, que trarão maior visibilidade para o turismo em Novo Hamburgo.
Assim como no primeiro encontro, os espectadores participaram ativamente enviando questões e comentários. Rita Vieira da Rosa disse que Novo Hamburgo pode ser protagonista, paisagem, cenário e tema de lindas narrativas. Fernando Kayser parabenizou o projeto e garantiu que, a partir dele, passará a acompanhar o conteúdo artístico e cultural hamburguense. Jairo Barreiro também enalteceu a iniciativa e todos os envolvidos que buscam o melhor para o desenvolvimento da cidade. Renate Gigel, da Academia Literária do Vale do Rio dos Sinos, destacou a importância de se acreditar na transversalidade da cultura. “Excelente conversa! Há tempos tenho dito que o pórtico de NH tem que ser substituído. Somos polo de inovação, de tecnologia, de inteligência e de criatividade. Não somos mais sapateiros”, avaliou Christian Thomas.
Patrimônio histórico
Como cenário de sua participação, Ralfe utilizou o interior do Lar da Menina, cuja estrutura abriga a nova sede da Secretaria de Cultura. A utilização do prédio histórico revitalizado recentemente, segundo ele, é um símbolo do fortalecimento do setor artístico em Novo Hamburgo. “O movimento de trazer a Secult para cá vai contra a possibilidade de um processo de gentrificação do bairro. O objetivo é ampliar a movimentação no local e refutar a ideia de que as atividades no Centro Histórico são elitistas.” Para confirmar a falsa percepção, citou exemplo da Fundação Scheffel, que, desde a década de 1980, recebe estudantes da rede pública.
Para finalizar, os participantes reforçaram a ideia de uma Novo Hamburgo inovadora e repleta de oportunidades geradas por meio da colaboração e da convergência entre os segmentos. “Precisamos lembrar também a dimensão intangível da cultura, que tanto tem nos acompanhado ao longo da pandemia. E a importância de discutir a cidade para que sigamos sonhando e tenhamos a esperança de que seja possível fazer a travessia desse momento tão desafiador”, disse Ralfe.
NH rumo aos 100 anos
O projeto integra uma série de ações realizadas pela Câmara Municipal e outras entidades para pensar os 100 anos de Novo Hamburgo, que serão comemorados em 5 de abril de 2027. A primeira live marcou a apresentação do selo comemorativo e do site, produzido pela Gerência de Comunicação da Casa, com conteúdo histórico sobre a cidade.
Próximos encontros
O tema Patrimônio Cultural e Identidade será debatido na próxima quinta-feira, 29 de abril, às 19h, com o presidente da APMNH, Bruno Brinker, o publicitário e historiador Daniel Luciano e o arquiteto e urbanista Jorge Luis Stocker. O bate-papo será transmitido pela TV Câmara, canal 16 da Claro/Net, e pelo Youtube.