Rotativo Digital: Diretor da Comur esclarece dúvidas e possíveis ajustes no sistema

A Companhia Municipal de Urbanismo (Comur), fundada em 1992, tem se destacado por sua ampla gama de serviços essenciais à cidade de Novo Hamburgo. De acordo com Fábio Tomasiak, diretor-geral interino da Comur, a companhia tem sido pouco reconhecida pela comunidade, apesar de sua importância no dia a dia da população. "Temos um quadro enxuto, com 811 profissionais, entre concursados, cargos em confiança e jovens aprendizes, que atuam em diversas áreas, como limpeza de prédios públicos, poda, roçada, remoção de resíduos e até na merenda escolar", explica.

A Comur também desempenha um papel relevante no setor de tecnologia, com a gestão do sistema de bilhetagem eletrônica e o Rotativo Digital, uma ferramenta essencial para a organização do estacionamento na região central da cidade. Criado pela Lei Municipal nº 3.352/2021 e implementado em outubro de 2022, o Rotativo Digital visa a otimização das mais de 2 mil vagas disponíveis no centro da cidade. O sistema permite que o cidadão pague pela utilização de vagas em dois tipos de zona: Zona Verde, com 1.215 vagas e tarifa de R$ 0,60 por 30 minutos, e Zona Azul, com 863 vagas e tarifa de R$ 1,20 por 30 minutos.

Tomasiak detalhou a operação do sistema, que já conta com mais de 137 mil veículos cadastrados e mais de 7 mil placas lidas diariamente. "Não podemos dizer que o Centro não está sendo circulado. Os dados são auditáveis e a Comur está de portas abertas para a comunidade", afirmou. O sistema também permite a compra online ou presencial do ticket, com opções de pagamento por dinheiro, PIX, cartão e boleto.

Apesar dos avanços, o diretor-geral interino destaca que o sistema precisa de melhorias. "O Rotativo Digital é necessário, mas com ajustes. Precisamos compartilhar o espaço de forma equilibrada, para garantir a oxigenação do centro", ressaltou. A ideia é simplificar o processo com o uso de QR Codes, permitindo o pagamento rápido e sem necessidade de cadastro ou aplicativo. Tomasiak mencionou a possibilidade de implementar parquímetros digitais, uma tecnologia já utilizada em Porto Alegre.

Além das inovações tecnológicas, a Comur também investe no contato humano. "Muitas pessoas ainda precisam de ajuda para entender o sistema. Por isso, capacitamos nossos monitores para oferecer um atendimento de qualidade", comentou.

Entre as ações planejadas para o futuro, a unificação das regiões de estacionamento e a ampliação da capacitação dos monitores estão entre as prioridades. A busca por soluções sustentáveis e acessíveis para os cidadãos segue como foco da Comur, que também estuda alternativas para minimizar os custos operacionais sem repassar o aumento para a população.

Souto manifestou preocupação com o impacto do Rotativo na comunidade. "A minha vontade é acabar com o Rotativo Digital. Porque eu não consigo ver um benefício para população. Recebo muitas reclamações sobre esse sistema. Não podemos aumentar o tempo de tolerância de 10 para 20 minutos antes do início da tarifação pela vaga? Ter apenas uma zona, em vez de Azul e Verde? Liberar o estacionamento aos sábados para fomentar o comércio? Reduzir o valor das multas? Essas são demandas da população", afirmou.

Tomasiak ressaltou que a Comur é responsável pela gestão do sistema e que qualquer alteração precisa ser avaliada pelo Executivo municipal. "O Rotativo Digital não pode ser visto apenas como algo negativo. Desde sua implantação, já registramos 320 mil placas diferentes, mostrando que pessoas de outras cidades estão vindo a Novo Hamburgo. O sistema precisa de ajustes, sim, mas sua função é essencial para a rotatividade e o acesso ao comércio local", destacou.

O advogado também mencionou que, em em 2024, a média mensal da arrecadação com o rotativo foi de R$ 270 mil.

Entenda melhor como funciona o Rotativo Digital 

O Rotativo Digital NH conta com mais de duas mil vagas distribuídas em duas áreas:

• Zona Azul: 863 vagas, com valor inicial de tarifação de R$ 1,20 por 30 minutos.

• Zona Verde: 1.215 vagas, a partir de R$ 0,60 por 30 minutos.

• O período máximo de permanência é de três horas, sendo que a terceira hora tem custo equivalente ao dobro da inicial.

• O pagamento pode ser feito online (pelo aplicativo) ou presencialmente, via dinheiro, Pix, cartões ou boleto, em um dos 41 pontos credenciados.

Demandas e ajustes em estudo

Durante a sessão, os vereadores apresentaram sugestões para melhorias no sistema, entre elas:

• Aumento do tempo de tolerância de 10 para 20 ou 30 minutos.

• Isenção de cobrança aos sábados para estimular o comércio.

• Unificação das zonas Azul e Verde, facilitando a compreensão dos motoristas.

• Vagas gratuitas para idosos e pessoas com deficiência.

• Possibilidade de oferecer Wi-Fi gratuito para usuários do sistema. 

Juliano Souto agradeceu pela explanação do diretor-geral da Comur e destacou que algumas novidades apresentadas eram desconhecidas por muitos. "Fico muito feliz com as informações e concordo que, de fato, o rotativo tem gerado antipatia na população. Existe receio de que o sistema se alastre para os bairros, algo que esperamos que não aconteça", afirmou.

Giovani Caju (PP) sugeriu a possibilidade de isenção na tarifação aos sábado e também a opção de os empresários pagarem pelas vagas dos seus clientes. "Vamos estudar essa proposta, que poderia ser uma forma de agregar valor ao serviço", afirmou Tomaziak. Giovani também elogiou o trabalho dos monitores, destacando o bom atendimento sempre dedicado a ele.

Ito Luciano (Podemos) questionou sobre a possibilidade de benefícios para idosos e deficientes em relação ao direito ao estacionamento. "Quando o rotativo foi implantado, houve consulta à comunidade sobre isso? E quanto à gratuidade das vagas, a legislação permite?", indagou. A resposta do dirigente foi clara: "Não é possível oferecer gratuidade, a não ser que haja uma determinação legal para isso", explicou.

Deza Guerreiro (PP) trouxe uma proposta para a isenção das tarifas no horário entre 12h e 13h, sugerindo ainda ampliar a tolerância de tempo de 10 para 30 minutos antes de iniciar a cobrança pela vaga. "Sabemos que esse horário é crucial para os restaurantes, e isso pode ajudar muito no comércio local", destacou.

Fábio reconheceu a importância da sugestão, mas lembrou que qualquer mudança no sistema impactaria diretamente no funcionamento do sistema, já que esse horário é o mais procurado. "Vamos avaliar as sugestões e apresentá-las ao Prefeito para ver a viabilidade dessas mudanças", comentou. Fábio também destacou que o objetivo é tornar o sistema mais sustentável e melhorar a experiência do usuário.

Ico Heming (Podemos) sugeriu que não houvesse tarifação um sábado por mês, especialmente o primeiro, que coincide com o período que as pessoas recebem seus salários. O vereador também apontou a importância da instalação de internet grátis nas áreas azul e verde.

Ricardo Ritter – Ica (MDB) afirmou que, embora todas as reclamações da comunidade, é favorável ao permanecimento do rotativo. Sugeriu um teste de três meses sem cobrança, para avaliar o impacto real no fluxo de veículos. "Defendo também a isenção no sábado de manhã, das 9h às 13h, para permitir que as famílias possam passear", afirmou.

Eliton Ávila (Podemos) ponderou sobre o impacto financeiro do rotativo. "Talvez a isenção no sábado, como sugerido por outros, seja uma boa alternativa", sugeriu.

Joelson de Araújo (Republicanos) destacou o volume financeiro gasto pelos cidadãos para estacionar. "A população gasta cerca de R$ 270 mil por mês com o rotativo", afirmou, questionando ainda sobre o valor repassado pela Prefeitura à Comur. Fábio, em resposta, ressaltou que a Companhia tem investido para melhorar o sistema, mas reconheceu que ele precisa ser aprimorado. "A arrecadação está destinada a custear melhorias. Temos que trabalhar para que o sistema funcione de forma mais eficiente", disse.

Daia Hanich (MDB) também comentou sobre a questão da faixa nobre e que na época, o faturamento mensal era de cerca de R$ 50mil. Ela também sugeriu a possibilidade de aumentar o tempo de isenção para 30 minutos antes do início da cobrança. "O sistema está defasado, e uma revisão é urgente", completou.

Felipe Kuhn Braun (PSDB) expressou sua insatisfação com a implantação do sistema, mencionando falhas no aplicativo e a falta de opções para adquirir créditos. "O sistema precisa ser revisto, e é importante que a população seja ouvida", afirmou. Ele também solicitou um balanço de arrecadação desde a instalação do sistema em 2022.

Tomaziak reforçou a necessidade de unir forças para reverter a imagem negativa do rotativo. "O sistema foi implantado com falhas, e é importante que haja transparência por parte da Comur. Todas as sugestões serão analisadas e transformadas em estudo para ver o que pode ser melhorado", disse.

Professora Luciana Martins (PT) comentou que a imagem negativa do sistema foi construída ao longo dos anos. "O Executivo é responsável pelas políticas aplicadas. Precisamos repensar a situação", afirmou, destacando o baixo salário pago aos monitores.

Juliano Souto finalizou a reunião destacando a importância de atender às sugestões apresentadas. "Podemos enviar um ofício com todas as pautas discutidas hoje. O diretor-geral destacou que sai com todas as demandas anotadas, mas que o ofício será muito bem-vindo para dar seguimento às mudanças necessárias".

Tomaziak reiterou que o sistema de rotativo tem como objetivo oxigenar o movimento no comércio local, mas reconheceu que ainda há desafios a serem superados. "O rotativo digital precisa funcionar melhor, e estamos trabalhando para isso. O apoio dos vereadores é essencial para que possamos fazer isso da melhor forma", finalizou.

A sessão também contou com a presença da assessora jurídica Joice Aline Schmitt e do diretor administrativo-financeiro da Comur, Marcos Fernandes Aguiar.

Assista à sessão na íntegra