Restaurante da Câmara deve receber o nome do sapateiro e líder sindical Orlando Müller
Natural de Taquara, Müller mudou-se para Novo Hamburgo aos 7 anos de idade. Aos 13, iniciou sua vida profissional como sapateiro. Voz forte entre os industriários do segmento calçadista, foi presidente sindical por quase duas décadas e juiz classista durante 12 anos. Orlando Müller faleceu em julho de 1995, aos 63 anos.
“Não há, ao meu ver, uma pessoa que mais se encaixe a essa homenagem. Aqueles que conheceram o senhor Orlando Müller sabem o quanto ele batalhou e ajudou a melhorar as condições sociais e de trabalho da categoria dos sapateiros, conheceram a integridade que teve à frente do sindicato do calçado. Eu, que fui médico no sindicato durante cinco anos e convivi com ele, testemunhei aquele tempo de prosperidade. Orlando Müller conseguiu trazer aos sapateiros muitos benefícios, muita coisa boa. Lembro-me que funcionava uma verdadeira cidade lá dentro do Sindicato, de verdadeira pujança. A área médica contava com 16 colegas médicos trabalhando. Eu era um deles. Então, quero deixar hoje esse pedido para que meus colegas aprovem a resolução para que deixemos essa lembrança, essa marca, mesmo que seja singela, ao senhor Orlando Müller dentro de nossa Casa Legislativa, dentro do Salão do Sapateiro”, pediu o proponente da iniciativa antes da votação e aprovação unânime em plenário.
Enio Brizola (PT) lembrou que Orlando Müller foi um dos grandes presidentes da categoria dos sapateiros. “Um líder trabalhista muito comprometido com os direitos dos trabalhadores e também com a administração do sindicato, muito preocupado com a assistência dos trabalhadores, uma pessoa de um coração muito bom. Lembro que, quando chegava o inverno, Orlando determinava que o portão dos fundos do sindicato ficasse aberto até certa hora da noite porque ele arrumou nas garagens um quarto para que os moradores de rua ali ficassem abrigados. Liderou a categoria nas grandes negociações e conquistas sindicais, liderou também momentos de paralisação. Foi um líder trabalhista que enfrentou o período da ditadura militar, o que não era fácil. Devido às manifestações políticas, muitas das pessoas que militavam no sindicalismo foram presas. Essa é uma justa e merecida homenagem a um grande líder da categoria, que ajudou muito a enriquecer a nossa cidade. Durante esta pandemia, ficou provado que o que move o capital não é o dinheiro. O que move o capital é a força do trabalho das pessoas. Então, meus parabéns pela iniciativa”, disse o parlamentar.
Leia na íntegra o Projeto de Resolução nº 1/2020.
A aprovação em primeiro turno
Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. O resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.