Requerimentos sobre atendimentos prestados na rede de saúde são apreciados na ordem do dia

por Maíra Kiefer última modificação 23/07/2019 21h35
23/07/2019 – Apreciados na ordem do dia por solicitação da vereadora Patricia Beck (sem partido), os Requerimentos n° 740, 741, 742 e 748/2019, que tratam de abertura de sindicância para averiguação dos procedimentos adotados para os atendimentos realizados na UPA Centro no dia 21 de julho, especialmente no que se refere à consulta do vereador Enio Brizola (PT) e informações correlatas, receberam a aprovação unânime dos parlamentares durante a sessão dessa segunda-feira, 22. Os três primeiros são de autoria exclusiva de Brizola, enquanto o quarto também recebe a assinatura de Enfermeiro Vilmar (PDT), Felipe Kuhn Braun (PDT) e Patricia Beck. O mesmo grupo também apresentou o Requerimento n° 747/2019, por meio do qual se requer abertura de sindicância sobre os procedimentos adotados na entrada e internação do vereador Sergio Hanich (MDB) no Hospital Municipal de Novo Hamburgo. Este último foi rejeitado por nove votos a quatro.
Requerimentos sobre atendimentos prestados na rede de saúde são apreciados na ordem do dia

Crédito: Jaime Freitas/CMNH

Ao pedir a palavra para esclarecer rumores difundidos nas redes sociais, Brizola relatou que recebeu atendimento no último domingo, na UPA Centro, após ter feito os procedimentos protocolares. “Fiquei na sala de espera para a triagem, com a classificação azul, não emergencial. Aguardei mais um tempo até ser chamado pelo médico, seguindo depois para a sala de medicação”, comentou. Na saída, segundo o parlamentar, foi abordado por um grupo que fez dois questionamentos: por que estava tirando vaga de outro cidadão, já que teria condições de pagar um plano de saúde, e se teria sido passado à frente das demais pessoas que estavam ali aguardando. Expliquei que o SUS é universal: atende e acolhe a todos. Se fui passado à frente, não autorizei. Entrei pela porta da frente e saí pela porta da frente. Não me apresentei como vereador e solicito já a abertura de sindicância, se cometi alguma irregularidade”, enfatizou o parlamentar, acrescentando querer queFundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) verifique todos os procedimentos, solicite as filmagens do tempo em que esteve lá e informe quantos médicos estavam atuando no local. “Quem tem que responder como funciona não sou eu. É a UPA”, sinalizou. No término de sua explanação, colocou-se à disposição do Conselho de Ética, do qual faz parte, e propôs licenciar-se caso o presidente dessa comissão assim entenda conveniente.

Leia na íntegra os conteúdos dos requerimentos n° 740, 741, 742, 747 e 748.

Em solidariedade, Gerson Peteffi (MDB) afirmou que os fatos trarão a isenção total do colega. “Tenho certeza de sua inocência”, finalizou.

Conforme Patricia Beck, as UPAs do Município fazem o atendimento por consultórios. Esse sistema, de acordo com seu entendimento, gera situações como a que ocorreu com Brizola. “Se por acaso chegou uma pessoa com infarto no consultório 2, os demais pacientes, que foram definidos para esse local, não são direcionados a outros consultórios. Quem faz a triagem é que define para onde os doentes vão, não é o sistema”, pontuou. Patricia disse que informações apontam que naquele horário havia três médicos, mas apenas um deles estava dando andamento ao fluxo. A vereadora revelou ainda que o colega de Parlamento ficou dias no corredor do hospital com a mãe doente sem ter pedido privilégio no atendimento. Ela disse que só soube disso agora, quando foram feitas ilações sobre a conduta de Brizola na UPA Centro e ele relatou o que vivenciou recentemente.

Em seu espaço de fala, Enfermeiro Vilmar (PDT) trouxe ao debate a discussão do Requerimento n° 747/2019. “Nada mais justo que uma sindicância para a Fundação de Saúde verificar se houve ou não irregularidade.” O vereador abordou o decreto da saúde que contingencia gastos e atribuiu a esses cortes a situação da área no Município. “O prazo já venceu em 1° julho e até agora não houve manifestação. Ninguém veio dizer que o decreto não existe mais e que agora as pessoas vão ser chamadas para fazer exames e cirurgias”, concluiu.

Ao colocar o último requerimento em votação, o presidente Raul Cassel (MDB) informou que Sergio Hanich, por telefone, pediu que fosse postergada a apreciação para que pudesse estar presente no dia, a fim de falar sobre sua hospitalização. O suplente Luiz Carlos Schenlrte (PSDB), presente às sessões plenárias desde o dia 8 de julho em função da licença-saúde de Serjão, concordou com o pedido do colega. “Qual a dificuldade de esperar um dia a mais? Nada mais justo que ele venha à tribuna se defender. Vamos ouvi-lo. Meu voto para hoje será contrário”, antecipou o parlamentar.

Peteffi reiterou o apelo para que Serjão tivesse chance de explicar a situação. “É uma pessoa doente que não pode estar aqui para falar. Vou pedir a ele permissão para mostrar a foto do caso dele. Qual é o problema de termos um dia a mais? Quarta-feira ele virá aqui de muleta ou de cadeira de rodas”, acrescentou, lembrando que em abril do ano passado o vereador Felipe Kuhn Braun também recebeu atendimento no Hospital Municipal, após sofrer grave acidente.

Ao pedir a oportunidade de falar, Cassel fez um desabafo sobre o incômodo que lhe causam as frequentes reclamações sobre o que não está de acordo no atendimento das unidades de saúde e sem um reconhecimento sequer dos pontos satisfatórios. “Sou funcionário há 33 anos e não posso acreditar que, em uma rede do tamanho da nossa, só tenha coisa ruim.” Falou também sobre as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da saúde, tanto salariais quanto referentes a segurança, quando mencionou aqueles que são agredidos nas portarias das unidades. “Só ouvimos falar que todos os lençóis estão ensanguentados, todos os travesseiros, como se não tivessem pessoas se curando. Estou aqui para fazer um contraponto. Existem problemas, faltam exames, há defasagem de cirurgias eletivas. As cidades vizinhas mandam todos os casos graves para assumirmos. Venho aqui para defender os psiquiatras, os profissionais da nutrição, da fisioterapia, da quiropraxia, médicos e as equipes do Samu, que enfrentam inúmeras situações no dia a dia”, enumerou, salientando que muitas vidas são salvas por essas pessoas.

Com votos favoráveis dos vereadores Vilmar, Brizola, Felipe e Patricia, o Requerimento n° 747/2019 não foi aprovado. Segundo Patricia, o pedido será novamente apresentado na sessão de quarta-feira, quando Serjão deverá estar presente para utilizar a tribuna.

Entenda o conteúdo dos requerimentos

Tanto o requerimento nº 740/2019 quanto o n° 748 solicitam à Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) abertura de sindicância sobre o procedimento de atendimento ao vereador Enio Brizola na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro, no dia 21 de julho. O último especifica o horário, das 7h às 14h, e pede informações sobre os ritos adotados em relação à classificação realizada pela triagem, o nome dos médicos clínicos estavam atendendo naquele horário, o número de pacientes atendidos por consultório, além de cópia da relação das pessoas avaliadas naquele período.

O requerimento nº 741/2019, de autoria de Brizola, solicita dados sobre o modelo de sistema adotado de atendimento para consultas nas UPAs. Já os questionamentos propostos pelo Requerimento nº 742/2019 se assemelham aos elencados no requerimento n° 748/2019, com o acréscimo do pedido sobre o tempo de espera de cada um e a especialidade dos médicos ativos.

Por sua vez, o Requerimento n° 747/2019 propõe a abertura de sindicância sobre os procedimentos adotados na entrada e internação do vereador Sergio Hanich no Hospital Municipal de Novo Hamburgo. O texto ainda solicita que a apuração seja realizada por funcionários concursados, isentos de ligações por indicação político-partidária.