Projeto escolar aborda conscientização sobre a depressão
“Viemos aqui demostrar o que está sendo feito dentro na nossa escola em um tema muito sensível. Essas alunas são merecedoras de toda atenção que será dada aqui hoje, por desenvolverem um trabalho que pode fazer a diferença na vida de crianças e adolescentes”, disse a professora Aline.
Gabriela complementou dizendo que muitos jovens, atualmente, sofrem com o transtorno depressivo. “Nós escolhemos esse assunto porque percebemos que, nos anos anteriores, muitas pesquisas abordaram o tema depressão, mas ficaram apenas na parte teórica e não colocaram em prática", apontou a estudante.
Tallyta também usou a tribuna e destacou que o desejo é ajudar os adolescentes. “A hipótese inicial do projeto era de que os principais motivos que levam as pessoas a terem depressão são problemas familiares, bullying, baixa autoestima e eventos traumáticos ou abusos”, enumerou. “Imaginamos que ainda há pessoas na comunidade escolar que podem achar que depressão é bobagem. O nosso desafio com a pesquisa é buscar como conscientizar a comunidade escolar que depressão não é brincadeira”, frisou Ana Laura no seu pronunciamento.
Rayra informou que algumas pessoas não aceitam que depressão é um assunto sério e que precisam de um tratamento especial. "Nós também imaginamos que podemos amenizar os problemas que a depressão causa nas pessoas da nossa escola”, destacou a jovem.
Para finalizar Camilly explicou como o projeto funciona na prática: “criamos um grupo de intervenção e como método utilizamos a exposição de cartazes sobre o tema, relatando a importância do assunto. Nós achamos muito importante que as pessoas saibam que depressão é um assunto sério. Além disso, queremos reforçar para as pessoas que sofrem com esse transtorno que elas não estão sozinhas e que sempre há alguém para quem pedir ajuda”, explicou.
Conforme aponta a pesquisa das estudantes, segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no planeta e quase 800 mil pessoas morrem em todo mundo por causa do suicídio, que é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade, perdendo apenas para a doença pulmonar crônica.
Fala dos parlamentares
“Sabemos da importância em vocês apresentarem um projeto como esse dentro da escola, tendo em vista que o suicídio é uma chaga social, onde muitos tiram a própria vida. Esse acompanhamento, esse estudo, esse cuidado que vocês estão tendo com o tema, que possa diminuir e dirimir essa situação”, destacou Felipe Kuhn Braun (PDT).
Cristiano Coller (Rede) ressaltou que depressão é muito mais comum do que aparenta. “Essa doença não é bobagem, ela pode matar. Eu tenho o costume lembrar de frases das quais eu quero aqui fazer um destaque. São sobre a depressão e nem sempre é ‘eu vou me matar’, mas muitas vezes são frases como: ‘eu fiquei em casa e não tive vontade de tomar banho’; ‘eu não fui trabalhar para dormir’; ‘eu não estou com fome’ ou ‘estou com fome o tempo todo’. Essas frases podem ser sinais de algo e precisam de melhor cuidado. Talvez seu amigo que mais sorri seja aquele que melhor esconde uma condição depressiva”, alertou o parlamentar.
Gerson Peteffi (MDB) parabenizou o colega Nor Boeno por ter intermediado a vinda da escola na sessão plenária desta quarta-feira, destacando a relevância do trabalho das estudantes. “Esta casa debate um assunto importante e que envolve a todos nós. Todos temos algum amigo, alguém que já passou por uma situação de depressão. Que bom que tem uma turma lá no Salgado Filho que está preparada para divulgar, para expandir essa discussão dentro da coletividade, dentro da comunidade escolar. Se um dia vocês acharem um amigo de vocês meio quieto, meio solitário, ou que esteja conversando muito, que está tentando chamar atenção, observem com cuidado e carinho a situação. Há tantas formas da depressão e uma infinidade de outras consequências podem aparecer”, observou o edil.
“A depressão não está aumentando só na nossa cidade, mas em todo o Brasil. Há pesquisas que apontam que o número de pessoas com problemas de depressão vai aumentar cada vez mais. Sabemos que essa doença pode vir de vários fatores, como problemas no trabalho, na escola, na família e assim por diante. É importante destacar o papel dos Centros de Atenção Psicossocial - CAPS, que são centros que acolhem pacientes com sintomas, entre outros, depressivos. Nesses locais podem ser encontrados psiquiatra, psicólogo, assistente social e enfermeiro, ou seja, há uma estrutura necessária para lidar com esse paciente, que precisa ser tratado. A depressão é uma doença que se não for tratada, pode ter consequências graves”, alertou o vereador Enfermeiro Vilmar (PDT).
Enio Brizola (PT) saudou a iniciativa das alunas e destacou a importância da pesquisa. “Essa doença é muito marcada pela vida moderna e vai ser a maior doença do planeta nesta era que estamos vivendo. Que bom que este tema esteja na pauta desta gloriosa escola do bairro Canudos, e quero aqui também parabenizar e reconhecer os esforços dos professores, da coordenação pedagógica, da direção, que estimulam e permitem aos alunos adentrarem no mundo da pesquisa. Em um mundo cada dia mais tecnológico é necessário debatermos estas questões que afetam muitas pessoas. Então, que vocês sigam em frente e que possam nesse ambiente escolar deixar a semente de vocês plantada”, disse Brizola.
“O trabalho que vocês apresentam aqui é um projeto que tem de virar uma política pública dentro das nossas escolas. Porque, por mais que tenhamos uma rede de atenção ela não fala o linguajar que adolescente fala, ela não está lá no dia a dia, na sala de aula, no recreio, nas atividades realizadas em grupo. São vocês que conseguem identificar e conseguem, inclusive, emprestar um ombro amigo. É nessa linguagem que vocês entendem e compreendem quem possa passar por uma dificuldade ou não. Acho que é mais fácil o adolescente ou o pré-adolescente se abrir com um amigo do que com um psiquiatra, um psicólogo de uma rede pública de serviço”, contextualizou a vereadora Patricia Beck (PP).
Gabriel Chassot (Rede) fez um relato sobre ter enfrentado a doença por um longo tempo, até conseguir encontrar o tratamento adequado. “Aqui fala uma pessoa que teve depressão. Quem acha que essa doença é uma bobagem está enganado. Eu vim do interior em 1982 e nessa época, por volta dos 17 anos, apareceu a depressão. Não havia tratamento. Não se falava da ida ao médico psiquiatra e quem dizia que ia a esse especialista era tachado de louco. Havia muito preconceito. Enfim, após sofrer por 11 anos, consumindo em torno de oito comprimidos por dia, fui ao já falecido Dr. Medina e, após todo esse tempo, consegui me equilibrar. Até acertar a medicação correta foi um longo caminho, com muitos momentos ruins, pois a depressão é uma doença grave, que tira, muitas vezes, a vontade de viver. Meus parabéns pela pesquisa e pelo importante trabalho de esclarecimento sobre essa enfermidade”, reconheceu o parlamentar.
O presidente da Câmara, Raul Cassel (MDB), foi o último a se manifestar. Ele fez uma reflexão sobre as diferenças entre a depressão e a frustração. “É necessário não confundir a tristeza associada às frustrações cotidianas e fisiológicas do homem moderno, os aborrecimentos do dia a dia, os sentimentos de perda, luto, contrariedade, com a doença depressão propriamente dita, que é uma condição patológica, limitante, e que implica na necessidade de tratamento específico adequado. A vida hoje está no limite, muitas vezes por falta de diálogo da família, por falta de ter com quem conversar sobre suas coisas, seus sentimentos, isso leva a imaginar que, a cada frustração, estaríamos com sintomas de depressão. Não, o nosso organismo tem a capacidade de reagir e lidar com as frustrações como as que foram ditas aqui. Nós também temos de entender o limite entre essas duas condições. Eu parabenizo vocês porque, com 13, 14 anos, já estão pensando nestas situações, reconhecem o problema e propõem formas de esclarecimento e de auxílio”, finalizou o vereador.