Projeto aprovado dá o nome da educadora Dalilla Sperb ao antigo Lar da Menina
Natural de Montenegro, Dalilla nasceu em 16 de setembro de 1915. Sua história no magistério começou com a educação primária, quando inclusive foi convidada para ser orientadora junto à Delegacia de Ensino de São Leopoldo. Formada em Licenciatura Plena pela Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), contribuiu para a reestruturação da escola Oswaldo Cruz e para a fundação da Feevale, onde atuou como diretora da Faculdade de Educação entre 1972 e 1984. Também lecionou na PUCRS e nas Universidades Federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de Santa Maria (UFSM).
Doutora em Pedagogia, Dalilla escreveu três livros sobre educação e publicou mais de uma centena de artigos em jornais e revistas nacionais e estrangeiros. Durante sua trajetória, também estudou na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, o que motivou um convite para colaborar em curso instituído pela Unesco na Universidade de São Paulo (USP). A educadora atuaria dois anos na capital paulista. Dalilla faleceu em 15 de agosto de 2005, perto de completar seu 90º aniversário.
“Dalilla foi a mais importante aluna do antigo lar. Com 54 anos de sua vida dedicados à educação, foi a primeira pessoa do estado a obter o título de doutora na área”, salienta Raizer Ferreira, que apresentou um vídeo sobre a homenageada e sobre o imóvel com depoimentos de historiadores, familiares e do secretário de Cultura, Ralfe Cardoso. Apesar da aprovação unânime, o Projeto de Lei nº 24/2021 deve passar por nova votação nesta quarta-feira, 5.
Lar da Menina
Localizado na avenida Doutor Maurício Cardoso, 132, o prédio que hoje abriga a Secretaria de Cultura integra o Centro Histórico de Hamburgo Velho, tombado desde 2015 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As atividades no imóvel remontam a 1886, quando Jacob Kroeff vendeu a propriedade para a estruturação de um internato feminino, que daria início à Fundação Evangélica.
Nos anos 1950 e 1960, o local abrigou uma fábrica têxtil. Apenas na década seguinte o prédio se tornaria oficialmente o Lar da Menina. No final do século, um incêndio destruiu boa parte do imóvel, que permaneceu abandonado por anos. Em 2008, o patrimônio foi tombado e adquirido pela Prefeitura. O processo de restauração teve início em 2013. Um ano mais tarde, porém, a obra foi paralisada, sendo retomada apenas em abril de 2019.
O investimento total foi de cerca de R$ 2 milhões. As melhorias no prédio principal incluíram a colocação de esquadrias na fachada, revestimentos e pinturas internas, forros, reboco, instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado, bem como pavimentações internas e elevador. Também foi feita a conexão com o prédio anexo. Ao todo, a edificação soma 1.070 metros quadrados. “Em 2020, com a restauração, a estrutura se tornou um importante ponto turístico, histórico e de preservação cultural da cidade”, destaca Raizer, que participou ativamente das melhorias enquanto secretário municipal de Obras Públicas.
“A Casa Lar da Menina tem uma história muito grande. Tive a bênção de participar de um momento muito importante para a cidade, que foi a entrega da restauração do prédio. Quem conhecer a casa ficará impressionado com a preservação de sua história. O imóvel é tão importante que sediará agora a Secretaria de Cultura. E acredito que o espaço precisava de um nome à altura”, contou Raizer Ferreira, que chegou ao nome de Dalilla após consultar uma série de pessoas ligadas às áreas da cultura e educação. “Pelo que vimos de seu currículo, é mais do que justa a homenagem”, destacou o vereador Ricardo Ritter (PSDB).
Secretário municipal de Obras no início do processo de restauração, Enio Brizola (PT) elogiou a proposta do colega. “Fico feliz que o imóvel tenha recebido o nome de uma pessoa tão comprometida com a educação e com a cultura. Essa foi a primeira obra cujo início assinei enquanto secretário. Tínhamos um apreço muito grande por ela. Era a reconstrução de um prédio em ruínas. A obra infelizmente paralisou devido a uma divergência arquitetônica em sua fachada. Hoje, a cidade recebe um aparelho importante. Parabenizo pela proposição de um nome à altura de uma obra significativa e maravilhosa para Novo Hamburgo”, congratulou Brizola.
A aprovação em primeiro turno
Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. O resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.