Projeto aprovado batiza rua em homenagem ao chargista Tacho
Natural de São Leopoldo, Tacho ficou conhecido na região pelo humor e a acidez de suas charges, publicadas diariamente nos jornais do Grupo Editorial Sinos. Nascido em 21 de junho de 1959, Tacho também compartilhou seus traços e ideias no Correio do Povo. Ao longo de quatro décadas de carreira, foi premiado mais de 20 vezes pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI) – não só por suas charges, mas também pelo projeto gráfico de jornais como o NH e o Diário de Canoas.
Em 2016, lançou o Almanaque do Tacho, uma coletânea de textos e desenhos. “Com a experiência de anos fazendo as charges de vários jornais gaúchos e com a perspicácia que norteia cada texto seu, Tacho costura os acontecimentos e proporciona reflexão”, resume Ica. Gilmar Tatsch faleceu em 9 de fevereiro de 2021, aos 61 anos, após perder a luta contra um câncer no fígado. Ele deixou filha e esposa.
Na tribuna, Ica destacou seu contentamento com a repercussão positiva da proposta. O vereador salientou que não conhecia Tacho pessoalmente, mas sempre foi fã de suas charges e cartuns. “Estou o homenageando porque era um admirador de seu trabalho, de seu talento artístico. Tenho certeza de que o Tacho ainda será lembrado por muitas outras cidades da região”, reiterou o parlamentar, que leu uma carta de apoio ao projeto assinada pelo presidente da ARI, José Nunes.
O vereador Felipe Kuhn Braun (PP) também elogiou a iniciativa e salientou que as charges buscam retratar de maneira bem-humorada as mazelas e dificuldades da sociedade. “Há essa crítica, mas sempre de uma forma suave, curiosa e cômica. O Tacho tinha essa sensibilidade e conseguia transmitir muito bem para todos nós, leitores. Além da obra, ele deixou um legado”, frisou o progressista.
Enio Brizola (PT) comentou que gostaria muito de morar em uma rua com o nome de Tacho. “Eu também o conheci apenas por sua obra, que deve ter uma enorme quantidade de admiradores. Um homem de posicionamento político definido, que era expressado em sua arte sem arrogância ou soberba. Sempre duro com as mazelas da sociedade. Nosso estado perdeu um profissional de grande expressão, e esta Casa não poderia deixar de registrar e reconhecer este grandioso integrante da nossa imprensa”, enfatizou.
Legado
Após a fala dos vereadores, a filha de Tacho, Helena Tatsch, ocupou a tribuna e definiu o projeto de lei como um presente para sua família. “Desde que perdi meu pai, muitas pessoas me questionam sobre seu legado. Pedem para eu continuar publicando as charges antigas, perguntam quando terá uma exposição nova. Mas eu estou em um processo muito forte de luto. Meu pai era meu melhor amigo. Todo mundo fala do quanto ele era genial enquanto profissional, mas eu posso afirmar que ele era muito maior como pessoa. A sensibilidade que ele tinha com o outro era incrível”, revelou.
Helena salientou ainda estar paralisada pelo luto, mas frisou que reconhecimentos como o da sessão desta segunda-feira significam muito para a eternização da história de seu pai. “O maior legado é ser lembrado. Fazer falta para a filha, para a esposa, para o genro, para o irmão, para os colegas de trabalho. Ele não tinha noção de seu tamanho, embora tenha ganho muitos prêmios. Ele, que deu rumo para tantas pessoas, merece muito ser lembrado, exaltado. Tenho certeza de que, onde quer que esteja, por mais tímido e retraído que fosse, ele está muito grato e lisonjeado por esse presente que está recebendo”, emendou.
Colega de trabalho por mais de duas décadas no Grupo Sinos, o jornalista João Ávila enalteceu a genialidade do chargista. “O Tacho conseguia pegar assuntos extremamente delicados da sociedade e, com seus traços finos, dar mensagens fortes, fazendo com que ora ríssemos, ora pensássemos, ora avaliássemos o que estava ao nosso entorno. O Tacho é merecedor desta homenagem por tudo o que construiu. Com sua humildade incrível, era também extremamente culto; estudava e lia muito. Não tinha assunto que ele não discutia”, resumiu Ávila.
Leia na íntegra o Projeto de Lei nº 12/2022.
A aprovação em primeiro turno
Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. O resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.