Presidente do SindProfNH fala sobre retorno às aulas e greve sanitária

por Tatiane Souza última modificação 19/05/2021 22h10
19/05/2021 – O presidente do Sindicato dos Professores Municipais de Novo Hamburgo (SindProfNH), Gabriel Ferreira, usou a tribuna na sessão desta quarta-feira, 19, após aprovação de requerimento verbal do vereador Enio Brizola (PT). Ele falou sobre a volta às aulas da rede municipal de ensino, as condições de biossegurança em relação à Covid-19 para professores e alunos, a greve sanitária da categoria e também pediu que os vereadores reforcem as fiscalizações das escolas.
Presidente do SindProfNH fala sobre retorno às aulas e greve sanitária

Foto: Maíra Kiefer/CMNH

Segundo Ferreira, o Plano de Contingência e o Centro de Operações de Emergência em Saúde para a Educação, denominado COE-E, propostos pela rede municipal de ensino são de difícil execução. “Além da Vacina já para todos, nós defendemos a testagem em massa dos professores e alunos”. Ele ressaltou que sem o teste, pessoas assintomáticas para a Covid-19, por exemplo, podem estar frequentando as salas de aula. O que torna o fato ainda mais problemático para as faixas etárias de até 3 anos, para as quais o uso da máscara não é obrigatório. “Onde tem um contaminado há risco para professores, crianças, que acabam atuando como vetores da doença, e famílias. Precisamos que o Poder Legislativo, neste momento, faça a sua principal tarefa: a fiscalização severa das escolas para averiguar a situação do retorno às aulas”, cobrou o sindicalista.

Além disso, Ferreira argumenta que muitos pontos do plano devem ser revistos como a os equipamentos individuais de proteção ofertados para os professores e alunos. Segundo Ferreira, as máscaras de pano, fornecidas pela secretaria de Educação, não são mais aconselháveis para deter a transmissão do vírus.

A questão, segundo ele, é voltar às aulas com segurança. Ferreira enfatiza que os professores nunca pararam de trabalhar. “Eles estão atendendo crianças que os pais optaram ou precisaram enviar às escolas, já que não tiveram políticas públicas suficientes capazes de garantir que realizassem o isolamento social de forma adequada. Além dos alunos na modalidade híbrida ou revezamento, os profissionais atendem de forma remota aqueles alunos que os pais não se sentem seguros em enviar ao colégio, cerca de 40%, ou que ainda não têm acesso à internet”, explicou.

Gestantes em teletrabalho

O presidente do SindProfNH pediu a mobilização dos vereadores, por meio das comissões, para garantir junto ao Executivo que a Lei Federal que dispõe sobre o teletrabalho para gestantes seja cumprida pelo Município. Segundo ele, a Procuradoria-Geral do Município (PGM) entende que a lei só se aplica aos celetistas. “É de extrema insensibilidade do governo. São vidas que estão em jogo em meio a uma crise sanitária sem precedentes no planeta”, falou de forma incisiva.

Enio Brizola sugeriu criar uma comissão para tratar o quanto antes o caso das gestantes. Outros vereadores se manifestaram neste sentido, como Ito Luciano, Darlan Oliveira (PDT), Semilda dos Santos – Tita (PSDB), Fernandinho Lourenço (PDT) e Lourdes Valim (Republicanos). 

Felipe Kuhn Braun (PP), presidente da Comissão de Educação, acredita que o parecer da PGM deve ser reavaliado. O grupo, composto ainda por Ricardo Ritter (relator) e Gustavo Finck (secretário), deve marcar uma nova reunião com a secretária para tratar essa e outras questões apontadas pelo sindicato. No começo do ano, o colegiado dialogou com a representante da pasta da Educação. Felipe ressaltou que muitos municípios da região têm deixado as grávidas trabalhando de casa.

Questionamento dos vereadores

Vladi Lourenço (PSDB) frisou que quem mais errou na condução da pandemia foi o governo federal. Ele perguntou se vacinar somente os professores e não os alunos seria justo. Neste sentido, Ferreira reforçou que defendem a vacina para todos. E que, neste momento, o ideal seria não haver aulas presenciais e aumentar a imunidade coletiva para diminuir a contaminação. O vereador também destacou a importância de os alunos frequentarem as escolas e mencionou a falta de convívio com outras crianças há praticamente dois anos. Mais uma vez o sindicalista defendeu o controle da pandemia em primeiro lugar. “Nós, professores, estamos sendo obrigados a voltar para a escola. Sem infraestrutura e EPIs adequados”, apontou. Segundo ele, outros municípios estão postergado a volta das aulas presenciais. E, em Novo Hamburgo, os professores e equipes diretivas estão sendo obrigados a voltar e se desdobrando em mil para suprir o que o poder público não tem feito.

Enio Brizola (PT) reconheceu todo o esforço da categoria. “Muitas vezes, ouvimos dizer que não trabalham, mas, na verdade nunca pararam. Negar o direito da gestante de ficar em teletrabalho é um retrocesso”, disse. O vereador ainda criticou a falta de diálogo com a secretária de Educação, Maristela Guasselli. “Temos uma nova onda vindo e a superlotação dos hospitais. Queremos vacinas e equipamentos de segurança necessários para garantir a vida e a saúde das pessoas, além de respeito aos direitos de trabalhadores”, apontou.

Ricardo Ritter – Ica (PSDB), líder do governo na Casa, relatou que entende que a forma mais eficaz de se agir seria a vacinação em massa, mas destacou que não há doses suficientes para todo mundo. “Tenho certeza que a prefeita gostaria de atender a todas as demandas. Mas Novo Hamburgo tem 250 mil habitantes. Estamos com dificuldades na segunda dose da vacinação. Sobre o ensino, especialistas dizem que o melhor período de aprendizado é em torno dos oito anos. E as crianças já perderam mais de um ano de aula. Temos pais ansiosos em levar os filhos para a aula – sinônimo de aprendizado e socialização. É claro que as escolas privadas têm muitos mais recursos, mas temos de entender que as crianças estão sendo prejudicadas em não frequentar a escola. Temos de defender a continuidade das aulas e melhorar as condições para as crianças que não tem acesso à internet”, disse Ica. O parlamentar ainda leu uma lista de materiais fornecidos pelo governo municipal a todas as escolas da rede: máscaras de tecido adulto e infantil, dispensadores de álcool em gel, álcool 70% líquido, álcool 70% em gel, desinfetante, sabonete líquido, termômetro para aferição de temperatura, tapete sanitizante, viseiras, propé (EMEIs), totem com pedal papel toalha, equipamento de oxi-sanitização e purificação de ambientes.

Ito Luciano (MDB) falou como pai, avô e parlamentar. “Vimos a incompetência de um governo federal e, agora, o governo do estado se acovardando. Tudo está sobrando para os prefeitos. Muito mais valioso do que voltar às aulas é a vida. Por mim, suspenderia tudo. Tem que retomar as coisas, mas após uma vacinação para todos. Não podemos achar culpados. Brigar e ofender a prefeita e a secretária é uma divergência desnecessária”, apontou.

O presidente Raizer Ferreira (PSDB) ressaltou que respeita o papel do sindicato para qualificar e ponderar a volta às aulas. Ele lembrou que falas parecidas foram feitas em relação aos profissionais da saúde no início da pandemia. “Todo mundo vai puxar brasa para o seu assado. As opiniões são muito divergentes. Tomar a decisão no momento atual é muito difícil. Quais as prioridades no momento? Podem contar conosco, enquanto Legislativo, mas para construir e convergir em soluções junto ao Executivo. Faltam 7 mil doses para colocarmos em dia a vacina em nossa cidade e isso só em relação à segunda dose”, disse. 

Gabriel Ferreira encerrou salientando que quer diálogo com a prefeita e com a secretária de educação. “Queremos voltar para a sala de aula, mas com segurança. E para isso a vacinação e a testagem em massa são primordiais”, concluiu.