Policial civil pede conscientização quanto à divulgação de notícias falsas

por Luís Francisco Caselani última modificação 24/10/2018 20h59
24/10/2018 – Tema recorrente de debates recentes em todo o país, as fake news têm se tornado um problema também para os órgãos de segurança. Foi o que apontou o vereador suplente e inspetor de polícia Ivan Carlos da Silva (PP) durante participação na sessão desta quarta-feira, 24 de outubro, a convite de Enfermeiro Vilmar (PDT). O agente relatou casos de violência gerados a partir da divulgação de falsas acusações pelas redes sociais, a sensação de insegurança causada por notícias inverídicas e reforçou que tanto as pessoas que produzem quanto as que compartilham os conteúdos podem ser responsabilizadas criminalmente.
Policial civil pede conscientização quanto à divulgação de notícias falsas

Jaime Freitas/CMNH

Ivan Carlos lembrou que a crença em informações sem fontes fidedignas leva, muitas vezes, a um prejulgamento errôneo da situação. “As fake news podem levar a injustiças contra as pessoas. A população pode incorrer em crimes em função de notícias falsas. Temos que ter cuidado com tudo o que postamos e repassamos nas redes sociais. Hoje temos leis que nos responsabilizam também pelo que repassamos, e a população tem que entender isso”, salientou.

O policial civil disse que, nos últimos dois meses, ganharam as redes sociais informações sobre a disseminação de raptos e arrebatamentos de crianças para seitas e rituais satânicos. No entanto, segundo ele, apenas um caso foi registrado, o da menina Eduarda Herrera de Mello, de 9 anos, raptada em Porto Alegre no último domingo, dia 21, e encontrada morta às margens da RS-118, em Alvorada, na manhã de segunda-feira, 22. “Esse é o único fato. E ela não foi pega para rituais satânicos. O que está acontecendo hoje é essa disseminação de falsidades, de fake news, que têm aterrorizado pais e mães de crianças. Precisamos educar a utilização dessas ferramentas. Se uma pessoa matar alguém por causa de fake news, quem repassou áudio, vídeo ou mensagem também será responsabilizado pela morte do sujeito”, ilustrou Ivan.

O também policial civil Inspetor Luz (MDB) enalteceu a pertinência do pronunciamento e disse acompanhar as mensagens que circulam em Novo Hamburgo. Enfermeiro Vilmar contou ter ouvido áudios de casos teoricamente ocorridos em bairros do município. “Ficamos mais tranquilos pelo esclarecimento de que essas informações são falsas”, pontuou. Patricia Beck (PPS) também enalteceu a importância da elucidação trazida pelo progressista. “Logo que começou essa situação, muitas mães começaram a nos contatar sobre a realidade dessas informações. A velocidade com que se propagam ainda é objeto de aprendizado para nós. Ainda estamos descobrindo como lidar com essa ferramenta”, enfatizou a vereadora.

Professor Issur Koch (PP) lembrou outros casos nos quais o compartilhamento de notícias falsas gerou casos de violência, o que atribui também à facilidade com a qual as pessoas podem gravar e compartilhar áudios. Raul Cassel (MDB) destacou que as fake news se consolidaram como um dos assuntos do momento a partir da polarização causada pelas eleições presidenciais, atingindo todo o país. Ele questionou como as pessoas podem proceder para reconhecer a veracidade das informações recebidas e quais as iniciativas adotadas pelas empresas responsáveis pelos aplicativos para impedir a proliferação e multiplicação das notícias.

Ivan lamentou que a legislação brasileira ainda é muito branda em relação a empresas internacionais e a plataformas digitais gerenciadas fora do país. “O que se tem feito é cobrar que eles prestem informações quando necessário. É difícil, no Brasil, termos leis sensatas que obrigam essas empresas a filtrarem as publicações. Hoje, o que as pessoas podem fazer é checar a fonte através da imprensa honesta e sincera”, recomendou.

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