Pesquisa vencedora do Prêmio Cientista Jovem aponta contaminação em águas provenientes de bicas
Daniele Ataydes e Jade Gräeff coletaram amostras em seis datas diferentes entre os meses de junho e dezembro de 2018. Foram verificadas bicas nos bairros Guarani, Hamburgo Velho, Lomba Grande, Operário, Rincão, Rondônia e São Jorge. Somente a do bairro São Jorge, localizada na rua Pedro Boll Filho, não apresentou a bactéria em nenhuma das análises. Em contrapartida, nas de Lomba Grande e Rondônia foi identificado alto grau de contaminação. “De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, 80% das doenças que surgem nos países em desenvolvimento têm relação com água contaminada”, destacou Daniele. Estima-se que 815 mil gaúchos consumam água coletada em fontes alternativas.
A pesquisa também identificou variação nas amostras conforme alteração da temperatura ambiente. “Com a elevação da temperatura, há também o aumento dessa contaminação, tornando as bicas mais suscetíveis, durante os períodos mais quentes, à transmissão de doenças. É necessário que haja uma conscientização da população para que todos possam ter acesso a uma água de qualidade”, defendeu Jade.
As alunas participaram da sessão a partir de requerimento verbal do presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, Felipe Kuhn Braun (PDT), que enalteceu a realização de um trabalho que parte do estudo da química, mas abrange também as áreas ambiental e social. “Podemos pensar a colocação de placas nas bicas contaminadas informando sobre a necessidade de ferver a água antes do consumo”, sugeriu. A vereadora Patricia Beck (PPS) elogiou a pesquisa e aconselhou que os resultados sejam levados à Comusa.
Raul Cassel (MDB) lembrou que as bicas têm sua origem em poços artesianos, não passando pelo tratamento da autarquia de água e esgoto do Município. Ainda assim, ele pontuou que talvez coubesse ao Município inibir o uso das fontes contaminadas, após devida análise. Enio Brizola (PT) sugeriu que cópia da fala também fosse encaminhada à equipe de vigilância sanitária da Prefeitura.
Escherichia coli
Parte do grupo coliforme, a bactéria Escherichia coli faz parte do trato intestinal humano e de alguns animais. Sua presença em água e alimentos serve como indicador de contaminação, podendo causar problemas como gastroenterite e infecção urinária. “O fato de ela estar presente pode representar que a água recebeu uma contaminação fecal, o que pode acarretar riscos à saúde da população, especialmente de crianças e idosos”, explicou Daniele. Embora parte das bactérias E. coli não seja nociva, o grupo possui grande potencial patogênico. Alguns dos sintomas apresentados pela contaminação são febre, vômito, dor de cabeça, perda de apetite, diarreia e cansaço.
Cientista Jovem
Daniele e Jade conduziram uma das duas pesquisas hamburguenses agraciadas com o Prêmio Cientista Jovem, concedido pela Câmara durante a 33ª Mostratec, realizada em outubro de 2018. A honraria representa ajuda de custo para garantir a participação das estudantes na feira Milset Brasil, que ocorrerá em maio em Fortaleza. O projeto também foi pauta do programa Vitalidade, da TV Câmara.
Confira mais informações sobre a pesquisa das alunas.
* Informações acrescidas no dia 21 de fevereiro de 2019, às 14h45min.