Padre critica posição do Supremo ao realizar audiência pública sobre descriminalização do aborto

por Maíra Kiefer última modificação 07/08/2018 01h56
06/08/2018 – Com a intenção de levantar o debate sobre a ingerência do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca de temas de competência legislativa, o padre Elton Mayer, que exerce o sacerdócio na Paróquia Santo Antônio, do bairro Liberdade, ocupou a tribuna do Legislativo nesta segunda-feira, dia 6.

“Vim falar sobre o STF querer passar por cima do Legislativo e propor leis. Teremos uma ditadura do Judiciário. Querem discutir o aborto, o que entendo que não deve entrar em pauta", afirmou Mayer, citando o Projeto de Lei n° 4754/16, que tramita na Câmara Federal e que torna crime de responsabilidade dos ministros do STF a usurpação de competência do Legislativo.

Conforme o padre, em audiência pública realizada nesta segunda pelo Supremo, tentaram desqualificar os religiosos presentes justamente a partir de argumentos religiosos. “Como se usa desse expediente no Estado laico?”, indagou.

Para o padre, há interesses internacionais envolvendo a abertura de clínicas de aborto. “A ciência não tem certeza de quando nasce a vida humana, a não ser sua formação na concepção. Está certo uma mãe abortar porque identifica que seu filho é sindrômico?”, questionou.

Em sua exposição, Mayer declarou ainda que o Brasil é conservador na questão do aborto e que é preciso respeitar a vontade popular.

O presidente Felipe Kuhn Braun (PDT) concordou com as afirmações do padre sobre a posição de grande parte da população e sobre a interferência do Supremo em assuntos que competem ao Congresso. “Legislar não compete ao Supremo, que tem passado, de fato, de suas atribuições recentemente”, encerrou o parlamentar.