Fenac acolhe 2,8 mil pessoas atingidas pelas enchentes
O presidente Gerson Peteffi (MDB), o primeiro-secretário Ricardo Ritter – Ica (MDB) e a segunda-secretária Tita (PSDB) conversaram com coordenadores, servidores e voluntários para entender a logística de armazenamento e distribuição dos donativos. “São quase 3 mil pessoas necessitando dos mais variados itens. Visitamos há pouco o ambulatório, que proporciona atendimento médico. Isto aqui é um campo de guerra, mas muito bem ajeitado e organizado. Servidores e voluntários estão dando o melhor de si, e está tudo funcionando corretamente. Todo o material que está aqui será doado”, frisou Peteffi, que enalteceu também a intensa atuação de seus colegas desde o início dos eventos climáticos.
Nesta segunda-feira, inclusive, a Câmara decidiu pelo cancelamento das duas sessões plenárias da semana, justamente para que os vereadores possam concentrar suas atenções às necessidades das milhares de pessoas desabrigadas na cidade. Ao longo dos últimos dias, parlamentares e suas equipes têm sido vistos atuando nas mais diversas frentes, como a organização de campanhas de arrecadação, o preparo de refeições e até mesmo auxiliando no resgate de pessoas e animais.
Doações
Responsável pelo setor de donativos instalado na Fenac, o assessor comunitário Neli Silveira agradeceu a solidariedade de todos os hamburguenses e salientou que a prioridade agora é a arrecadação dos itens que compõem a cesta básica. As entregas podem ser feitas das 9h às 19h, com entrada pela rua Araxá, 505, no bairro Ideal.
“Fizemos uma convocação muito exitosa à solidariedade de todo o povo hamburguense. Recebemos muitas doações, que nos fizeram manter totalmente atendidos os oito abrigos municipais com café da manhã, almoço e jantar. Conseguimos também atender alguns outros abrigos ou algumas necessidades esporádicas que surgiam. Amanhã (terça-feira, 7) iniciaremos a distribuição dos kits alimentação para as pessoas que têm necessidade, mas que não estão abrigadas, e para aquelas pessoas que, por alguma condição mais favorável, já podem retornar às suas casas”, antecipou.
No último domingo, 5, circularam vídeos pelas redes sociais com denúncias de que servidores do Executivo negaram a entrega de donativos a grupos independentes de voluntários que atuam na distribuição a locais e pessoas necessitados. Sobre o impasse, Silveira explicou que a Prefeitura tem uma enorme responsabilidade com tudo que lhe é doado. Por isso, avalia de maneira criteriosa a saída e o encaminhamento de cada item.
“As pessoas estão muito mobilizadas, munidas da melhor boa vontade, mas às vezes têm uma visão muito restrita a seus grupos. Pessoas que disponibilizaram seu tempo, seus carros e estavam muito dispostas a levar alimentos e recursos materiais como colchões e cobertas àqueles grupos aos quais tinham acesso. Não necessariamente eram os grupos que mais precisavam naquele momento. Aí houve a discórdia. Nós entendemos, como poder público, que precisamos ter um controle, uma visão do todo. Eu não posso deixar de considerar o bem comum para considerar alguns interesses, por mais legítimos que sejam”, pontuou.
Após a repercussão, foi aberta uma central de cadastramento para que outros espaços de abrigamento, não vinculados ao poder público, possam enviar suas demandas e buscar, mediante autorização prévia, os itens que precisam. O contato pode ser feito pelo telefone (51) 99469-6751.
Cães
No antigo hotel da Fenac, a alguns metros dos pavilhões, a Prefeitura abriga cerca de 250 cães perdidos durante a inundação. O espaço, que já está lotado, tem o apoio de cinco médicos veterinários, servidores da Secretaria de Meio Ambiente (Semam) e voluntários. Ao todo, são mais de 500 cachorros salvos das áreas de enchente que ainda não encontraram seus tutores. Também há outras centenas de pets junto a suas famílias nos locais de acolhimento. A Semam criou o perfil @animaisdaenchente_nh para que as pessoas possam encontrar seus cães.
Maior tragédia climática do RS
Conforme boletim divulgado pela Defesa Civil do Estado nesta segunda-feira, as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul desde a última semana afetaram 364 dos 497 municípios gaúchos e já ocasionaram 83 mortes e 111 desaparecidos. O estado tem 130 mil desalojados e milhares de desabrigados.
O desastre também impactou o fornecimento de água e energia elétrica em diversas localidades. Devido à cheia histórica do Rio dos Sinos, que atingiu 9,73 metros, a Comusa suspendeu a captação de água já na sexta-feira, 3, por tempo indeterminado. Ainda não há previsão para retorno do abastecimento. Aulas da rede municipal também estão temporariamente suspensas.