Legislativo apoia mobilização por justiça no caso da hamburguense Bárbara Hoelscher

por Luís Francisco Caselani última modificação 06/08/2018 22h47
06/08/2018 – A Câmara de Novo Hamburgo aprovou por unanimidade durante sessão na noite desta segunda-feira, 6 de agosto, moção proposta pelo vereador Enio Brizola (PT) que manifesta apoio ao pedido de justiça por Bárbara Hoelscher, hamburguense que teve seu corpo queimado pelo então namorado durante discussão em novembro de 2016. O caso foi a julgamento no último dia 19, resultando na condenação do réu a sete anos e 11 meses de reclusão. A defesa, contudo, obteve liminar permitindo o cumprimento da pena em regime semiaberto. Brizola entende que o habeas corpus deixa a vítima desamparada.
Legislativo apoia mobilização por justiça no caso da hamburguense Bárbara Hoelscher

Maíra Kiefer/CMNH

O texto lembra que Bárbara teve 47% de seu corpo queimado, após Igor Schonberger despejar produtos de limpeza na vítima e atear fogo. Ela passou os 73 dias seguintes internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Novo Hamburgo e ainda vive com limitações, necessitando de cirurgias reparadoras. O crime, ocorrido em Lindolfo Collor, foi levado a júri popular no Foro de Ivoti, com a sentença sendo expedida no início da madrugada do dia 20. O promotor Charles Martins entrou imediatamente com recurso, pleiteando o aumento da pena. No último sábado, dia 4, um ato de apoio à vítima e de repúdio à concessão de habeas corpus ocupou parte da avenida Pedro Adams Filho, no Centro.

Esta moção vem no sentido de formalizar um apoio da Câmara aos movimentos contra a violência doméstica no nosso país. Esse ato específico vai contra uma decisão branda, que não considerou a tentativa de feminicídio um crime hediondo. Com isso, já no sétimo dia de cumprimento de sua sentença, o réu foi encaminhado para o regime semiaberto. O agressor está livre e a vítima, além de gastar altos valores com sua recuperação estética, é uma pessoa que vive com medo”, ressaltou Brizola.

Professor Issur Koch (PP) salientou ainda os malefícios para a sociedade que resultam da revogação da decisão de reclusão do ex-companheiro de Bárbara. “Infelizmente, é um delinquente perigoso que está solto novamente nas ruas, e que pode encontrar novas pessoas a quem violentar. Nada trará de volta a tranquilidade dessa jovem em estar em um novo relacionamento, mas precisamos tirar pessoas como ele da rua. Deixo meu repúdio a esse mecanismo legal que permitiu a concessão de habeas corpus para o agressor”, contribuiu.

A procuradora especial da Mulher, a vereadora Patricia Beck (PPS), saudou a iniciativa, mas fez um alerta. “Chama a atenção o quanto as pessoas não se mobilizam. Ainda queremos tapar os olhos para não reconhecer que o problema está próximo a nós. Ficamos perplexos com notícias como a da Bárbara, que sobreviveu, mas que podemos dizer que perdeu sua vida. Não podemos permitir que o sonho de constituir família se torne um pesadelo”, reforçou Patricia, destacando campanha recente lançada pelo Legislativo.

Leia na íntegra a Moção nº 18/2018.

O que é uma moção?

A Câmara se manifesta sobre determinados assuntos – aplaudindo ou repudiando ações, por exemplo – por meio de moções. Esses documentos são apreciados em votação única e, caso sejam aprovados, cópias são enviadas às pessoas envolvidas. Por exemplo, uma moção louvando a apresentação de um projeto determinado no Senado pode ser enviada ao autor da proposição e ao presidente daquela casa legislativa.