Jovem atleta hamburguense supera adversidades enfrentadas na vida com o jiu-jitsu
Muito antes do primeiro contato com o esporte, Dionatan morava com sua mãe e seus nove irmãos, três deles com deficiência. O falecimento da matriarca, no entanto, provocou a separação da família. Ao lado do irmão mais novo, foi morar com uma tia. A estadia não foi muito longa. Com cuidados negligenciados, os dois acabaram em uma casa de acolhimento, onde, aos 9 anos, Dionatan começou suas primeiras aulas de capoeira e judô.
A pandemia, contudo, levou ao fechamento do lar e a uma nova mudança. Foi já no novo abrigo, em maio do ano passado, que surgiu o jiu-jítsu em sua vida. Impossibilitado de dar continuidade às primeiras artes marciais que praticou, Dionatan entrou para a academia Sul Jiu Jitsu Novo Hamburgo, escola com sede no bairro Jardim Mauá, a qual passou a representar em torneios da modalidade.
Gustavo Finck informou que estava muito feliz com a oportunidade de homenagear Dionatan. “Essa é uma das principais homenagens que já propus nesta Casa. Um menino que merece muito destaque, que tem uma trajetória de luta em sua vida e nos tatames para hoje estar aqui nesse Plenário. Que teu exemplo sirva para outros jovens e também para adultos, que reclamam da vida, mas não sabem de uma história de superação”, disse o parlamentar.
“Eu morava com um familiar que agredia a mim e ao meu irmão mais novo. Por sofrer violência doméstica, procurei ajuda no Judiciário e fui para um abrigo. Esse primeiro abrigo fechou e eu e meu irmão fomos para um outro, onde comecei a minha trajetória nos tatames e isso mudou a minha vida. O jiu-jitsu ajudou-me muito, trouxe-me disciplina. Comecei a competir e senti que era isso que eu queria para a vida. Quero continuar crescendo, chegar à faixa preta e viver de jiu-jitsu”, relatou, muito emocionado, o homenageado Dionatan Maciel.
Na sequência, o treinador de Dionatan, Henrique Seibert, explicou que há muitos como o pupilo dele espalhados por Novo Hamburgo, mas que não têm chance de alcançar as competições. “A cidade produz muitos atletas, que ficam à margem por falta de políticas públicas apropriadas para o esporte. Aproveito o momento para ampliar essa discussão, pedindo aos parlamentares que ajudem, que incentivem o esporte”, frisou Seibert.
“Muitas crianças eu levei aos abrigos, quando ainda era conselheira, e os acompanhava. Infelizmente, poucos conseguiram superar as mazelas sofridas, como o Dionatan está superando. Quero dizer a ti, Dionatan, que já és um vencedor. Por ter escolhido ser um atleta escolheu o caminho certo. Olhe sempre para frente e vai buscando as tuas vitórias, pois já tens muitas”, destacou Semilda-Tita (PSDB).
“Ficamos muito emocionados nessa noite de hoje. A tua história de luta nos sensibiliza. Tu poderias ter escolhido um outro caminho ao ser vítima de violência doméstica, mas Deus também colocou pessoas boas na tua vida e tu te tornou um esportista. O esporte é saúde, precisa sim ser melhor valorizado na nossa cidade”, disse o presidente do Parlamento, o vereador Fernandinho Lourenço (PDT).
“Já ocupei cargos no Executivo vinculados ao esporte e sei das dificuldades em levarmos adiante alguns projetos, seja de luta, seja de vôlei, basquete ou até mesmo o futebol. Brigamos sempre por mais verbas, e vamos continuar brigando, mas somos conhecedores das dificuldades em obter esses recursos”, explicou Ricardo Ritter – Ica (PSDB).