Irmã Armela torna-se Cidadã de Novo Hamburgo em solenidade na Câmara

Maria Catarina Rhoden é a terceira freira a integrar a galeria de notáveis exibida no saguão do Parlamento hamburguense e a sétima mulher a receber o reconhecimento por sua contribuição à cidade. Sua fotografia passa agora a compor o painel que já reúne as imagens de Irmã Maria Valéria e Irmã Generosa, homenageadas em 1984 e 2013, respectivamente.

Confira a história dos homenageados desde 1957.

A solenidade

Além da homenageada da noite, compuseram a mesa diretiva o presidente da Câmara, Cristiano Coller (PP), o proponente da homenagem, a coordenadora provincial, Irmã Janete Ledur, e a ex-coordenadora provincial, Irmã Veronice Weber.

Ao abrir a solenidade, o presidente Coller apontou que o momento é de celebração não apenas de uma honraria, mas do valor de uma vida inteira dedicada ao bem comum. “Conceder o Título de Cidadã de Novo Hamburgo é reconhecer, de forma pública e solene, aquelas pessoas que dedicam sua trajetória a transformar realidades, fortalecer vínculos e servir à comunidade com generosidade, compromisso e humanidade. Este é um dos mais importantes tributos concedidos pelo Poder Legislativo, pois simboliza o agradecimento da cidade a quem, por meio de sua missão, trabalho e exemplo, deixa marcas permanentes em nossa história”, salientou o parlamentar. 

Proponente da homenagem, o vereador Felipe Kuhn Braun destacou que este um dos títulos mais importantes concedido pelo município. Ele afirmou ser uma honra reconhecer uma mulher cuja trajetória é sinônimo de fé e educação, marcada pela dedicação em transformar teoria em prática. “A congregação Santa Catarina reúne centenas de irmãs que, juntas, constroem uma obra coletiva nas áreas educacional e hospitalar. Ao 84 anos, Irmã Armela permanece ativa, comprometida em colaborar e fazer a diferença ao lado das demais religiosas. Há 125 anos, a congregação tem papel fundamental para Novo Hamburgo, para o Estado e para o país, sustentada pela fé, pela esperança e pelo trabalho”, enfatizou.

Segundo o vereador, a caminhada de Irmã Armela na cidade foi marcada pela humildade, pela fé e pelo amor. “Entregar este título não é apenas um ato protocolar; é o reconhecimento da nossa comunidade, é Novo Hamburgo lhe dizendo muito obrigado por tudo”, afirmou.

Durante a cerimônia, o presidente Coller ressaltou ainda que o Legislativo homenageia uma mulher cuja história se confunde com a própria história de Novo Hamburgo: uma trajetória marcada pela missão, pelo serviço e pelo amor ao próximo. “Irmã Armela deixou marcas profundas em tantas instituições importantes, transmitiu valores, guiou crianças e jovens e ajudou a moldar gerações. Ofereceu fé, esperança e valores aos que mais precisavam. Reconhecemos que Novo Hamburgo é, e sempre será, o seu ninho. Hoje celebramos uma vida inteira de serviço, dedicação e amor comunitário. Irmã, sua história nos inspira, sua fé nos fortalece e sua presença engrandece nossa cidade”, afirmou o parlamentar. 

Para a Irmã Janete Ledur, o dia foi marcado por alegria e gratidão. Ela lembrou que Novo Hamburgo acolhe a missão da congregação Santa Catarina há 125 anos, período em que as irmãs contribuíram decisivamente para o desenvolvimento da cidade nas áreas da saúde e da educação. Destacou que Irmã Armela sempre atuou com firmeza e delicadeza, guiada por profundo senso de serviço e entrega.

Janete também reconheceu a iniciativa do vereador Felipe Kuhn Braun ao propor a homenagem, ressaltando que o gesto valoriza a contribuição histórica das Irmãs de Santa Catarina para o bem comum. A religiosa frisou que Irmã Armela passa a ser a terceira religiosa da congregação a receber o título de Cidadã de Novo Hamburgo. E, ao final, afirmou que a trajetória da homenageada se evidencia menos pelos cargos que ocupou e mais pela forma como viveu cada responsabilidade. “Ela nos inspira ao mostrar que a verdadeira grandeza nasce da disposição interior para servir. Que este momento renove em todos nós o compromisso com o bem comum, com a solidariedade e com a esperança. Que possamos continuar escrevendo juntos histórias de cuidado e transformação, como faz nossa querida irmã Armela”, afirmou. 

Biografia da homenageada

Nascida em 29 de julho de 1941, em São José do Sul, então pertencente a Montenegro, Maria Catarina Rhoden é a 11ª de uma família de 13 filhos. “A mãe tinha uma filha mais velha e uma fila de nove meninos, e queria outra menina”, revelou a religiosa. Para realizar seu desejo, fez um pedido a Santa Catarina, que foi atendido. Por isso, Armela contou chamar-se Maria Catarina. Ela relatou que sua família tinha uma base religiosa sólida, especialmente a mãe, por ter formação escolar jesuítica.

Com essas referências no lar, a vocação de Armela surgiu ainda na infância, por volta dos seis anos. Ao ver um calendário ilustrado com a imagem de irmãs da Congregação de Santa Catarina, expressou naquele momento a vontade de se tornar freira. O tempo passou e o desejo de seguir o chamado permaneceu. Com quase 15 anos, novamente manifestou sua intenção à mãe, que a autorizou a mudar-se para Novo Hamburgo a fim de cursar magistério e iniciar sua formação como candidata, postulante e, posteriormente, fazer o noviciado.

A cidade foi escolhida por abrigar a sede da Congregação das Irmãs de Santa Catarina. Concomitantemente às aulas que ministrava nas séries iniciais, fez o curso técnico em Contabilidade e, posteriormente, as faculdades de Pedagogia e Teologia. A história de Irmã Armela se entrelaça com a do Colégio Santa Catarina. Por mais de uma década, ela auxiliou crianças das Vilas Fleck e São José e do bairro Canudos, preparando-as para a primeira comunhão e a crisma. Entre 1983 e 1989, conduziu a Província Santa Catarina Sul-Brasileira. Em setembro de 1989, foi eleita vice-geral da Congregação e mudou-se para Roma, onde também atuou, por dois mandatos consecutivos, como superiora-geral. Ao todo, foram 18 anos de condução da ordem, que atua em mais de dez países.

Na Europa, o ápice de seu trabalho de Maria Catarina — nome de batismo escolhido por sua mãe em razão de sua devoção — foi o momento em que João Paulo II realizou a beatificação de Regina Protmann diante de quase 2 milhões de pessoas, em Varsóvia.

Agora, toda a dedicação à comunidade de Novo Hamburgo e os reflexos de amor e devoção no trabalho desenvolvido pelo mundo culminam em seu reconhecimento pelo Parlamento da terra que escolheu como lar.

Irmã Armela relembra sua vocação e reforça vínculo afetivo com Novo Hamburgo

Ao agradecer a homenagem, Irmã Armela fez uma saudação emocionada e destacou que “gratidão é a memória do coração”. Ela disse sentir imensa satisfação pelo reconhecimento e agradeceu ao vereador Felipe Kuhn Braun pela iniciativa. “Esta homenagem me faz sentir verdadeiramente acolhida, reforçando a ligação construída ao longo da minha trajetória com a cidade. Novo Hamburgo estará sempre em meu coração”, declarou.

Em seu relato, lembrou que cresceu em uma família numerosa no interior de Montenegro e que, aos 15 anos, foi recebida no Colégio Santa Catarina, onde a acolhida afetuosa das irmãs marcou profundamente sua vocação religiosa. “Ali percebi que este seria o meu caminho”. Ao compartilhar sua caminhada na fé, ressaltou o carinho e o reconhecimento que recebeu da comunidade hamburguense. Encerrando sua fala na tribuna agradeceu pela distinção e pelo acolhimento ao longo dos anos, reafirmando o sentimento que guiou seu discurso.

Fizeram parte da tribuna de honra da solenidade a vice-coordenadora provincial, Irmã Agnes Biesdorf, e pelas conselheiras provinciais Irmã Célia Steinmetz, Irmã Valquíria Vieira da Silveira, Irmã Jacinta Schneider. Também integraram o espaço a coordenadora da comunidade Madre Regina, Irmã Celsa Rhoden; o pároco de Morro Reuther, Luiz Pedro; o coordenador de pastoral da Diocese de Novo Hamburgo, padre Vicente Immg; o monsenhor Valnei Armesto, vigário-geral da diocese; e o padre José Hilário Immig, vigário paroquial da catedral São Luís Gonzaga. 

Galeria dos Cidadãos

Ao final da cerimônia, os presentes foram convidados a deixar o plenário e seguir até o saguão de entrada do Palácio 5 de Abril. Na parede, uma foto da homenageada e um resumo biográfico eternizam as contribuições de Irmã Armela para o município, em uma galeria que agora reúne os 51 Cidadãos de Novo Hamburgo escolhidos pelas diferentes legislaturas ao longo das últimas décadas.

Acompanhe em fotos a trajetória da Irmã Armela

Assista à sessão solene na íntegra