Índice coloca Novo Hamburgo em estado de alerta para a dengue

por Tatiane Souza última modificação 27/02/2023 16h27
22/02/2023 – Dengue é uma doença infecciosa febril aguda, que pode se apresentar de forma benigna ou grave. Transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, ela é uma ameaça à saúde pública em todo o Brasil. À convite do vereador Enio Brizola (PT), por meio do Requerimento nº 112/2023, a gerente da Vigilância em Saúde de Novo Hamburgo, Débora Bassani, a coordenadora Lisa Ávila e o coordenador do projeto de Prevenção e Combate à Dengue (Feevale), Tiago Steffen, participaram da sessão desta quarta-feira, 22, para falarem sobre o combate à dengue em Novo Hamburgo. Há três casos confirmados da doença no município e 48 notificações.
Índice coloca Novo Hamburgo em estado de alerta para a dengue

Foto: Maíra Kiefer/CMNH

Enio Brizola (PT) destacou que os meses de março e abril são picos da proliferação da dengue no município, estado e país. “Estamos em situação de alerta, conforme já anunciado pelas autoridades sanitárias. Estamos, de fato, sem criar alarme, em situação de risco. A ideia ao trazer os técnicos hoje aqui na plenária é como a Câmara, como coletividade, pode se somar neste enfrentamento. E entender como agir em relação ao mosquito, qual o impacto da doença, e como prevenir a proliferação por meio da prevenção”, salientou o vereador. 

Coordenador do projeto de Prevenção e Combate à Dengue da Universidade Feevale, Tiago Steffen usou a tribuna e fez um panorama sobre a dengue em Novo Hamburgo. “Uma questão bastante interessante para lembrar é que Novo Hamburgo nunca teve um ano tão atípico como 2022. De 16 casos, passou para mais de sete mil. Por isso, essa conversa é muito importante. Ninguém esperava esses índices”, relatou. 

Steffen revelou que no ano passado foram 8.072 casos notificados, 7.017 confirmados (161 em Lomba Grande), 968 descartados e nove óbitos no Município (maior índice do Rio Grande do Sul). “Sabemos que é um dado subestimado. Foram muitos mais casos, mas muitas pessoas acabam não procurando auxílio médico ou uma unidade de saúde. Se não procurarem ajuda, não tem também como projetarmos um número exato. Por isso deixo o alerta: sintomas de febre e dores do corpo, procurem atendimento”, frisou o técnico. 

Ele ressaltou que a evolução nos casos de dengue ocorre muito rápido. Novo Hamburgo, conforme os dados trazidos, está infestada pelo mosquito aedes; e ele só não está transmitindo porque não está contaminado ainda. “Trabalhando por semana epidemiológica, em 2022, por exemplo, nesta mesma época tínhamos nove casos da doença. Dois meses depois, 946. Logo se perde o controle porque o avanço da doença é muito rápido. Agora, temos três casos (dois importados, quando a contaminação é trazida de fora, e um autóctone, quando a contaminação acontece na região que a pessoa vive). 

O coordenador explicou que, com a chegada do frio, o mosquito vai diminuindo, as pessoas vão mudando hábitos, tendo mais cuidado. Se for constatado algum caso suspeito, em um raio de 200 metros, as ações são redobradas, com mais supervisionamento. Além disso, Steffen destacou o uso de bloqueio químico, com a disseminação de inseticidas nas ruas para eliminar os mosquitos adultos. 

Dados importantes 

Segundo o primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) realizado em Novo Hamburgo, já há mosquito contaminado circulando. Até agora, foram 3.527 imóveis vistoriados, 75 amostras de larvas e pupas, sendo 52% positivo para o aedes aegypti. Outra explicação importante diz respeito ao Índice de Infestação Predial. Em Novo Hamburgo, o índice é 1,1.

Índice abaixo de 1, satisfatório;

Índice de 1 a 3,9 alerta;

Índice maior que de 3,9, risco. 

O especialista lembrou também a importância de revisar uma vez por semana (ciclo de vida do inseto) a casa a procura de focos de proliferação do mosquito. Segundo ele, brinquedos, ralos, calhas entupidas, piscinas de plástico sem manutenção, baldes, potinhos de flor, potes de água do cachorro, tampinhas de refrigerante são os reservatórios mais habituais. Steffen falou também da criação do Comitê de Arboviroses no final de 2022 pelo Decreto nº 10.414/2022, o que tem otimizado o trabalho deste ano, com mais secretarias e órgão envolvidos, facilitando a comunicação e a realização das ações. 

A gerente da Vigilância em Saúde, Débora Bassani, confirmou que o Município está atuando de forma séria para evitar que o cenário de 2022 se repita. “Já fizemos cinco bloqueios químicos aqui em Novo Hamburgo. Estamos trabalhando em pontos estratégicos, na aquisição de testes rápidos, capacitação de todos os agentes comunitários, enfermeiros e médicos da rede pública e privada para poder orientar no melhor manejo dos pacientes”, disse. 

A coordenadora Lisa Ávila, que é médica veterinária, salientou que o cenário de 2022 era de difícil compreensão porque os sintomas da dengue eram parecidos com o da covid-19 e até de uma gripe normal. Ela lembrou que a pessoa infectada pelo vírus, deve ter cuidado redobrado, usar sempre repelente e não frequentar lugares públicos ou o trabalho. “É preciso consciência também das pessoas doentes”, afirmou. Ela ainda explicou que a pulverização com inseticidas não é fumacê. “Os mosquitos circulam mais nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde, quando os saem para se alimentar. E são nestas horas que agimos. Mas a comunidade tem de fazer a sua parte”, orientou.

A cidadã Carla Atkinson usou a tribuna para dar seu relato. Contaminada pela dengue em 2022, elogiou o trabalho dos técnicos presentes e as medidas preventivas que estão sendo tomadas para impedir os números alarmantes do ano passado. Ela pediu, no entanto, que a Administração Municipal haja de forma mais assertiva, especialmente em relação aos testes e aos resultados e ao fato de não haver agentes comunitários atuando no Centro da cidade. “Tive dengue em 2022 e essa doença impacta no cotidiano de toda a cidade, estado e na cadeia produtiva. O trabalhador fica, em média, 10 dias impedido do laboro, porque a doença é muito debilitante, não conseguimos ficar em pé para tomar banho ou fazer uma refeição. É uma doença grave e que pode levar a óbito. O meu propósito é alertar o município para não deixar a situação piorar”, declarou.

Os vereadores se posicionaram sobre o assunto e fizeram questionamentos. Autor do requerimento que trouxe os profissionais ao Plenário, Brizola disse estar impactado com o número de notificações, casos e óbitos. Mas ressaltou que está satisfeito com as ações dos técnicos na questão da prevenção. “Temos de ter nossas redes sociais engajadas na disseminação de informações de conscientização”, disse o petista. Ele também indagou sobre possíveis ações realizadas em parceria com a Secretária Municipal de Educação nas escolas e com as crianças. Lisa ressaltou que a Smed é uma grande parceira e que possui um trabalho bonito de educação ambiental. O parlamentar destacou diversos pedidos de providências solicitando a limpeza nas escolas para evitar possíveis focos de proliferação do mosquito.

 

Contatos:

Instagram: @Projetodenguenh
Facebook: ConvenioDengueNH
E-mail: conveniodengue@feevale.br

Ouvidoria Sus: 136
Telefone Ouvidoria Secretaria do Estado do Rio Grande do Sul: 0800 6450 644


registrado em: