Estudantes fazem pesquisa sobre racismo em Novo Hamburgo
Por meio do requerimento nº 57, eles falaram sobre a iniciativa a convite do vereador Felipe Kuhn Braun (PDT), jornalista e pesquisador da formação e trajetória da região do Vale do Sinos e entorno. Os estudantes João Pedro Antônio da Silva, Giovanna Oliveira da Cruz, João Pedro Altenhofen, Jonathan da Rosa Teixeira, Kauã Garcia da Silva, Kauê Kaczanoski Moreira subiram à tribuna para relatar o resultado do levantamento acerca dos negros hamburguenses. “Ao longo do trabalho percebemos que diversas pessoas que fizeram parte da história da cidade foram esquecidas e dessas a maioria é de pessoas negras. Nosso objetivo é homenagear e torná-las imortais na memória hamburguense." O estudo integra o Aprender e Compartilhar, reconhecido projeto da Adolfina Diefenthäler, premiado nacionalmente no ano passado.
Ao longo do trabalho, os jovens pesquisaram sobre o período da escravidão no Brasil e perceberam o quão racista é a sociedade, que por séculos escravizou e, após a abolição, seguiu subalternizando a mão de obra negra. E, ao realizarem entrevistas com a comunidade escolar, viram que havia muito pouca informação sobre negros que se destacaram na cidade. Personalidades como o artista Carlos Alberto de Oliveira – Carlão, que hoje dá nome à escola de arte do Município, e o ator Breno Higino Mello, famoso por interpretar o Orfeu Negro no cinema na década de 1950, eram pouco conhecidos por grande parte da população. Outros cidadãos apresentados no trabalho foram a benzedeira Vó Nair, que faleceu em 2019; Renato Pipoqueiro, que dá nome à esquina na qual trabalhou por 40 anos, e Dona Dora (Darcy da Silva), de 96 anos, cujos familiares acompanharam a sessão.
Conforme os estudantes, o estudo se justifica pela relevância social e pela importância de mostrar a contribuição da comunidade negra em Novo Hamburgo. A ideia dos jovens é seguir com a pesquisa imortalizando e incentivando as autoridades locais a reconhecer demais cidadãos negros de destaque. Por fim, eles lembraram a emoção de conhecer pessoalmente uma das homenageadas, Dona Dora, que foi à Feira Municipal de Iniciação Científica e Tecnológica (Femictec) para ver de perto o trabalho dos representantes da escola Adolfina.
Fala dos vereadores
Felipe Kuhn Braun agradeceu a presença dos alunos e lembrou que, como pesquisador, muitas vezes se depara com relatos de situações delicadas pelas quais pessoas de origem africana passaram e ainda passam na Região. Ele citou também o programa Memória com a Vó Nair, gravado em 2015, e exibido pela TV Câmara. “É importante que honremos a memória dessas pessoas, pois se não houver esse tipo de reconhecimento podem realmente ser esquecidas com o passar das gerações.”
Para auxiliar os estudantes, Raul Cassel (MDB) sugeriu algumas personalidades negras para dar sequência à pesquisa, dentre elas Renato Fernandes, primeiro vereador negro de Novo Hamburgo. Vladi Lourenço (PP) rememorou a história de Renato Pipoqueiro, cujo filho Conceição foi seu colega no Exército.
Enio Brizola (PT) enfatizou o debate nas escolas e a luta contra o racismo, lembrando a contribuição dos negros no desenvolvimento da cidade. Ele enalteceu ainda a política de cotas como forma de dar melhores condições àqueles que por séculos estiveram à margem da sociedade.
Patricia Beck (PP) elogiou os jovens pela escolha do tema e exaltou o trabalho da instituição, bem como a liberdade que os educadores dão às crianças para que possam se desenvolver. O presidente Gerson Peteffi (MDB) agradeceu a presença da professora Raquel e de seus alunos e lembrou o quão importante é resgatar a memória daqueles que ajudaram a fazer de Novo Hamburgo a cidade que é hoje.