Em sessão solene, Câmara homenageia os 80 anos da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande
Felipe lembrou seu primeiro contato com a entidade, enquanto dava início a suas pesquisas historiográficas sobre o Município e a região, e ressaltou que a associação foi o quinto centro tradicionalista a ser fundado no Estado. “Não poderia deixar de reconhecer essas oito décadas de história, que têm origem em 22 homens, de origem germânica, mas desde sempre ligados aos hábitos gaúchos. Mas nós homenageamos não apenas aqueles primeiros homens, mas todas as gerações que vieram depois, perpetuando a cultura e a tradição gaúcha. Estamos muito felizes por essa sessão solene. Sabemos que vários outros momentos virão, de muito trabalho, mas também de muitas celebrações, de relembrar o que foi conquistado. O CTG (Centro de Tradições Gaúchas) desenvolve a parte pessoal e profissional, mas também os laços de amizade e as memórias”, exaltou.
Professor Issur Koch (PP) destacou a importância dos CTGs no resgate de princípios sociais e humanos. “Quero enaltecer todos os patrões e todas as pessoas que mantiveram a chama do tradicionalismo acesa ao longo desses 80 anos. Pessoas que abriram mão do seu convívio familiar para dedicar seu tempo para dar continuidade às tradições. Além disso, o CTG tem uma questão muito importante, que é a manutenção dos valores da amizade, do respeito e da relação harmoniosa entre as pessoas. Mais do que comemorar, temos que agradecer a tudo o que vocês fazem. Em um mundo tão carente de princípios, temos ainda a chama viva do respeito e do convívio em sociedade”, elogiou.
Em nome da bancada do PMDB – também estiveram presentes Gerson Peteffi e Sergio Hanich –, o vereador Inspetor Luz defendeu a destinação de recursos à Sociedade Gaúcha como forma de preservação do tradicionalismo e resgatou aspectos históricos da instituição. “Desde o início, a entidade já tinha um caráter integrador. Essa representatividade que vocês trazem para Novo Hamburgo trazem consigo um custo, que precisa de verbas para ser coberto. O que vocês realizam são ações sociais de grande profundidade”, enfatizou. O parlamentar também recorreu a um acontecimento pessoal para ressaltar a capacidade da entidade em receber a todos. “Lembro de termos sido muito bem acolhidos pela Sociedade durante ação de investigação de cárcere privado, quando precisávamos de discrição. Desejo muitos outros 80 anos para vocês, e que nunca esmoreça o tradicionalismo gaúcho”, completou.
Presidente do Conselho de Vaqueanos da entidade tradicionalista, Adilson Pinto discorreu sobre os obstáculos financeiros enfrentados para manter a associação ativa e cobrou maior suporte por parte da Prefeitura. “Passamos muitas dificuldades diariamente para tocar nossa entidade adiante, então precisamos do apoio do poder público. A Prefeitura nos apoia quando dá, mas creio que poderia ser feito mais. Tenho dificuldade em acreditar que a representatividade do nosso CTG, levando o nome de Novo Hamburgo por todo o Estado, seja abandonada pelo Executivo”, comentou.
Já o patrão da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, José Luiz Silveira, fez questão de destacar o trabalho de todos os integrantes da organização ao longo das oito décadas. “Queria agradecer as patronagens que me antecederam, mantendo as tradições vivas dentro daquele galpão. Agradeço também àqueles que nos auxiliam a tocar a Sociedade Gaúcha e a todos que nos visitam e acompanham nossas atividades”, salientou. O patrão recebeu das mãos do presidente da Câmara uma placa de homenagem destacando o aniversário.
O coordenador da 30ª Região Tradicionalista, Carlos Alberto Moser, enalteceu a iniciativa do Legislativo hamburguense ao que chamou carinhosamente de “octogenária senhora”. Moser também falou sobre a força econômica do tradicionalismo. “Grande parte do turismo do Rio Grande do Sul se deve aos eventos da cultura gaúcha. O Enart (Encontro de Artes e Tradição Gaúcha), por exemplo, esgota vagas na rede hoteleira de Santa Cruz do Sul durante todo um final de semana, lotando de sexta-feira a domingo um ginásio com capacidade para 15 mil pessoas. O Movimento Tradicionalista Gaúcho colabora para a economia do Estado. Realizamos cerca de cinco eventos por final de semana”, pontuou.
O coordenador também destacou a grandiosidade da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande. “Essa é uma entidade que completa 80 anos trabalhando firme pela cultura gaúcha. Em abril, Lomba Grande receberá o 30º Entrevero Regional de Peões, reunindo jovens de todo o Estado. Isso comprova que a Sociedade cumpre seu papel dentro do tradicionalismo gaúcho. Além disso, Lomba Grande já chegou a um nível de cobrar royalties de Novo Hamburgo, porque, aonde vou, vejo como os dois nomes estão diretamente interligados”, encerrou.
A entidade
A Sociedade Gaúcha de Lomba Grande foi fundada em 31 de janeiro de 1938, a partir da iniciativa de um grupo de amigos de origem alemã. Reunidos no Salão Allgayer, no então distrito de Lomba Grande, à época pertencente ao município de São Leopoldo, eles conceberam a ideia de uma entidade destinada ao cultivo dos costumes e modo de vida típicos do Rio Grande do Sul. A ata de fundação descrevia o ideal de um espaço que proporcionasse a realização de exercícios esportivos a cavalo, simbolizasse o primitivo gaúcho e elevasse o sentimento de camaradagem entre os associados. Hoje, a Sociedade Gaúcha de Lomba Grande promove e sedia diversos eventos campeiros, artísticos e sociais, além dos tradicionais rodeios.