Complexo intermodal da Trensurb aguarda análise de estudo de impacto de vizinhança
O empreendimento prevê terminal de ônibus e a implantação de um centro comercial. A estrutura será erguida no quarteirão formado pelas ruas Marcílio Dias, Imperatriz Leopoldina, Cinco de Abril e avenida Nações Unidas, no bairro Rio Branco. Para efetuar a desapropriação da área, a Trensurb desembolsou aproximadamente R$ 10 milhões e, por meio de processo licitatório, concedeu a exploração do espaço ao consórcio Verdi-Cádiz por 30 anos, pelo valor mensal de R$ 29,4 mil.
Em janeiro de 2017, os dois grupos apresentaram à Prefeitura de Novo Hamburgo o projeto do Complexo de Integração Intermodal. A proposta prevê a construção de um centro comercial com 5,7 mil metros quadrados e área de integração de 13,1 mil metros quadrados. O complexo contemplaria espaço para 20 ônibus, bicicletário com 32 vagas, quatro vagas para táxi, sete para mototáxi, estacionamento para automóveis particulares com cerca de 260 vagas e mais de 200 espaços comerciais.
Segundo Taís, a Prefeitura analisou o projeto executivo por cerca de seis meses, solicitando posteriormente a elaboração do EIV, que envolve questões como geração de tráfego e paisagem urbana. O documento, entregue em maio de 2019, já está sob análise do Executivo. “Foi uma exigência maior do que o edital previa, levando à contratação de profissionais. Fizemos o acerto com a Trensurb e partimos para a elaboração do EIV. Por ser bastante complexo, levou bastante tempo para o estudo ser finalizado”, explicou a arquiteta.
“A licitação foi aberta em 2014, no intuito de construir e explorar o complexo. Em 2015, a concessionária Verdi-Cádiz sagrou-se vencedora, sendo assinado contrato. Desde então estamos esperando as questões burocráticas se resolverem. Essas obras já deveriam ter iniciado há um bom tempo, mas ainda não foi possível”, resgatou Vasconcellos. Após o término do contrato de concessão, tanto o terreno quanto as edificações serão entregues à Trensurb.
Presidente da Comissão de Obras, Serviços Públicos e Mobilidade Urbana da Câmara, Patricia Beck salientou a importância dos esclarecimentos, especialmente para acabar com boatos sobre a implantação de um camelódromo no local. A vereadora salientou que o próximo passo a ser adotado pelo Legislativo deve ser a convocação da Prefeitura para explicações. “É ruim a demora na autorização para que eles possam iniciar a obra. Se esta fase inicial levou dois anos e meio, imagina quanto levará o restante”, pontuou.
O presidente da Câmara, Raul Cassel (MDB), reforçou que a demora não se justifica, mas ponderou sobre a necessidade de análise sobre as repercussões do empreendimento. “O impacto sobre o trânsito será imenso, porque hoje já é complicado sem o complexo, visto que temos problemas de mobilidade urbana na cidade. E certamente haverá a compensação pública desse investimento privado”, lembrou o vereador, que ainda pediu detalhamentos sobre a estrutura que será construída. “O complexo contará com dois pavimentos, sendo um praticamente apenas de estacionamento. Haverá estabelecimentos de comércio e serviços. Serão espaços disponibilizados para comerciantes interessados em ali se instalar”, explicou Taís.
Vladi Lourenço (PP) questionou se a judicialização sobre pagamentos relacionados à desapropriação da área estariam atrasando o processo dentro da Prefeitura. Gestor do contrato com a Verdi-Cádiz, Vasconcellos foi taxativo ao afirmar que o processo licitatório e a obra independem desses litígios.
Sob os trilhos do trem
O vice-presidente da Câmara, Gerson Peteffi (MDB), disse que o empreendimento é extremamente aguardado pela cidade, mas pediu atenção do poder público para o entorno. O parlamentar ilustrou com fotografias trechos da área que se estende sob os trilhos do trem, às margens do arroio Luiz Rau, em especial entre as estações Novo Hamburgo e Fenac. “Esta parte já está entrando no folclore da cidade. De um lado existe uma ciclovia, que está sendo disputada por pedestres e ciclistas. Do outro, chão batido, pedras, grama. Poderia ser implementada uma calçada. Seria um excelente espaço para caminhar”, sugeriu.
Peteffi endereçou a questão durante a fala de Vasconcellos justamente pela dúvida que existe sobre a responsabilidade de manutenção do trecho: se é dever da Prefeitura ou da Trensurb. “Poderia se pensar no ajardinamento ou calçamento do espaço. Vocês trarão uma obra milionária maravilhosa, que trará empregos, mas que terá essa paisagem à frente”, lamentou. “Sugiro que a Prefeitura veja se pode assumir algumas questões”, indicou Patricia Beck.