Comissões se mobilizam para recuperação do Monumento ao Imigrante para o bicentenário da chegada dos alemães
Erguido inicialmente em um espaço público, após permuta do Município realizada no começo da década de 1950, a construção – com formato octogonal e torre central, com 23 metros de altura – foi englobada pela Sociedade Aliança. Cabe à agremiação, desde essa época, o papel de guardiã do patrimônio público sem deixá-lo de ser acessível aos visitantes interessados: turistas, estudantes e pesquisadores. No próximo dia 15, o monumento completará 94 anos.
Durante a vistoria, realizada na quarta, 27, Felipe Kuhn Braun (PP), presidente de ambos os grupos, e os vereadores Enio Brizola (PT) e Ricardo Ritter – Ica (PSDB) conversaram com a gerente administrativa do clube, Janaína Mineiro, e com o sócio, ex-integrante da diretoria e jornalista Martin Behrend. A proximidade do bicentenário da imigração, celebrado em 25 de julho de 1824, motivou os parlamentares a buscarem alternativas para a restauração, inclusive, a possibilidade de parcerias com a iniciativa privada.
“Agora nós temos uma contagem regressiva, que é os 200 anos. Existe um fato concreto com data. O clube é parceiro, mas não pode fazer muita coisa”, disse Behrend, lembrando que a recuperação exige cuidados especiais.
Brizola acrescentou que essas ações e obras devem ser acompanhadas pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (CMPHC), órgão de caráter consultivo e deliberativo, por tratar-se de um local tombado. Para fins de conservação e preservação histórica, o tombamento do prédio foi tratado por meio da Lei Municipal n° 1130/2004 e regulamentado pelo Decreto n° 3679/2008. Martin complementou que já existe um projeto de revitalização, elaborado pela Secretaria Municipal de Cultura, inclusive com previsão de guarda-corpo nas muradas, disposto na parte interna para não alterar a fachada e oferecer proteção para quem o visita.
“A parte externa já mostra o grau de deterioração que o prédio está”, lamentou Felipe, relatando que em uma ocasião, em 2018, quando levou uma visitante ao local, teve dificuldade em ingressar no segundo pavimento por estar alagado. Na verificação realizada na semana passada, os vereadores constataram dano no teto ocasionado pela queda do reboco, além da pintura descascada. No interior do edifício – segundo Felipe, o mais importante da imigração alemã na região –, a situação não era muito diferente, com problemas nas aberturas (empenadas e com cupim), vidros, fiação e infiltração.
A preocupação do grupo de parlamentares sobre a conservação se estende também a outros locais emblemáticos para a história do Município e que também demandam reparos. O vereador Enio Brizola destacou a complexidade da pauta, mencionando a restauração do Lar da Menina, e os altos custos envolvidos devido aos materiais específicos e à mão de obra especializada exigida nesses trabalhos. O parlamentar sinalizou que há movimentações mais evidentes em São Leopoldo voltadas às comemorações dos 200 anos da imigração. Ele propôs que o secretário hamburguense Ralfe Cardoso seja convidado a conversar com os vereadores para informar sobre a proposta já elaborada. Ica, líder do governo, comprometeu-se a intermediar o diálogo junto ao Executivo e apontou a importância de informar a população sobre a facilidade do acesso ao local, mesmo estando em uma área privada.
Além da recuperação do espaço e da possibilidade de usá-lo como uma espécie de memorial, outra questão abordada foi a ausência de placas ou sinalizações na cidade que indiquem aos visitantes a existência do Monumento ao Imigrante e o caminho para conhecê-lo.
Saiba mais sobre o monumento
O projeto foi elaborado pelo arquiteto Ernest Karl Ludwig Seubert, que venceu o concurso feito para escolher o autor da obra. Ele também era um imigrante: nasceu na Alemanha em 1876 e veio para o Brasil em 1913. A escadaria interior dá acesso a sacadas. Os dois últimos pavimentos formam uma cobertura, da qual é possível ter uma vista panorâmica da cidade.
Comissões Especiais
Previstas pelo Artigo 77 do Regimento Interno da Câmara, as comissões especiais do Legislativo hamburguense são constituídas para analisar matérias de relevância, podendo encaminhar a convocação de secretários municipais e diretores de autarquias, bem como promover audiência pública. Os grupos são compostos por, no mínimo, três membros, observando, sempre que possível, a proporcionalidade partidária. Com prazo determinado de encerramento, as comissões especiais são concluídas com a apresentação de relatório ou projetos de lei, resolução ou decreto legislativo.
Além de compostos pelos três vereadores, os colegiados contam ainda com a participação do vereador Gustavo Finck (PP), integrante tanto da Comissão Especial em Defesa do Patrimônio quanto da Coedu.
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