Comissão de Saúde cobra esclarecimentos sobre tempo de espera nas UPAs

por Luís Francisco Caselani última modificação 29/10/2021 17h41
29/10/2021 – A Comissão de Saúde da Câmara reuniu-se na tarde desta quinta-feira, 28, com a diretora-presidente da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), Tânia Terezinha da Silva. O encontro, proposto pelo colegiado, buscou respostas para uma série de relatos de cidadãos mencionando problemas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Canudos e Centro. As principais reclamações devem-se às horas de espera entre a triagem e a consulta médica. Segundo os parlamentares, os pacientes costumam atribuir a demora a uma suposta falta de profissionais. Tânia afirmou que as equipes médicas estão completas, mas reconheceu a ocorrência de esperas mais longas nos casos classificados como não urgentes.
Comissão de Saúde cobra esclarecimentos sobre tempo de espera nas UPAs

Fotos: Luís Francisco Caselani/CMNH

A ex-prefeita de Dois Irmãos, que assumiu o comando da FSNH no início de janeiro, explicou que as UPAs operam por meio do Protocolo de Manchester, sistema de acolhimento com classificação de risco. A partir da triagem, feita por um enfermeiro, cada paciente é identificado por uma cor, que define o nível de urgência de sua situação. O atendimento é realizado conforme a gravidade dos casos.

“Todos os pacientes que entram na UPA são e devem ser atendidos, mas temos uma classificação de risco. O nosso maior gargalo é na classificação azul (não urgente). Esses pacientes podem e deveriam buscar as unidades básicas de saúde, mas preferem ir à UPA. Infelizmente, são essas pessoas que esperam mais”, detalhou a diretora. As coordenadoras das duas unidades, que também acompanharam a reunião, ressaltaram que falta um maior entendimento da população sobre como funciona o atendimento. “As pessoas precisam ser conscientizadas sobre as características e quando procurar cada unidade de saúde do município”, acrescentou Rosemeri Wessolowski, coordenadora da UPA Canudos.

Falta de médicos

Os integrantes da Comissão de Saúde, composta pelo presidente Ito Luciano (PTB), o relator Vladi Lourenço (PSDB) e a secretária Lourdes Valim (Republicanos), reiteraram algumas das principais reclamações feitas por pacientes, que incluem críticas à falta de médicos e pediatras. Tânia reforçou que as equipes de ambas as unidades estão completas, com três clínicos-gerais e três pediatras a cada turno de trabalho. No entanto, a diretora da Fundação de Saúde ponderou que alguns imprevistos podem provocar falhas na escala.

“As UPAs estão com equipes completas, mas não temos reposição de médicos quando um profissional apresenta atestado no mesmo dia, por exemplo. Isso gera furo nas escalas. E não temos como questionar um atestado médico”, ilustrou. Tânia também foi questionada sobre os repousos feitos pelos profissionais ao longo dos plantões, outro motivo de inquietação entre os pacientes em espera. Ela explicou que existe, dentro das diretrizes da medicina, a previsão de tempo de descanso entre determinado número de atendimentos. A diretora afirmou que a FSNH inclusive já foi notificada pelo Conselho Regional de Medicina (Cremers) sobre a necessidade de observância do regramento, mas mencionou que nem todos os servidores utilizam a integralidade dos intervalos que lhes são permitidos.

Ambulâncias

Vladi Lourenço aproveitou a reunião ainda para destacar a dificuldade enfrentada pelos moradores com a demora em obter o serviço de ambulância, seja para o transporte de pacientes ou para o atendimento de emergências. “É um caos”, resumiu o vereador. Tânia explicou que o tempo de espera elevado está atrelado à burocracia provocada pela centralização da regulação em Porto Alegre. A diretora também alertou para a necessidade de renovação da frota de ambulâncias na cidade, que conta com veículos rodando há quase dez anos.

Ao final da reunião, o presidente da comissão, Ito Luciano, sugeriu que Tânia seja convidada a ampliar os esclarecimentos para todo o plenário e para a população durante uma sessão plenária. Com o aval da diretora, o pedido de comparecimento para uso da tribuna deve ser formalizado pelo colegiado nos próximos dias.

O que são as comissões?

A Câmara conta com oito comissões permanentes, cada uma composta por três vereadores. Essas comissões analisam as proposições que tramitam pelo Legislativo. Também promovem estudos, pesquisas e investigações sobre temas de interesse público. A Lei Orgânica Municipal assegura aos representantes de entidades da sociedade civil o direito de participar das reuniões das comissões da Casa, podendo questionar seus integrantes. A Comissão de Saúde se reúne às segundas-feiras, a partir das 16h, na sala Sandra Hack, no quarto andar do Palácio 5 de Abril.