Coletivo tenta viabilizar retorno da Feira Afro-Hamburguense à Praça Punta del Este

por Luís Francisco Caselani última modificação 07/11/2023 00h31
06/11/2023 – A convite da vereadora Tita (PSDB), representantes do Coletivo de Afroempreendedores e Educadores subiram à tribuna da Câmara de Novo Hamburgo durante a sessão desta segunda-feira, 6. Em discursos contundentes sobre perpetuação do racismo estrutural e ausência de espaços de manifestação da cultura negra, Carlos Alberto da Silva e Roselaine Diaz pediram o apoio dos parlamentares na luta pelo retorno da Feira Afro-Hamburguense à Praça Punta del Este, local da primeira edição do evento, em junho do ano passado.
Coletivo tenta viabilizar retorno da Feira Afro-Hamburguense à Praça Punta del Este

Foto: Daniele Souza/CMNH

Segundo Roselaine, os empreendedores e artistas foram afastados da área mais central da cidade sob a alegação de infringirem uma lei municipal que impediria a venda de produtos nessa região. A convidada contou que, já no evento seguinte, mesmo sendo realizado no estacionamento do Sindilojas e em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, cinco expositores foram multados pela Prefeitura.

Em sua manifestação, a professora destacou que os itens disponibilizados na feira, que inclui ainda opções de gastronomia e apresentações artísticas, não fazem concorrência ao comércio local, razão da existência da legislação protetiva. “Os produtos vendidos pelos afroempreendedores não são encontrados em nenhuma loja de Novo Hamburgo, porque não temos lojas que atendam à população negra em sua inteireza. Há apenas oito anos consigo comprar xampu e condicionador aqui na cidade. Fiquei 40 anos da minha vida sem comprar produtos para o tipo de curvatura do meu fio de cabelo. A feira trabalha com produtos específicos, com características que são nossas, que dão a nossa identidade”, explicou.

Raizer Ferreira (PSDB) sugeriu a inclusão de uma exceção à lei que garanta a realização da Feira Afro, aos moldes do que ocorre com a economia solidária. Enio Brizola (PT) questionou até mesmo o emprego da norma, já que ela seria direcionada ao comércio ambulante. “Cabe aplicar a uma feira que promove a cultura, os empreendedores e a igualdade? É uma desinteligência não permitir a uma feira a identidade que ela precisa ter. Uma entidade precisou acolhê-la em seu estacionamento porque não pode dar visibilidade. É essa a questão. Acho uma afronta. Faz sentido comemorarmos os 200 anos da imigração alemã quando ainda não fazemos a integração dos povos?”, indagou o vereador.

Presente à sessão, o coordenador de políticas públicas de Promoção da Igualdade Racial, Ilson da Silva, comentou que uma revisão legislativa deve assegurar a realização da feira na Praça Punta del Este. Essa proposição de alteração virá para a Casa. Estou aqui articulando com vocês justamente isso”, frisou.

Ubuntu

Também convidado a usar a tribuna, Carlos Alberto da Silva falou sobre a criação da Conexão Aya, proposta de aglutinação dos diferentes movimentos negros da cidade, e convidou os vereadores para a conferência Ubuntu, encontro marcado para o dia 25, sábado, das 8h30 às 14h, na Casa de Cultura Dalilla Sperb. “Falaremos sobre educação antirracista e as políticas existentes em Novo Hamburgo nesse sentido”, revelou Silva. 

As inscrições podem ser feitas em formulário online. Após os painéis, o pátio da Casa de Cultura receberá atrações artísticas, feira de afroempreendedores e roda de samba. A entrada é gratuita.

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