Catadores questionam implantação de contêineres de resíduos
Em nome do Fórum dos Catadores de Novo Hamburgo, Paulo Ricardo Bohn, presidente da Coolabore, cooperativa responsável pela gestão de resíduos no Município, pediu o suporte dos vereadores a favor da manutenção da coleta seletiva solidária atualmente realizada. “Viemos trazer à Comissão de Meio Ambiente a proposta de um debate com a comunidade sobre a instalação de contêineres, que não ajuda a gestão ambiental, não traz a consciência ambiental para os moradores e não gera renda para os catadores. Nosso questionamento é que hoje se gasta com a gestão de resíduos mais de R$ 900 mil. Com os contêineres, esse valor seria aumentado para quase R$ 1,8 milhão”, argumentou.
Durante a reunião da Comam, decidiu-se pela organização de audiência pública. Sugerida pelo presidente da comissão, Enio Brizola, a audiência deve ser realizada no dia 24 de agosto. "Vocês solicitaram a reunião para expor a realidade, suas perspectivas e seus desafios, além da preocupação com a mecanização da coleta seletiva na cidade. Acho esse debate importante. Esse projeto traz um prejuízo para a qualidade dos materiais e para a renda dos catadores. Eu queria considerar a possibilidade de convocarmos uma audiência pública. Queria sugerir o convite para SDS, Semam e cidades que tiveram essa experiência. O Catavida é uma conquista de Novo Hamburgo. A cidade precisa saber da importância do Catavida e defender o programa", acrescentou o vereador Brizola durante encontro da comissão de Meio Ambiente, realizado no começo da tarde.
Na tribuna, Alex Cardoso, representante do Movimento Nacional dos Catadores, destacou a importância do evento e da continuidade do atual serviço. “O contêiner custa quatro vezes mais caro que a coleta convencional e, por ser mecanizado, não gera trabalho. E ainda ocorre de as pessoas descartarem resíduos ao redor dos contêineres quando eles enchem. O contêiner deu um retrocesso na gestão de resíduos”, apontou.
Cardoso apresentou a experiência que outras cidades tiveram com a adoção dos contêineres. “O resíduo sólido é, por lei, um fator gerador de renda e cidadania. Essa tecnologia compete com a reciclagem. Em Santa Maria gasta-se seis vezes mais dinheiro no processo de gestão do que antes da conteinerização. Em Porto Alegre, há 18 cooperativas de catadores, e há um alto gasto para a existência de contêineres nos bairros mais ricos da cidade. E os números de material reciclado caíram. A Prefeitura já acenou que não concorda mais com essa opção”, contou.
Professor Issur Koch (PP) ressaltou a relevância do serviço prestado pelos recicladores. “São verdadeiros guerreiros que ainda não possuem a valorização pelo trabalho que fazem. Talvez só se o Município ficar sem o serviço eles perceberão a falta que vocês fariam. É uma geração de renda e é uma forma de evitar o acúmulo de lixo que nosso Município produz hoje”, elogiou. Naasom Luciano (PTB), relator da Comam, disse que a Câmara fará o possível para a manter o assunto em debate. “Queremos discutir aquilo que é melhor para a cidade, e não aquilo que é melhor para alguns. Grandes conquistas surgem a partir da mobilização popular”, clamou o vice-presidente da Casa.