Casos de dengue caem 90% em Novo Hamburgo, mas morte em maio mantém alerta

por Tatiane Souza última modificação 22/05/2025 19h51
21/05/2025 – Novo Hamburgo registrou uma redução de cerca de 90% nos casos de dengue em comparação com o mesmo período de 2024. Enquanto no ano passado inteiro o município contabilizou mais de 16 mil casos e 20 mortes, em 2025, até agora, foram confirmados 2.015 casos e apenas um óbito — ocorrido em 4 de maio. Os dados foram apresentados na sessão ordinária desta quarta-feira, 21, pela gerente da Vigilância em Saúde, Évelin Maria Brand, e pela coordenadora da Vigilância Ambiental, Julyana Sthéfanie Simões Matos, a convite do vereador Ricardo Ritter – Ica (MDB).
Casos de dengue caem 90% em Novo Hamburgo, mas morte em maio mantém alerta

Foto: Moris Musskopf /CMNH

Ica introduziu o tema destacando a gravidade da doença. “Queremos e precisamos de mais esclarecimentos sobre a dengue e explicações sobre o funcionamento do caminhão fumacê. São detalhes importantes que trazemos hoje. A dengue é algo sério, preocupante e que está em todo o estado”, afirmou.

Queda nos números, mas vigilância ativa

A coordenadora Julyana explicou que, se comparada a semana 20 de 2024 - com 14.574 casos confirmados - com a semana 20 de 2025 - com 1.697 casos confirmados - a redução alcançou exatos 88,35%. Já a única vítima fatal da dengue este ano foi um homem de 25 anos, morador do bairro Canudos, que possuía doenças congênitas crônicas e estava imunocomprometido. Diagnosticado na rede pública, o paciente evoluiu para um quadro de hepatite aguda viral fulminante.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a atual taxa de incidência da dengue é de 820,9 casos por 100 mil habitantes. O município também registrou a circulação dos sorotipos DENV-1 e DENV-2 em 1.593 casos autóctones. Até o momento, não há registros de casos de chikungunya em humanos em Novo Hamburgo.

Ações preventivas e visitas domiciliares

Coordenada por Julyana Matos, a Vigilância Ambiental em Saúde intensificou as ações preventivas com o apoio dos 29 agentes de combate a endemias. Em 2025, os agentes visitaram 44.085 imóveis. No ano anterior, o número foi maior (60.871 visitas). Os bairros com maior incidência de casos são Canudos (o maior e mais populoso da cidade), São Jorge e Boa Saúde. As ações de prevenção e controle, segundo Julyana, são mais assertivas nesses locais.

As ações incluem:

  • Participação no Programa Saúde na Escola;

  • Orientações nas unidades de saúde aos sábados;

  • Distribuição de materiais educativos durante campanhas de vacinação;

  • Capacitação técnica dos agentes;

  • Reuniões periódicas para análise de dados com as equipes locais.

Além disso, de acordo com o material apresentado na sessão, 99 denúncias de focos do mosquito já foram verificadas em 2025, enquanto em 2024 foram 1.608 atendimentos.

Cobertura vacinal ainda é baixa

Um dos pontos de preocupação destacados foi a baixa adesão à vacinação contra a dengue. Apenas 27% das crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos estão com o esquema vacinal completo — faixa etária que concentrou grande parte dos casos confirmados em 2024.

“Apesar da queda, seguimos em alerta. A eliminação de criadouros e a abertura das casas para os agentes continuam sendo fundamentais para manter a doença sob controle”, reforçou Julyane. Évelin também alertou sobre a importância da vacinação. “Tem que fazer as duas doses. Muitos só fazem uma. É fundamental sensibilizar os adolescentes a procurarem o posto de saúde.”

Descuidos comuns favorecem a proliferação do mosquito da dengue

A luta contra o Aedes aegypti começa dentro de casa. Vasos de plantas, brinquedos no quintal, pneus e até calhas entupidas podem se transformar em criadouros do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. A prevenção é simples, mas exige atenção diária aos pequenos depósitos de água parada.

De acordo com especialistas em vigilância em saúde, os principais focos do Aedes estão nos chamados depósitos móveis — objetos que acumulam água e podem ser facilmente retirados ou higienizados. Entre eles estão pratos de plantas, baldes, regadores, garrafas, brinquedos e lonas mal esticadas.

Além disso, há depósitos fixos, como calhas entupidas, piscinas sem tratamento, caixas d’água destampadas, ralos, grelhas e lajes com acúmulo de água. Esses locais exigem manutenção frequente para evitar que se tornem pontos de reprodução do mosquito.

Outro ambiente que pode abrigar larvas do Aedes aegypti são os depósitos naturais. Bromélias e outras plantas que retêm água, além de buracos em árvores, embora menos comuns nas áreas urbanas, também podem se tornar criadouros.

O descarte incorreto de lixo completa a lista de riscos. Pneus, plásticos, embalagens, eletrodomésticos e móveis abandonados oferecem condições ideais para proliferação.

Saiba mais no material trazido pela vigilância.

Vereadores elogiam ações e cobram atenção contínua

Durante a sessão, vereadores destacaram a importância da mobilização e do trabalho técnico da Vigilância.

Enio Brizola (PT) pediu que a educação ambiental seja ampliada, destacando a qualidade das ações atuais.

Eliton Ávila (Podemos) relembrou o surto de dengue após as enchentes do ano passado e elogiou o planejamento. “A Vigilância, com seus técnicos e expertise, construiu um plano de prevenção muito eficaz. Isso é fruto de um trabalho contínuo.”

Juliano Souto (PL) alertou a população: “A cidade precisa lutar contra a dengue”. Ele também comentou sobre os sintomas agressivos da doença.

Joelson de Araújo (Republicanos) questionou sobre o fluxo de notificações, e foi informado de que todos os casos são devidamente registrados.

Daia Hanich (MDB) e Ricardo Ritter pediram mais informações sobre o funcionamento dos caminhões fumacê. Julyane explicou que o carro opera, em dias com clima favorável, das 6h às 9h30 e do final da tarde até as 20h. A aplicação ocorre na fase adulta do mosquito, com partículas calibradas para atingir o espaço ideal. A servidora explicou que apenas uma máquina realiza esse trabalho atualmente, e que a tecnologia possui 30% de efetividade. Uma nova alternativa, a tecnologia BRI – Borrifação Residual Intradomiciliar – é autorizada e recomendada pelo Ministério da Saúde e apresenta melhor eficácia.

Denúncias 

Indagada pela vereadora Deza Guerreiro (PP), as servidoras explicaram que a Ouvidoria SUS Municipal continua sendo o principal canal para denúncias e solicitações de vistoria, pelos telefones (51) 3097-9400 e WhatsApp (51) 99831-6500. Os relatos podem ser anônimos.

Por fim, Professora Luciana Martins (PT) desejou que logo a vacinação contra a dengue também esteja disponível aos adultos.

Informação acessível

A TV Câmara NH acompanha o tema de perto e disponibiliza diversos conteúdos sobre dengue em seu canal no YouTube. O episódio mais recente foi gravado com a servidora Julyane Matos e pode ser assistido na íntegra em youtube.com/TVCamaraNH.

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