Câmara presta reconhecimento aos 25 anos do colégio São Marcelino Champagnat
Batizado em homenagem ao fundador do Instituto dos Irmãos Maristas, congregação mundial com atuação em 80 países, o educandário teve origem em uma ação voltada a pessoas carentes que integravam atividades pastorais na Vila Iguaçu no final da década de 1970. É dessa época a ligação entre Enio Brizola e o estabelecimento de ensino. Ex-aluno da iniciativa organizada pela congregação no bairro Canudos, o vereador revelou uma dívida de gratidão para com os irmãos maristas.
“Chegamos a Novo Hamburgo nesse período, vindos lá do Alto Uruguai, atrás do sonho e do emprego. Tivemos a sorte de morar em frente ao Centro Social Marista, na Vila Iguaçu. Foram períodos de intensa formação, religiosidade e ações de solidariedade, aprendizado e atividades comunitárias”, recordou.
Depois de quase duas décadas no bairro, o projeto transformou-se, em 11 de agosto de 1997, no Supletivo Champagnat, já instalado junto ao prédio do Colégio Pio XII. Hoje, o Colégio Marista São Marcelino Champagnat conta com aproximadamente 500 estudantes, amparados pelo trabalho de 50 educadores.
“Fazer esta homenagem é falar de pessoas que tiveram suas vidas transformadas por meio de um ensino de qualidade. Mais de 10 mil jovens, adultos e idosos que não tiveram condições de estudar no tempo certo, mas que sempre desejaram ter o ensino médio completo. Para quem busca somente o diploma, uma EJA virtual é bem mais fácil. Mas, para quem busca conhecimento, o Colégio São Marcelino Champagnat oferece transformação de vida, em uma estrutura adequada para o desenvolvimento de suas aulas. Comemorar esses 25 anos é celebrar conquistas para a cidade e o comprometimento com a educação de qualidade”, complementou Brizola.
Inscrições
Antes do término de sua fala, o parlamentar fez questão de destacar que a instituição está com matrículas abertas, com turmas desde o 7º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio. As inscrições podem ser feitas presencialmente, das 18h às 22h, na avenida Nicolau Becker, 182, no bairro Vila Rosa. O diretor do colégio, Antonio Morés, reforçou que as aulas são inteiramente gratuitas. “Nossos atendimentos são ofertados mediante bolsas de estudo integrais para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Oferecemos transporte gratuito e um espaço verdadeiramente privilegiado de estudo e crescimento pessoal”, frisou.
Mais de 5,6 mil estudantes diplomados
Da tribuna, Morés recontou a chegada dos primeiros irmãos maristas ao Rio Grande do Sul, em agosto de 1900, e a implantação gradual de sua proposta educacional no Vale do Sinos. “Nossa missão, desde o início, era formar bons cristãos e virtuosos cidadãos. Em 1978, alguns irmãos maristas, instigados pela situação em que viviam as pessoas das periferias de Novo Hamburgo, constituíram uma comunidade de inserção na Vila Iguaçu. Naquele momento histórico, a cidade vivia o auge da atividade calçadista, e muitas pessoas eram atraídas de outras localidades. A possibilidade de emprego fácil ocasionou um inchaço populacional. E esse grande processo migratório desencadeou uma série de situações sociais, tais como acentuados níveis de vulnerabilidade”, resgatou.
Segundo o educador, o trabalho com a comunidade da Vila Iguaçu buscou, desde o início, aliar conhecimento e formação humana, metodologia mantida a partir da criação do colégio em 1997. “Enriquecemos nossos estudantes com experiências educacionais diversificadas, proporcionando o resgate da autoestima, a convivência, o empoderamento e a vida protagonista e cidadã. Nesses 25 anos de história, tivemos mais de 11 mil estudantes matriculados. Desses, 1.870 concluíram o ensino fundamental e 3.800, o ensino médio. Temos a certeza de que muitas vidas foram transformadas nessa caminhada. Continuamos firmes em nossos propósitos e acreditando que a maior ferramenta que temos para o desenvolvimento de uma cidade e de uma nação passa necessariamente pela educação”, concluiu o diretor.
Presidente da Comissão de Educação da Câmara, Felipe Kuhn Braun (PP) salientou que o trabalho desempenhado pelos professores da instituição coaduna com a proposta iniciada pelo próprio Marcelino Champagnat, hoje santo da Igreja Católica, nas primeiras décadas do século 19. “Lá atrás, ele já trabalhava projetos catequistas e a educação de jovens e adultos, especialmente para os mais humildes e a população rural. As pessoas nunca poderão nos tirar a formação e a informação, que nos dão capacidade de sonhar e materializar dias melhores para nós e para os nossos. Vocês fazem a diferença na vida dessas pessoas, que, por situações tão adversas, não tiveram o acesso à educação”, comentou.
Os vereadores Eliton Ávila (PTB) e Ricardo Ritter – Ica (PSDB) recorreram a experiências familiares para enaltecer o trabalho do colégio marista. “Minha esposa fez a EJA e é eternamente grata pela oportunidade de concluir seus estudos. Vimos a emoção dela no dia da formatura. O pessoal que frequentava as aulas realmente se dedicava e se interessava. São adultos que trabalham durante o dia e se puxam à noite para conseguir se habilitar a outras atividades que exigem maior grau de instrução. Quantas pessoas conseguiram melhorar sua condição financeira porque tiveram o estudo disponibilizado pela instituição? Muitas pessoas devem ter suas dívidas de gratidão ao colégio”, afirmou Ica.
Eliton Ávila contou ser esse o caso de seus irmãos, que concluíram o ensino médio por meio da educação marista de jovens e adultos. “Nunca é tarde para sonharmos e acreditarmos. E o papel da EJA acaba sendo fundamental para isso”, sintetizou. Morador da Vila Iguaçu durante a instalação dos irmãos maristas na região, Fernando Lourenço (Avante) também falou sobre sua relação com a congregação. “Antes de irem para o Pio XII, os irmãos já faziam esse trabalho educacional para a população carente da Vila Iguaçu e arredores. Eles viram a dificuldade daquela comunidade, que se expandia cada vez mais por causa do crescimento do setor calçadista. Isso traz uma lembrança muito boa. Ali iniciei minha catequese”, relatou.
Gerson Peteffi (MDB) lembrou que, durante seu trabalho como médico em regiões mais afastadas do Centro da cidade, entrou em contato com o colégio diversas vezes para encaminhar potenciais novos alunos. “A oportunidade que vocês oferecem às pessoas mais humildes comunga com a vontade de São Marcelino Champagnat, que, desde o século 19, trouxe a missão de evangelizar e trazer estudo”, destacou.
Envolvido na organização da quarta edição do Seminário de Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo, Raizer Ferreira (PSDB) ressaltou o envolvimento do Colégio Marista São Marcelino Champagnat com atividades voltadas à inclusão dos jovens no mercado de trabalho. “As palavras de hoje descrevem a gratidão que nós temos pelo trabalho que vocês fazem. Ano passado, fizemos uma visita à escola para que participassem do seminário e fomos muito bem recebidos. Desta vez não será diferente. Faremos novamente o convite para que possam acompanhar o evento”, antecipou.