Câmara presta homenagem aos 15 anos do Caudeq
Foto: Jaime Freitas/CMNH
No início da homenagem, proposta por meio do Requerimento nº 511/2024, foi exibido um vídeo com informações da entidade e com depoimentos de dependentes e de monitores. José Borba, acolhido pela instituição, relata que a entrada no mundo das drogas se deu ainda jovem, culminando aos 31 anos com a dependência de crack, o que o afastou da família. O ingresso no Caudeq permitiu o seu reencontro com os familiares e com a vida que havia perdido.
Quase 30 integrantes do Caudeq, grupo formado em grande parte por cidadãos que recebem tratamento e também por profissionais que trabalham na ONG, acompanharam os discursos do Plenário da Câmara. “Força, nós somos Caudeq. Essa corrente que nos protege”, entoaram em um momento de apresentação, no qual cantaram hino composto pelos ex-dependentes.
Um dos proponentes da homenagem, Raizer comparou a entidade a um farol, “espaço seguro e de recuperação”, em meio às dificuldades enfrentadas por aqueles que buscam ajuda para sair da dependência química. Em seu discurso, ele reforçou que o empenho dos especialistas em diversas áreas congrega dedicação e apoio aos que enfrentam a luta contra o vício. “O trabalho de vocês vai além da prática profissional, ele toca corações, resgata vidas e restaura dignidade. Cada um de vocês têm contribuído para que o Caudeq seja sinônimo de esperança e renascimento". Ele acrescentou ainda que o fruto da recuperação das histórias de vida é benéfico para toda a comunidade. “Cada paciente que sai do Centro de Atenção Urbana à Dependência Química recuperado, é uma vitória coletiva, da entidade e de toda a nossa sociedade. Que essa homenagem seja um incentivo para que continuem firmes na missão de salvar vidas”, concluiu.
Por conhecer de perto a atuação da entidade, a vereadora Tita enalteceu o fato de a Caudeq ser um grupo que crê de verdade na recuperação. “Ela acredita no ser humano, que possa, sim, mudar de vida. Não é remédio, é amor, é isso que o Caudeq prega”, informando aos presentes que a rede de pessoas atendidas pelo serviço está agora em outros estados e em outros países, com suas vidas recuperadas, com dignidade.
Felipe Kuhn Braun, o outro proponente, não pode comparecer à homenagem por estar em representação.
Em seu pronunciamento, Enio Brizola (PT) relatou que Rosângela está entre uma das 10 escolhidas para fazer uma formação mundial em cuidados em comunidades terapêuticas, o que reforça a competência da atuação da psicóloga. O vereador trouxe em sua fala a preocupação com as dificuldades financeiras enfrentadas por essas entidades em relação às verbas federais. “Tiveram há pouco tempo os convênios encerrados, precisam de recursos e não tem condição de pagar o acolhimento”, disse.
Para Ito Luciano (Podemos), a psicóloga Rosângela desempenha um trabalho exemplar, ao fazer tanto com tão escassos recursos. “Muito pouco vem de ajuda municipal, federal e mesmo desta Casa. Eu sei o quanto é difícil. O que nós precisamos, na verdade, é te ajudar financeiramente. Os recursos não são fáceis”, afirmou um dos idealizadores da Cruzada Antidrogas no Município.
Ao ocupar a tribuna, a fundadora da entidade, Rosângela Scurssel, defendeu que o Caudeq não é uma ONG, instituição ou empresa, é uma grande família, que luta pelo bem-estar dos acolhidos e dos colaboradores. Além de tratar do trabalho desempenhado pelo grupo, ela também abordou a importância do Conselho Municipal de Assuntos sobre Drogas de Novo Hamburgo (Comen), que atua em prol de todas as comunidades existentes no Município e de todos os Caps. “Lutamos contra uma doença que nós sabemos que não tem cura, que conseguimos estabilizar”, disse. Sobre as dificuldades para manter a amplitude do projeto, ela desabafou: “precisamos muito de ajuda, sim, de ajuda financeira, ninguém sobrevive sem verba. O nosso recurso maior são os nossos convênios”, relatando aos presentes as limitações vivenciadas, que restringem a Novo Hamburgo e a Três Coroas as vagas de atendimentos. Em âmbito federal, Rosângela contou terem sido habilitados entre as 555 comunidades no Brasil para receber apoio financeiro. Contudo, foram chamadas apenas as cem primeiras para assinatura devido à falta de verba.
Da tribuna de honra, acompanharam a homenagem Cledison Soares, monitor-chefe de plantão, a psicóloga Aline Teles Breda, a tesoureira Maria da Glória Adão, os ex-acolhido e hoje monitor Érico Munhoz, o educador físico Luís Fernando Scurssel, o assistente social Marcelo Peruzo e o advogado Diego William da Silva.
Caudeq
É um espaço para dependentes químicos, alcoolistas e familiares, e atua também como centro de capacitação na área através de palestras, cursos e seminários. A comunidade terapêutica urbana atende homens a partir de 18 anos e conta com uma equipe multidisciplinar composta por: clínico-geral, psicólogos, psiquiatra, assistente social, massoterapeuta, nutricionista, arte-terapeuta e agentes comunitários para o atendimento dos pacientes. O Programa Terapêutico é desenvolvido durante o período de nove meses.
Caudeq
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