Câmara presta homenagem ao bicentenário da imigração alemã no Brasil
Além dos proponentes, compuseram a Mesa Diretiva o primeiro tesoureiro da Federação dos Centros de Cultura Alemã do Brasil (Feccab), o professor, escritor e pesquisador, Sandro Blume; e representando o GenealogiaRS – entidade com 13 anos de pesquisa em genealogia e imigração alemã, com 15 livros publicados, o conselheiro Larri Petry.
Na Tribuna de Honra, Rodrigo Santos, do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo; o pastor Marcos Augusto dos Santos, da Igreja Evangélica Luterana; e o pastor Mateus Tasso, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana.
No começo do mês, uma sessão especial alusiva ao tema foi realizada na Fundação Scheffel. Clique aqui para ler a homenagem na íntegra.
Sandro Blume destacou a ênfase dada pelo Legislativo ao bicentenário. “Para nós que respiramos e estudamos esse assunto a vida toda, é um momento muito importante. A Alemanha vivia uma situação desesperadora, de muita fome, de muita penúria, um cenário que tinham a esperança de deixar para traz e alcançar algum navio numa despedida eterna em busca de uma nova terra. Anunciavam saindo navio para a América, mas não sabiam o local exato. Muitas famílias foram separadas e a travessia era muito precária, muitas doenças, 90 dias no Oceano Atlântico, chegada no Rio de Janeiro, e depois, via Lagoa dos Patos, rumo ao Vale do Sinos”, lembrou, ao enaltecer os feitos e a caminhada dos primeiros imigrantes alemães. Blume salientou a presença de outros povos que já estavam aqui, afro e indígena, e que ajudaram a construir uma região pujante e de destaque no cenário nacional. “Vamos pensar bem nesta data e deixar acesa a gratidão aos nossos corajosos antepassados”, frisou.
Felipe Kuhn Braun, que também é presidente da Feccab, usou a tribuna para frisar que a imigração se deu pelas dificuldades que as famílias tinham na Europa. “Todos nós buscamos melhores condições para si, familiares e a sociedade onde vivemos. Nossos imigrantes vieram com muita fé, amor e dedicação ao trabalho. Com outros povos, contribuíram e desenvolveram o nosso vale e formaram esse mosaico cultural no qual estamos inseridos. Acredito que os maiores legados dos alemães foram a educação e a religiosidade. Essa linha do tempo, esse registro da história, precisamos de genealogistas que façam essa compilação da memória”, afirmou. O parlamentar enfatizou o trabalho do grupo Genealogia na reconstrução da história através da escrita e dos livros.
Gerson Peteffi ao se manifestar na solenidade salientou que esta sessão ficará marcada na história. E contou histórias da sua descendência e dos colonos alemães ao atravessarem o oceano rumo ao Brasil. “Precisamos valorizar o povo que desbravou a mata fechada, com poucos recursos, deixando legados de coragem, prosperidade e força para a nossa região”, disse emocionado.
O vereador Inspetor Luz (PP) destacou os feitos das primeiras levas de imigrantes, cerca de cinco mil pessoas. E lembrou histórias da “nossa querida Novo Hamburgo”. O parlamentar ressaltou que acompanhou o desenvolvimento e progresso da cidade e rememorou a inteligência do povo que veio para cá para prosperar. “Somos um município pujante. Somos um povo ordeiro e trabalhador. E que isso se perpetue por mais 200 anos”, afirmou o progressista.
Lourdes Valim (Republicanos) também acompanhou a cerimônia. Ela ressaltou que os 200 anos da Imigração Alemã no Brasil deve ser preservado e valorizado. “Enriqueceram nossa cidade e a tornaram neste grande lugar: com música, culinária, cultura, dança e promoção da diversidade. Temos de ter consciência e divulgar a rica herança desta imigração. Um legado vivo que permanece de geração em geração”, parabenizou a parlamentar.
Em comemoração a data, Larry Petry recebeu um quadro de homenagem das mãos dos vereadores proponentes na celebração. O Grupo Folclórico Alegria e Movimento fez uma apresentação de dança em homenagem ao bicentenário. A música de entrada, do Coral Municipal de Maratá, tem letra e música de Márcio André Ohrt.
A realização da solene foi proposta em fevereiro e teve o aval de todos os vereadores. Desde 2018, o Parlamento tem se dedicado a ações de recuperação da memória e resgate das contribuições dos povos que se fixaram na região. As datas comemorativas celebradas em 25 de julho de 2024 (bicentenário da Imigração) e 5 de abril de 2027 (centenário da emancipação do município) motivaram a criação do Memorial Leopoldo Petry, as lives Cidade (In)Visível: Cultura, Patrimônio e Identidade, promovidas pela TV Câmara NH e Escola do Legislativo, e o site nh100anos.com. O jornalista Jaime Freitas também fez duas entrevistas no programa Domínio Público sobre o assunto, uma sobre o bicentenário da imigração alemã no Brasil e os impactos histórico desses imigrantes em nosso país, com o escritor e vereador hamburguense Felipe Kuhn Braun; e outro com o jornalista Martin Behrend.
Primeiros imigrantes
Com o nome marcado pela ligação ao país de origem de parte significativa de sua população, Novo Hamburgo foi, desde o princípio da imigração alemã, um território escolhido pelos passageiros das embarcações vindas da Europa. Na primeira leva, 39 pessoas partiram dos portos de Bremen e Hamburgo rumo ao Brasil.
A conexão com a cidade do norte da Alemanha, a segunda maior do país, seria evidenciada com a nomenclatura do bairro conhecido hoje como Hamburgo Velho. Na ocasião, Hamburger Berg (ou Morro dos Hamburgueses) foi o local onde se estabeleceu o primeiro núcleo de comércio, por ser um encontro de estradas e passagem obrigatória para a capital Porto Alegre. Poucos anos depois, foram erguidas na localidade a comunidade de culto evangélico, uma escola, casas, empresas e uma série de estabelecimentos de compra e venda. Em 1875, a Lei 1.000, de 8 de maio, elevou Hamburger Berg à categoria de freguesia e distrito de São Leopoldo. Somente meio século depois, Novo Hamburgo se desvencilharia da cidade vizinha, mas sempre preservando as raízes de um dos principais marcos que as conectou: o começo da imigração alemã.
Assista à sessão solene na íntegra: