Câmara homenageia o 95º aniversário da Sociedade Cruzeiro do Sul
De forte impacto cultural no Município, a história da Cruzeirinho foi apresentada ao lotado Plenário Luiz Oswaldo Bender por meio de uma peça teatral encenada pelo grupo Sábado da Gente. Através de um diálogo entre uma avó e sua neta, as atrizes recuperaram a gênese da entidade, surgida a partir da fusão entre um clube de futebol e um bloco de carnaval, e destacaram as atividades organizadas pela associação ao longo de sua história quase centenária, como concursos de beleza, bailes e oficinas. A solenidade ainda contou com outras três apresentações culturais, expondo um pouco do trabalho desenvolvido pela entidade por meio do Projeto Melhor Idade, do grupo de dança Abayomi e, claro, encerrando a sessão ao som da bateria da escola de samba.
Peteffi destacou que lhe era motivo de muito orgulho ser o proponente da solenidade e estar entre tantos amigos. Antes disso, porém, dedicou o início de seu discurso para puxar um aplauso coletivo à presença da senhora Maria Emília de Mendonça, de participação relevante na entidade, que compôs a Tribuna de Honra da Câmara no auge de seus 101 anos de idade. “Essa homenagem é para as pessoas que cresceram graças à Cruzeiro. Comecei a trabalhar no bairro Primavera há 35 anos, onde me aposentei em dezembro, e foi ali que me apresentaram a Cruzeiro do Sul. É uma sociedade cultural que respira arte e que é exemplo de autogestão, fazendo com que a associação cresça e seja cada vez mais respeitada em nossa cidade”, exaltou.
O vereador Enio Brizola (PT) também celebrou a presença de Maria Emília, escolhida Mulher Cidadã de Novo Hamburgo em março deste ano. “Temos aqui a escola de samba com o maior número de títulos em Novo Hamburgo, mas que é uma organização social, com diversas outras atividades. Precisamos dar um espaço muito grande ainda para superar as segregações raciais. O maior índice de desempregados no país são de pessoas negras, a quem também são direcionados os menores salários. O povo negro vem conquistando aos poucos seus direitos, e muito disso se deve a instituições como a Cruzeiro”, salientou.
O diretor de bateria da escola, Cassius Valdez, lembrou a ligação da instituição com a comunidade do bairro. “É uma grande honra estar aqui hoje, eu que me criei na Sociedade. Agradeço a todas as pessoas que contribuem com o nosso trabalho e nos proporcionam espaço. Que esta história nunca se acabe”, clamou. Léo Broilo, coordenador do Sarau do Cruzeiro, utilizou a tribuna para retribuir o carinho recebido pelas pessoas da associação. “Precisamos agradecer todo o acolhimento e amor que recebemos da entidade. A Cruzeiro do Sul chega a um ponto que o poder público não chega, conseguindo ajudar na segurança da comunidade, na educação e na saúde”, pontuou.
O coordenador de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial do Município, Ilson Rodrigues, lembrou sua estreita ligação com entidade, que já completa 31 anos. “A coordenadoria está aí para apoiar todas as entidades recreativas e carnavalescas de Novo Hamburgo. Estamos sempre participando e prestigiando os eventos, porque os territórios das escolas são nossos territórios, nossos quilombos”, ressaltou.
O vice-presidente da Cruzeirinho, Deivis da Silva, leu a ata de fundação da instituição para incentivar o retorno às origens como forma de celebração dos feitos da associação. “Quando falamos em sociedade, não podemos deixar de demonstrar o sentimento de gratidão por aqueles que nos antecederam. Temos que entender que uma grande edificação não se sustenta sem uma boa fundação. É isso que faz com que uma sociedade se torne grande e se sustente”, comentou. O presidente da Cruzeiro do Sul, Jailson Barbosa, salientou o empenho de todos os envolvidos com a causa desde 1922. “Nossa história não se constrói sem parcerias e sem apoio. Temos muito que agradecer aos vereadores presentes e a toda esta Casa, que reconhece uma entidade que tem contribuído há décadas para a nossa cidade. E devemos toda essa história aos nossos baluartes. A construção da Sociedade Cruzeiro do Sul que sonhamos depende de nós”, cumprimentou.
Cruzeirinho como patrimônio histórico
Tramita na Câmara de Novo Hamburgo o Projeto de Lei nº 127/2017, de origem do Executivo, que propõe o tombamento da Sociedade Cruzeiro do Sul – Esportiva, Cultural e Beneficente como patrimônio histórico e cultural imaterial da Cidade de Novo Hamburgo. Localizada no bairro Primavera, a associação foi fundada no dia 28 de outubro de 1922 a partir da fusão do clube de futebol Cruzeiro do Sul com o grupo carnavalesco Bloco dos Leões, solidificando-se ao longo de sua trajetória como um espaço de sociabilidade, resistência e reverberação da cultura negra hamburguense. Em sua história quase centenária, a Cruzeirinho acumula sete títulos do Carnaval de Novo Hamburgo, sagrando-se campeã nos anos de 1999, 2003, 2004, 2005, 2011, 2014 e 2015. O projeto já recebeu parecer favorável de duas comissões e está apta para análise em plenário.