Câmara de Novo Hamburgo comemora os 80 anos do colégio Pasqualini

por Luís Francisco Caselani última modificação 04/07/2025 14h04
03/07/2025 – Uma das mais tradicionais instituições públicas de ensino de Novo Hamburgo, o Colégio Estadual Senador Alberto Pasqualini completou esta semana 80 anos de história. E as festividades prosseguem para os atuais alunos, professores e para os milhares de estudantes que percorreram seus corredores e ocuparam suas salas de aula ao longo das últimas oito décadas. Nesta quinta-feira, 3, as comemorações saíram do bairro Hamburgo Velho e chegaram ao Plenário da Câmara. A sessão solene foi proposta pelo vereador Felipe Kuhn Braun (PSDB) e endossada pelos parlamentares e egressos Eliton Ávila (Podemos) e Giovani Caju (PP).
Câmara de Novo Hamburgo comemora os 80 anos do colégio Pasqualini

Foto: Tatiane Lopes/CMNH

Fundado em 1º de julho de 1945 sob o nome de Escola Vocacional Agro Industrial, o Pasqualini se consolidaria na região como referência em educação profissional. Embora descontinuada nos últimos anos, a retomada dos cursos técnicos é um dos principais objetivos do novo corpo diretivo. “Estamos correndo atrás, junto à coordenadoria. Vamos reerguer o Pasqualini e voltar a ser aquela escola renomada”, conclamou a diretora Marília Würch de Paula, que teve seu início de trabalho elogiado por Felipe. “Sob sua gestão, a escola vem fortalecendo os laços com a comunidade escolar e com o poder público, buscando ampliar oportunidades e garantir melhorias estruturais”, afirmou o vereador.

Atualmente, o Pasqualini conta com 29 turmas desde o ano do ensino fundamental até o final do ensino médio. São cerca de 700 estudantes dando vida a um complexo educacional de uma história quase centenária. “O terreno de mais de 11 hectares onde hoje funciona o colégio foi ocupado no século 19 pelo imigrante alemão Maximiliano Fischel, que fundaria uma cervejaria na área. Em 1929, a propriedade foi cedida à Sociedade União Popular, e o local passou a abrigar a formação de professores em regime de internato. Em 1930, foi construído o prédio principal de três andares, que permanece em uso até hoje”, resgatou Felipe, em manifestação reforçada e pormenorizada pela escritora, ex-professora e “biógrafa” do colégio, Diva Walzer Kuhn.

No entanto, em 1939, durante o governo de Getúlio Vargas e o auge da campanha de nacionalização, a instituição foi fechada por motivos políticos, permanecendo desativada durante toda a Segunda Guerra Mundial. Foi apenas com o fim do conflito, em 1945, que a escola retomou suas atividades – um renascimento que marca simbolicamente o início da atual trajetória como Colégio Pasqualini”, explicou Felipe. “A instituição carrega uma história marcada por resistência, transformações e um papel fundamental na formação de milhares de cidadãos, com reconhecido compromisso com a qualidade de ensino e a inclusão social”, prosseguiu o tucano.

Ex-aluno do Pasqualini, o vereador Eliton Ávila lembrou alguns dos professores que fizeram parte de sua trajetória no colégio do bairro Hamburgo Velho. Entre eles, a hoje diretora Marília. Professora de matemática, ela era uma pessoa que sempre nos incentivava muito. E, quando estudamos em uma escola pública, precisamos muito da motivação dos nossos professores para seguirmos em busca dos nossos objetivos. O Pasqualini tem uma simbologia muito grande para mim, porque meu primeiro contato com a política foi no colégio, como líder de turma e presidente do grêmio estudantil. Se hoje ocupo este espaço de representação na cidade, tenho certeza de que uma parte dessa construção se deve ao Pasqualini”, creditou.

Em sua saudação, Giovani Caju contou sobre o “choque de realidade” enfrentado ao sair de uma escola particular e ingressar no hoje octogenário colégio. “Já no primeiro ano, rodei. Porque o ensino era muito mais puxado. Vocês estão em uma escola que tem cultura, que tem vida. Fico triste em ver como ela está, degradada pelo tempo. Mas acredito que, num futuro, o Pasqualini possa retornar a seus tempos áureos. Curtam muito o momento que estão vivendo hoje. Se eu puder dar uma dica, é de que não desistam. Enfrentamos muitas derrotas até iniciarem as vitórias. Precisamos aprender a lidar com frustrações e sermos perseverantes. Assim, vocês alcançarão o que quiserem”, discursou.

Em nome do colégio, Marília Würch agradeceu não apenas a homenagem, mas o apoio prestado pelos vereadores. Celebramos 80 anos de uma instituição que não é só feita de paredes, quadros e livros, mas de histórias, afetos e memórias que atravessam gerações. Como diretora, sinto-me profundamente honrada e grata por fazer parte desta trajetória. Tenho plena consciência da responsabilidade que é conduzir uma escola com tanta história, que formou cidadãos, acolheu sonhos e construiu futuros. Ser diretora aqui é cuidar de um legado. Olhar o passado com respeito, viver o presente com paixão e construir o futuro com esperança”, classificou a educadora.

Responsável pela abertura da solenidade, o presidente da Câmara, Cristiano Coller (PP), agradeceu a presença do público e dos convidados que compuseram a mesa e a tribuna de honra. Com 80 anos de dedicação à educação pública, a escola construiu um legado marcado por tradição, compromisso social e constante evolução. Instalado em um prédio histórico e de grande valor arquitetônico, o Pasqualini sempre se destacou por sua atuação pioneira na oferta de cursos técnicos e por sua preocupação com a formação integral dos alunos. Com um corpo docente qualificado e engajado, tem sido espaço de descobertas, desenvolvimento e transformação de vidas, formando cidadãos críticos, éticos e preparados para os desafios do mundo contemporâneo”, exaltou.

Também presente à sessão, Professora Luciana Martins (PT) revelou ter conversado com alunos que prestigiaram a cerimônia. A eles, questionou o sentimento de estudar em uma escola octogenária. Entre as diversas respostas recebidas, lamentou ouvir sobre as dificuldades enfrentadas por um prédio histórico carente de manutenções mais expressivas. Ainda assim, reforçou que o colégio é construído, acima de tudo, pelas pessoas que a frequentam. “A escola é o local para sermos felizes. E é o lugar que melhora o mundo. Viva a escola. Viva a educação”, enalteceu Luciana.

Diretor de Esporte e Lazer da Prefeitura, estudante do Pasqualini de 2010 a 2012 e também professor da rede municipal, o vereador suplente Rafael Lucas (Podemos) falou sobre a responsabilidade dos educadores com suas turmas e a comunidade escolar. “Temos a missão de conduzir o ensino e a aprendizagem dos nossos estudantes, figuras principais de toda a estrutura da educação. Aproveitem ao máximo a oportunidade de compartilhar esses momentos, dos quais vocês sentirão muita saudade futuramente. Tudo é preparado para vocês. Vocês são o motivo do nosso trabalho diário”, emendou.

Premiada em março com o título de Mulher Cidadã, Diva Walzer Kuhn avaliou o período de 1950 a 2000 como o “esplendor” do educandário ao qual dedicou boa parte de sua vida. “Nesse período, chegamos a ter cerca de 170 professores e mais de 1.900 alunos. Hoje, são 50 docentes e cerca de 700 estudantes. Com as reformas do ensino, a escola perdeu suas características profissionalizantes e, como consequência, tivemos uma decadência de referência cultural. Os que viveram os tempos áureos, porém, nutrem e preservam um amor incondicional pelo colégio, participando continuamente de ações em prol da escola”, comentou a escritora.

Assista na íntegra à solenidade desta quinta-feira:

 

Confira a galeria de imagens (clique na fotografia para conseguir visualizar):

Solene 80 anos da Escola Estadual Alberto Pasqualini