Câmara aprova projeto para regularização de edificações
Conforme o Projeto de Lei Complementar nº 11/2019, o programa será válido para residências e prédios comerciais, industriais ou para prestação de serviços (dentro dos zoneamentos permitidos) concluídos até 29 de abril de 2018 e que apresentem segurança de uso, estabilidade estrutural, higiene, habitabilidade e acessibilidade. Para garantir essas condições, a Administração poderá exigir obras de adequação. O texto determina que os imóveis não serão regularizáveis quando localizados em parcelamentos irregulares do solo, não possuírem acesso a logradouro público, estiverem sobre faixa não edificável ou ainda em áreas de risco, preservação permanente ou na planície de inundação da Bacia do Rio dos Sinos.
O projeto também descreve a documentação necessária para dar início ao processo de regularização e estabelece compensações a serem pagas por contribuintes cujas edificações excedam a metragem definida pelo regramento urbanístico. O somatório de contrapartidas devidas poderá ser quitado em até 12 vezes, com parcelas mensais mínimas no valor de 600 Unidades de Referência Municipal (URMs) – o equivalente, em 2019, a R$ 2.072,10.
Para isso, o contribuinte deverá confessar o débito apurado e assumir formalmente o compromisso de pagamento. O parcelamento terá acréscimo de juros de 1% ao mês, com atualização monetária conforme variação da URM. Os valores arrecadados com as compensações serão destinados ao Fundo Municipal de Desenvolvimento da Cidade (Funcidade). A Certidão de Habite-se Regulatório será emitida após vistoria da regularização, desde que quitadas as taxas, impostos, multas e contrapartidas vinculadas.
Regularização espontânea
Os processos já protocolados para a adequação legal das edificações, mas ainda não finalizados, poderão ser redirecionados conforme a nova lei, se aprovada pela Câmara. Já os contribuintes que regularizarem espontaneamente seus imóveis dentro de 12 meses após a publicação da norma jurídica não precisarão pagar as multas incidentes. Em qualquer caso, edificações com área construída total de até 100 metros quadrados estarão dispensadas de compensações pecuniárias.
O Executivo defende que o projeto atende especialmente a uma demanda de empresas que necessitam do habite-se para a liberação de alvará de funcionamento. “O projeto de lei apresenta um viés inovador, pois permite que o imóvel seja regularizado a qualquer tempo, sem que seja criada uma lacuna temporal. A determinação de um período de tempo tornou a lei de regularização ineficiente em outros municípios”, explica a prefeita Fátima Daudt em justificativa à matéria. Antes de entregue à Câmara, o conteúdo do projeto foi debatido em audiência pública, realizada em junho.
Fala dos vereadores
O vereador Enio Brizola (PT) usou a tribuna para reconhecer que o projeto é bom e resolve, de fato, um dos grandes gargalos da cidade. Além disso, reconheceu o trabalho realizado pela secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Roberta Gomes de Oliveira, e sua equipe técnica. “Temos uma proposta que promove o desenvolvimento da nossa cidade”, apontou.
Sergio Hanich (MDB), líder de governo, ressaltou que há muitos anos as obras irregulares são um problema para Novo Hamburgo. Ele ainda destacou a importância de um bom plano diretor para que problemas como esse não aconteçam em uma cidade. “Parabéns a Roberta, equipe técnica e a Prefeita Municipal. É um mérito de todos os hamburguenses. Estamos dando um grande passo para nossa cidade”, disse.
Raul Cassel (MDB) também frisou que Novo Hamburgo não foi uma cidade planejada. “Este projeto pode não ser o ideal, certamente vão ter exceções, mas a grande maioria da cidade terá a oportunidade de regularizar a situação. Reconheço o esforço do Executivo em trazer esse projeto para cá, que foi alvo de grandes discussões e de uma audiência pública. A cidade avança porque dá menos margem à irregularidade”, sinalizou.
Patricia Beck (PP) parabenizou a secretaria e elogiou o trabalho do vereador Sergio Hanich que, segundo ela, sempre pautou o assunto na Casa. "O nosso plano diretor ainda precisa ser revisto. Este projeto não está mexendo no zoneamento, mas beneficia pessoas que fizeram um puxadinho ou aumentaram uma garagem. Estamos possibilitando que os cidadãos regularizem as edificações construídas em seus terrenos”, disse.
A aprovação em primeiro turno
Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. O resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.